sábado, 15 de maio de 2010

A ÚLTIMA CHANCE – A INTEGRAÇÃO LATINO AMERICANA

Por Laerte Braga

O Departamento de Estado do governo dos EUA – Ministério das Relações Exteriores – através de um dos seus porta-vozes, disse a jornalistas na quinta-feira que a visita do presidente do Brasil, Luís Inácio Lula da Silva, ao Irã será a última chance do governo daquele país aceitar as regras impostas pelas grandes potências, Estados Unidos à frente, contra o seu programa nuclear.

É simples entender isso. O presidente Barack Obama não preside uma nação, ou uma federação de estados associados como pressupõe a constituição dos EUA. É uma espécie de gerente de um conglomerado que envolve grupos sionistas (judeus radicais, não haveria exagero algum dizer judeus/nazistas), empresários de setores estratégicos (armas e petróleo principalmente) e banqueiros.

O bi-partidarismo vigente nos EUA (existem mais de mil partidos regionais, de bairros, etc, mas dois com presença nacional, Democratas e Republicanos) não traz em si nenhuma contradição no que diz respeito à postura imperialista e terrorista desse conglomerado.

É só olhar, com o mínimo de atenção, o que aconteceu e acontece no Iraque, no Afeganistão, na Colômbia, como antes na Coréia, no Vietnã, na antiga Iugoslávia, ou antes ainda, na América Latina.

Nos Estados Unidos vivem 320 milhões de seres humanos. Tomando como referência uma família considerada padrão, quatro pessoas, temos 80 milhões de famílias na maior potência do mundo.

Um relatório do Departamento de Agricultura – Ministério da Agricultura – afirma que os números da fome nos EUA são maiores em 2009 que em 1985. Perto de 15% das famílias de cidadãos daquele país não têm acesso “a um abastecimento de comida adequado”. Isso significa que perto de 12 milhões de norte-americanos vivem em estado crônico de fome.

A população de Cuba é de 11 milhões de habitantes. Ninguém passa fome. Um documentário do cineasta Michael Moore mostra que, além disso, idosos e veteranos de guerra nos EUA, além de negros, latinos, asiáticos, não têm a menor assistência de saúde pública. Um dos planos do presidente Obama é diminuir esse número com um novo modelo de saúde pública. Mas, ainda assim, exclui imigrantes, mão de obra literalmente escrava.

Quando o furacão Katrina destruiu a cidade de New Orleans, importante centro cultural no país, o presidente George Bush – texano – levou 72 horas para tomar medidas de socorro e assistência às vítimas da tragédia. Em Cuba, a cidade de Holguin foi totalmente destruída pelo furacão, nenhuma casa ficou de pé e uma única morte foi registrada.

A mãe de Bush, Barbra Bush, esposa de um também ex-presidente, George Bush, chegou a declarar de forma debochada que as vítimas do Katrina em New Orleans estavam melhores nos acampamentos de emergência “pois aqui comem pelo menos três vezes por dia”.

É a síntese das elites que dirigem esse conglomerado e nem as mudanças no plano de saúde pública que Obama conseguiu aprovar no Congresso, atenuam ou mudam essa situação.

A rede de supermercados WAL-MART anunciou que vai doar dois bilhões de dólares contra a fome nos EUA. Um comunicado da empresa afirma que durante cinco anos a venda de quase 500 milhões de quilos de alimentos em suas lojas vai financiar um programa de distribuição de alimentos através da Sam’s Club, divisão de lojas especializadas em negócios atacadistas.

O anúncio foi feito por Eduardo Castro-Wright, vice-presidente da rede WAL-MART.

Uma única dessas guerras estúpidas e bárbaras calçadas em mentiras (como a das armas químicas e biológicas de Saddam Hussein), mas voltadas para o controle de petróleo, minerais estratégicos e interesses geopolíticos do império, seria o suficiente para que os doze milhões de norte-americanos saíssem da zona da miséria, da fome, por muito mais que os cinco anos do projeto da rede WAL-MART.

E é bem mais simples ainda entender isso. Nem Bush, nem Obama, nenhum deles, antes, o que está, ou os que virão, têm a menor preocupação com o problema. Não afeta aos “negócios”, pelo menos por enquanto.

A decisão do governo do Irã de ter acesso a tecnologia nuclear para fins pacíficos – nem importa que sejam para fins militares, Israel é o agressor na região e dispõe de armas nucleares fornecidas pelos EUA – transforma-se num risco não para norte-americanos, mas para o conglomerado que transformou a nação naquilo que o general – um general – Dwight Eisenhower chamou de “complexo industrial e militar”. Constatação que o escritor John dos Passos havia feito anos antes.

Ao colocar nas mãos do presidente do Brasil e sua viagem ao Irã uma pretensa negociação para que o governo de Ahmadinejad aceite as regras impostas pelos senhores do mundo, o governo de Obama, mais que isso, constrange o presidente Lula, pois não é esse o objetivo da visita de Lula.

Uma declaração feita pelo brasileiro frente à primeira-ministra da Alemanha, quando em visita àquele país e em resposta a uma declaração da senhora Merkel sobre o Irã (também tentando pressionar o Brasil) foi fulminante sobre o assunto – “para que se possa exigir que um país não tenha armas nucleares é preciso não ter armas nucleares, ter moral para isso” – .

