quinta-feira, 7 de abril de 2011
quarta-feira, 6 de abril de 2011
Dilma dribla mídia e começa a devolver a Vale ao Brasil
Em três meses apenas, Dilma Rousseff fez o que Lula passou anos querendo fazer.
Retomar – não a propriedade, que Fernando Henrique entregou na bacia das almas – mas o papel da Vale como indutora do desenvolvimento brasileiro.
E, para isso, era preciso acabar com o reinado de Roger Agnelli, o homem que queria vender cada vez mais rápido maiores quantidades de minério, não pensava em investir no seu beneficiamento e transformação em aço e, ainda por cima, não tinha uma política de compras interna, como demonstrou na compra de 12 navios gigantes – cada um deles maior que o morro Pão de Açúcar - na China, sem um parafuso feito aqui.
O esquadrão midiático de Agnelli foi solenemente driblado.
Primeiro, quis fritar o Ministro Guido Mantega por ter conversado com Lázaro Brandão, presidente do Bradesco e acionista de verdade da Valepar, controladora da Vale. Mesmo com sua bufunfa de R$ 1,3 milhão por mês, Agnelli não tem ações para escolher sequer o chefe do setor de zeladores do prédio da Vale.
Depois, quis apresentar a mudança como um “aparelhamento da Vale” e os únicos sinais concretos de promiscuidade política da Vale vieram do próprio Agnelli, que armou uma operação com o DEM para atacar o Governo, e o fato de se ter lá dentro uma todo-poderosa senhora que entrou pela janela tucana na empresa e, como braço de ferro de Agnelli, “enquadra” na vontade de funcionários a diretores da empresa.
Perdido Agnelli, tentaram enfiar na Vale o nome de sua preferência. Quietinha, a mineira Dilma deixou que dessem por escolhido o substituto. Na hora H, emplacou uma solução técnica, vinda de dentro da própria empresa ,o ex-funcionário da Vale e membro de sua diretoria, Murilo Ferreira, um excutivo com quem a Presidenta já teve muito contato quando Ministra das Minas e Energia.
Claro que se trata de um profissional de mercado, experiente e capaz. Mas dirigir uma empresa como a Vale requer mais que simples competência técnica. Exige visão estratégica da empresa e do país. E capacidade política de perseguir estes objetivos.
Os jornalistas de mercado adoram falar nas virtudes da sinergia, isto é, na capacidade de duas instituições multiplicarem seus resultados agindo em sintonia.
E curioso que não falassem nunca em quanto a empresa e o país perdiam com a ação de Agnelli em desalinho com as macropolíticas econômicas brasileiras.
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A direita midiática levou um competente drible e caiu sentada no chão.
A opinião pública, entre o velho e o novo
- A decadência irreversível da velha mídia e o surpreendente surgimento
de novas modalidades de formação democrática da opinião pública
Atribuem à internet – sua velocidade, seu caráter interativo, sua “irresponsabilidade” (“Qualquer um pode escrever...”, tipo Cansei) – a decadência da imprensa escrita. Claro que isso tem parte da verdade. Quem lê no dia seguinte o que já tinha ido na internet no dia anterior – às vezes lê nos jornais 2 dias depois de ter lido na internet -, tem uma sensação de tempo perdido, de notícia requentada, de um mundo superado pela rapidez virtual.
Além de que a internet, nas suas distintas modalidades, supera um dos problemas que permitiu o monopólio privado de algumas famílias, que pretendiam ser donas da formação da opinião pública, porque o investimento necessário para publicar um jornal ou uma revista é muito grande, enquanto que na internet é bastante pequeno ou quase nenhum.
A internet tornou-se assim um forte instrumento de democratização na circulação de informações, rompendo a fonte única e homogeneizadora das agências, assim como na interpretação dos fatos. A agenda nacional passa a ser disputada à velha mídia pelas novas formas, pluralistas, de expressão midiática, na internet.
Mas a razão de fundo da decadência irreversível da velha mídia está na sua falta total de credibilidade. A ponto de que atacaram implacavelmente o governo Lula e chegaram ao final de 8 anos com apenas 4% de rejeição do governo e 87% de apoio, o que vale também para medir a capacidade de influência da velha mídia sobre o povo brasileiro.
O melhor sintoma da decadência irreversível da imprensa escrita está na ausência dos jovens entre seus leitores, projetando a desaparição dessa modalidade de imprensa em um futuro não muito distante – porque se tornará inviável economicamente, depois de se tornar politicamente intranscendente.
Quando o jornal da ditabranda, dos carros emprestados à Oban e do “espectro do comunismo” me propôs escrever o artigo principal da página 3 em um domingo – em um reconhecimento claro que jornalistas seus tinham cometido graves erros que aumentam ainda mais a falta de credibilidade do jornal -, eu respondi que não me interessava. Que um artigo escrito em um blog, multiplicado pelos que os reenviam, mais seus ecos nos twitters e nos facebooks, além do twitcam, consegue muito mais leitores que um artigo em um jornal. Além de chegar aos jovens e aos setores dinâmicos da sociedade. Pesquisas mais recentes feitas pelo próprio jornal demonstram como seus leitores hoje são, em sua grande maioria, tucanos (os petistas abandonaram a leitura do jornal), dos grupos A e B, que representam a minoria da sociedade, com ausência absoluta de leitores jovens. Para a empresa interessa, porque são setores de maior poder aquisitivo, o que chama publicidade, mas se distanciaram ainda mais do Brasil real.
