sexta-feira, 27 de novembro de 2009

O ataque de César Benjamin

Por José de Abreu

LN

Onde chega a desgraça humana. Por que na hora não encheu o Lula de porrada? Porque não saiu da campanha? Porque nunca disse nada? Por que dizer isso agora? Deus do céu, onde vamos parar?

Tirem as crianças da sala!

Comentário

A Folha não quis endossar a acusação de César Benjamin e transformar em reportagem. Sabe que o jornal não tem credibilidade para criar escândalos. Deixou, então, que o escândalo aparecesse em um parágrafo de um artigo assinado por César Benjamin. Nele, Benjamin narra sua militância revolucionária. No fundo, um baita nariz de cera como desculpa para o ponto central: uma conversa rápida com Lula, na frente de um marqueteiro americano, na qual ele lhe teria dito que, quando preso no DOPS da Frei Caneca, que abusara de um jovem militante.

Há pontos curiosos na história – que nem pode ser descartada nem endossada a priori. Benjamin não era da intimidade de Lula. Participou da campanha de 1994, mas nunca gozou de proximidade maior com Lula.

Pessoas que convivem há trinta anos com Lula – como Ricardo Kotscho, com quem conversei agora – jamais ouviram falar de tal história. Outro militante da época com quem falei, contou ser comum, em conversa de metalúrgico, contar prosa, casos, exageros. Diz não ser possível acreditar que Lula tivesse feito aquilo.

Poderia ter ocorrido na cela ou em outra cela, com outras pessoas? É possível que Lula tenha narrado o episódio em tom escrachado e Benjamin o tivesse como colocado como o algoz?  É possível, mas quem há de saber?

Sabendo, porque a denúncia não foi feita antes? Há a explicação de que denúncias que não são feitas no momento adequado, desaparecem. Mas porque esse episódio, de tal gravidade, não circulou sequer entre militantes, oposição e jornais ávidos por qualquer escândalo? O fato, se ocorreu, foi em uma cela com muitos presos se acotovelando. Se Lula contou para um quase desconhecido, porque não contaria em bares de São Bernardo, em outros ambientes. E, se contou, como entender que a informação não circulou?

Benjamin é, antes de tudo, um ser político. É evidente que o objetivo da suposta denúncia foi político.

Da Folha

ANÁLISE

Os filhos do Brasil

CÉSAR BENJAMIN

ESPECIAL PARA A FOLHA

(…)  São Paulo, 1994. Eu estava na casa que servia para a produção dos programas de televisão da campanha de Lula. Com o Plano Real, Fernando Henrique passara à frente, dificultando e confundindo a nossa campanha.

Nesse contexto, deixei trabalho e família no Rio e me instalei na produtora de TV, dormindo em um sofá, para tentar ajudar. Lá pelas tantas, recebi um presente de grego: um grupo de apoiadores trouxe dos Estados Unidos um renomado marqueteiro, cujo nome esqueci. Lula gravava os programas, mais ou menos, duas vezes por semana, de modo que convivi com o americano durante alguns dias sem que ele houvesse ainda visto o candidato.

Dizia-me da importância do primeiro encontro, em que tentaria formatar a psicologia de Lula, saber o que lhe passava na alma, quem era ele, conhecer suas opiniões sobre o Brasil e o momento da campanha, para então propor uma estratégia. Para mim, nada disso fazia sentido, mas eu não queria tratá-lo mal. O primeiro encontro foi no refeitório, durante um almoço.

Na mesa, estávamos eu, o americano ao meu lado, Lula e o publicitário Paulo de Tarso em frente e, nas cabeceiras, Espinoza (segurança de Lula) e outro publicitário brasileiro que trabalhava conosco, cujo nome também esqueci. Lula puxou conversa: “Você esteve preso, não é Cesinha?” “Estive.” “Quanto tempo?” “Alguns anos…”, desconversei (raramente falo nesse assunto). Lula continuou: “Eu não aguentaria. Não vivo sem boceta”.

Para comprovar essa afirmação, passou a narrar com fluência como havia tentado subjugar outro preso nos 30 dias em que ficara detido. Chamava-o de “menino do MEP”, em referência a uma organização de esquerda que já deixou de existir. Ficara surpreso com a resistência do “menino”, que frustrara a investida com cotoveladas e socos.

Foi um dos momentos mais kafkianos que vivi. Enquanto ouvia a narrativa do nosso candidato, eu relembrava as vezes em que poderia ter sido, digamos assim, o “menino do MEP” nas mãos de criminosos comuns considerados perigosos, condenados a penas longas, que, não obstante essas condições, sempre me respeitaram.

O marqueteiro americano me cutucava, impaciente, para que eu traduzisse o que Lula falava, dada a importância do primeiro encontro. Eu não sabia o que fazer. Não podia lhe dizer o que estava ouvindo. Depois do almoço, desconversei: Lula só havia dito generalidades sem importância. O americano achou que eu estava boicotando o seu trabalho. Ficou bravo e, felizmente, desapareceu (…)

Por Claudio

LN,

Fui condenado a 3 anos de prisão como dirigente do MEP, em 1977.

Jamais ouvi qualquer comentários similar a este do César Benjamim.

Cheguei ao texto do CB pelo seu site. Fiquei enojado.

Sinceramente? Cheguei a sentir vergonha de ter sido militante de esquerda, ter a mesma faixa etária e a mesma origem social e cultural do CB.

Testemunhei o esforço da esquerda marxista de classe média querendo cooptar o Lula e o sindicalismo do ABC.

Para sorte do Brasil, falhamos.

No auge da novela midiática do mensalão, quando CB deu o governo como favas contadas, chegou a caracterizar a excperiência de Lula Presidente como a maior derrota da esquerda!

Stálin,? Revolução Cultural Chinesa? Queda do Allende? Justiçamento da Garota? Submissão ao Comitern?

Atentados contra a vida de inocentes? Não, nada disso mas sim o Governo Lula.

CB escreve bem, é estudioso, tem condições de contribuir com o debate político brasileiro, mais do que eu.

A única vantagem que creio levar sobre CB é a de não ter me equivocado em relação à luta armada.

Qualquer opção sobre a tal da conversa do Lula é ruim para o CB.

1)Se mentira, é mais uma mentira do Cesinha em nome da sua causa política; ser O comissário do povo.

2) Se foi uma blague, um sarro, uma gozação do Lula, lembrar deste tipo de brincadeira como se fosse uma denúnica é mau caratismo ao estilo McCarthy.

3)Se foi uma fala à vera, retratando uma verdade, o silêncio do CB à época foi um ato de covardia; sua denúncia agora, mero oportunismo.

Esta denúncia repercutirá nos blogs da direita. Pululará nos correntes de emails da extrema direita. Não causará danos políticos.

Os engulhos que senti não vem daí. Vem da reflexão sobre o que motiva uma pessoa estudiosa, inteligente e de esquerda como o CB, tanto quando escreve sem inveja como quando dela é vítima.

Fonte: Luis Nassif Online

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