Os Estados Unidos por sua história de potência intervencionista, imperialista, por sua postura diante do genocídio perpetrado pelo governo sionista de Israel contra o povo palestino, suas políticas golpistas e terroristas contra governos independentes, por tudo o que representa como império de um dos mais estúpidos modelos políticos e econômicos da história da humanidade, não tem moral, vale dizer fundamentos na verdade, para tentar sanções contra o Irã ou qualquer país livre do mundo (livre do jugo de Washington).

O campo de concentração de Guantánamo, as prisões secretas agora reveladas pela imprensa norte- americana (inclusive porta-aviões usados como tal), os assassinatos de líderes oposicionistas em outros países (um líder do Hamas em Dubai por agentes israelenses com passaportes falsos e confeccionados na Grã Bretanha), os seqüestros, as mortes de contingentes e contingentes de civis nas guerras que travam, toda a sorte de terrorismo travestido de defesa da liberdade e da democracia, é farsa, encobre o mais violento e brutal império – pelo poder brutal de destruição que querem manter exclusivo – de toda a trajetória da humanidade.

Nós, os povos latino-americanos, somos um alvo preferencial dos EUA. Países da América Central e da América do Sul têm importância capital para os negócios do conglomerado. O general Colin Powell, quando das articulações com o ex-presidente do Brasil Fernando Henrique Cardoso para a ALCA – ASSOCIAÇÃO DE LIVRE COMÉRCIO DAS AMÉRICAS – chamou essa parte do mundo de “mercado de um trilhão de dólares”.

Negócios, só negócios. Seres humanos nesse jogo são meros adereços.

As grandes potências da Europa hesitam no ventre da Comunidade Européia em assumir as responsabilidades por países que vivem crises econômicas decorrentes do modelo neoliberal. A perspectiva é que além da Grécia, Portugal, Espanha e Itália venham a necessitar de socorro para evitar a débacle, ao mesmo tempo em que a Bélgica, dissolvida entre duas forças populacionais – flamencos (língua holandesa) e valões (língua francesa), se desintegra como nação (é a sede da Comunidade Européia).

EUA (que inclui México e Canadá como sub-nações) e Comunidade Européia (sustentando Alemanha, Grã Bretanha e França) sobrevivem falidos na exploração de países asiáticos, latino-americanos, africanos, em políticas e guerras de terra arrasada.

São potências, maiores ou menores, que buscam pela força, pela aliança econômica e principalmente militar, manter o mundo de joelhos, submisso aos seus interesses.

O Brasil tem um papel muito maior do que se possa imaginar nesse contexto. E a sobrevivência do nosso Pais como nação soberana, independente, não depende de um porta-voz determinar (a mando de superiores evidente) que Lula seria como que um preposto a dar um ultimato ao Irã.

Não importa nem que nossos militares pensem como norte-americanos, sujeitem-se a norte-americanos (num acordo militar ultrajante para o Brasil e os brasileiros).

Ou que José Collor Arruda Serra tenha tentado privatizar a PETROBRAS em manobra de anos atrás. E o que pretende fazer agora se eleito.

Importa que a integração latino-americana, por conta de nossas histórias, nossos caminhos, nossos ideais, nossos sentimentos de liberdade, seja um fato concreto e efetivo nos próximos anos, sob pena de como o México e o Canadá, ou o Paquistão, ou a Colômbia, virarmos sub-nações, protetorados das grandes potências.

A história conta que a Inconfidência Mineira se deu como conseqüência dos altos impostos, o quinto, cobrado pela coroa portuguesa. Foi uma reação de elites, mas um movimento de independência.

Não é diferente hoje. É o quinto é do passado. EUA querem o Brasil inteiro e o Brasil é chave na América Latina.

Como? Apostam tudo em militares comandados por controle remoto a partir de Washington, elites econômicas podres e apátridas (FIESP/DASLU/CNA, etc), no latifúndio do transgênico nosso de cada dia e materializam essa aposta em José Collor Arruda Serra, funcionário da Fundação Ford, braço do império.

Eleições não vão nos levar ao paraíso. Eleições são instrumentos para conquistas efetivas de um povo, dentre elas maior participação popular no processo de decisões e isso implica em consciência da realidade.

Vivemos a escravidão da mídia controlada pelos EUA. O espetáculo da desintegração do ser humano.

A questão é de sobrevivência e um retrocesso com Arruda Serra vai nos colocar no tempo das diligências.

A própria questão nuclear. Se não houver um desarmamento de países imperialistas e detentores do poder de destruição total, não há porque, a despeito dos nossos militares em sua maioria prestarem continência à bandeira dos EUA, não buscarmos a nossa bomba atômica.

Ou somos uma nação e continuamos a ser, ou seremos de novo colônia.

Se isso acontecer, a eleição de José Collor Arruda Serra, breve nova corte com nova d. Maria a Louca, ou outra Carlota Joaquina passeando por jardins e terras nacionais enquanto carregamos liteiras para sustentar impérios.

Yes, we cant foi o slogan de Obama. “Sim nós podemos mais” é a adaptação de Arruda Serra.

Lula não vai dar a última chance ao Irã e nem pode sob pena de trair seus próprios princípios, ao que tem dito sobre o assunto. E a integração latino-americana tem que ser a nossa resposta a um império onde 12 milhões de pessoas não têm o que comer. Mas é capaz de destruir o mundo duzentas vezes se preciso for.

Ou comprar a mídia podre (GLOBO, VEJA, FOLHA DE SÃO PAULO, etc), partidos inteiros (PSDB, DEM, PPS, etc) e se fartar em elites corruptas, venais, sintetizadas na ostentação FIESP/DASLU.

É uma questão de sobrevivência.


Fonte: Grupo Cidadania Brasil

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