O jornal é muito chato, desinteressante, requentado, com cronistas que pararam nos ano 90, jurássicos, que se negam a acreditar que o país mudou, parecem todos iguais, repetem velhões chavões. Alguns jovens de idade, envelheceram prematuramente, incorporaram um ceticismo decadente, que chega rapidamente ao cinismo. Ficaram com os velhos tucanos como leitores, gente sem interesse e sem influência. Dai que tenham um caderno que se pretendem cultural que não é lido por ninguém, nem por eles mesmos.
Eu respondi à oferta que prefiro escrever aqui, propondo que a direção do jornal – que me ligou diretamente – mandasse um texto com suas opiniões, com o compromisso que seria publicado integralmente – o que eles não fazem -, mas que teriam que receber as opiniões dos leitores – interatividade a que eles não estão acostumados. Claro que não mandaram, odeiam a internet, estão irremediavelmente auto-excluidos do futuro da formação democrática da opinião pública.
Mas a velha mídia ainda constitui uma espécie de Exército regular- pesados, caros, lentos -, enquanto nós agimos com métodos de guerrilha, de estocadas, valendo-nos da mobilidade, da surpresa, da criatividade, do humor. Essa a grande batalha democrática entre o velho - que tenta sobreviver, com grandes dificuldades - , e o novo – que busca, com enormes esforços –criar os espaços democráticos e pluralistas que o novo Brasil requer.
Emir Sader / Agência Carta Maior
terça-feira, 5 de abril de 2011
Estreia "Amor e Revolução" - Hoje 22:15h no SBT
Estréia hoje, às às 22:15h, a novela "Amor e Revolução" que retratará a ditadura militar no Brasil, fato inédito na história das telenovelas brasileiras.
O início da novela acontece após 47 anos do golpe que modificou profundamente a trajetória política do Brasil. A trama pretende retratar as décadas de 60 e 70, e promete cenas fortes, como pode ser checado no trailer - eu diria, bem impactante, que pode ser visto em http://www.youtube.com/watch?v=8jIGzXzvZvg
Vale a pena conferir...realmente, pelo trailer, está prometendo...
Segundo o Blog por Simas, "para exibir ao final de cada capítulo, a emissora gravou depoimentos de militantes de esquerda como José Dirceu e Luiz Carlos Prestes Filho (a presidente Dilma Rousseff recusou o convite). Mas nenhum militar ou apoiador do regime aceitou até agora gravar seu depoimento, segundo o autor Tiago Santiago (o mesmo da novela “Os Mutantes”). “Tentamos falar com Delfim Neto, Jarbas Passarinho, Nilton Cruz e outros, mas ninguém aceitou”, conta.
Santiago recebeu um e-mail da mulher do coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra, comandante do DOI-Codi (órgão de repressão à luta armada) de 1970 a 1974, criticando a proposta da novela. O autor convidou Ustra a depor, mas o coronel recusou, alegando ter medo de ter seu discurso alterado na edição. O próximo passo é oferecer a Ustra e outros ex-militares a possibilidade de ver e aprovar seus depoimentos editados antes de ir ao ar.
“O espaço do depoimento na novela não é só da esquerda, está aberto a todos os segmentos da sociedade. Quem se sentir prejudicado, pode nos procurar que terá o mesmo espaço para responder”, disse na coletiva o diretor Reynaldo Boury. “Amor e Revolução”, que estreia no dia 5 de abril, contará a história de amor entre Maria Paixão (Graziella Schmitt), uma líder do movimento estudantil, e José Guerra (Cláudio Lins), um capitão do Exército que discorda dos rumos da ditadura. O elenco reúne ex-estrelas da Globo como Lúcia Veríssimo, Isadora Ribeiro, Luciana Vendramini, Jayme Periard e Cláudio Cavalcanti.
Em 1995, Santiago ofereceu a sinopse à Globo que recusou – três anos antes, a emissora tinha exibido a minissérie “Anos Rebeldes”. “Essa seria a minha próxima novela na Record, mas acabei vindo para o SBT e o projeto deu certo aqui”, diz Santiago. Ao contr rio de sua novela anterior, “Uma Rosa com Amor”, que estreou com 100 capítulos gravados, “Amor e Revolução” tem até agora só 40 capítulos escritos e 24 gravados. Com isso, o SBT vai fazer pela primeira vez as pesquisas de opinião com espectadores – para saber, por exemplo, se o público está achando muito violentas as cenas de tortura. “Mas como é o horário das 22h15, acho que podemos apostar em algumas cenas mais fortes”, diz o autor."
Com informações de Gilberto de Azevedo Continue lendo >>