Mídia comemora cedo demais PIB de 2009

Por Eduardo Guimarães

A mídia saiu comemorando a revisão para baixo do PIB do segundo trimestre ontem pelo IBGE (de 1,9% para 1,1%). No Jornal da Globo, Carlos Alberto Sardemberg e Willian Waack sorriam de orelha a orelha ao comentarem o assunto, dizendo que o governo Lula “escolhe só as comparações com outras economias que nos favorecem”.

Comparando meras previsões para o crescimento econômico deste ano e do ano que vem, o telejornal mostrou uma economia brasileira crescendo pouco acima das latino-americanas tanto em 2009 quanto em 2010 e perdendo feio do crescimento asiático. E relativizou o banho que nossa economia está dando nas economias dos países ricos.

A comparação com China ou Índia é descabida e a comemoração midiática soa bizarra vinda daqueles que, há pouco tempo, deram asas a previsões como a do FMI ou a da Confederação Nacional da Indústria, que chegaram a prever queda de 5% do PIB brasileiro neste ano. Na pior das hipóteses, teremos um PIB estagnado em um ano em que boa parte das Américas e a Europa terão recessão profunda.

Além disso, foi omitido que o otimismo quanto à economia brasileira não é só do governo, mas do mundo e, inclusive, da imprensa internacional, devido ao conjunto de fatores econômicos que extrapolam a mera questão do crescimento.

O resto do mundo analisa o conjunto da obra brasileira, ou seja, a taxa de investimentos na economia, o nível de emprego e perspectivas gerais da economia, fatores que reagiram fortemente no terceiro trimestre enquanto pioraram em toda parte, inclusiva na Ásia.

Além disso, o ritmo de crescimento da economia continuou acelerando-se nos últimos dois meses e deve aumentar ainda mais em dezembro com o décimo terceiro salário, entre outros fatores, o que ainda pode, sim, propiciar ao Brasil um crescimento positivo neste ano. 

Ao tentarem capitalizar politicamente qualquer dado conjuntural desfavorável na economia, Globos, Folhas, Vejas e Estadões vão quebrando cada vez mais a cara quando a realidade acaba desmentindo-os. Foi assim nas previsões malucas sobre uma recessão monstruosa neste ano, inclusive maior do que a que haverá no mundo rico. 

A economia brasileira, em 2009, fez uma curva em “V”, ou seja, submergiu e emergiu com o mesmo ímpeto. E ainda que o PIB fique estagnado neste ano, chegará ao ano que vem num ritmo de recuperação considerado vertiginoso por absolutamente todos os economistas. A própria geração de empregos formais em outubro (cerca de 230 mil) mostra isso.

Não consigo entender o que se passa na cabeça dessa gente. Se a estratégia deles estivesse funcionando, seria compreensível que insistissem nela dessa maneira, mas a recuperação igualmente vertiginosa da popularidade do governo mostra que estão fracassando miseravelmente. Mas se querem assim, tanto melhor.

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