sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Grupo de católicas: Fala do Papa sobre eleição é desrespeito

Dayanne Sousa

O grupo Católicas pelo Direito de Decidir divulgou nesta sexta-feira (29) uma nota em que critica o Papa Bento 16 por pregar o envolvimento de religiosos nas eleições. "Trata-se de um caso de desrespeito total à laicidade do Estado", ataca o texto.

Falando a bispos do Maranhão que faziam uma visita, o Papa cobrou uma ação dos religiosos brasileiros na campanha política contra o aborto. Bento 16 afirmou que "os pastores têm o grave dever de emitir um juízo moral, mesmo em matérias políticas". Defendeu ainda que "quando os projetos políticos contemplam aberta ou veladamente a descriminalização do aborto ou da eutanásia, o ideal democrático é atraiçoado".

Em resposta ao discurso papal, a entidade de mulheres católicas afirma que o Pontífice não poderia falar em democracia sendo ele "o chefe maior de uma Igreja que segue mantendo uma estrutura pré-moderna e piramidal e patriarcal". "Falar, orientar seus fiéis ou quadros religiosos, não significa tornar-se impositivo, e infringir a lei para disseminar suas ideias", arremata.


Leia a nota na íntegra

O Papa em sua última declaração, dirigida diretamente aos bispos brasileiros afirmou que os projetos políticos que contemplam a descriminalização do aborto ou da eutanásia traem o ideal democrático. Esse é o mesmo Papa que quando responsável pela Congregação da Doutrina da Fé, condenou a Teologia da Libertação por considerá-la "política". 

Nossa perplexidade: Como o chefe maior de uma Igreja que segue mantendo uma estrutura pré moderna e piramidal e patriarcal pode falar em democracia? Como cobrar democracia dos Estados e líderes políticos, se a Igreja Católica ignora as vozes de seus/as fiéis que há tempo vem pedindo o direito de escolher seus bispos? Só é eficaz a exigência da democracia por parte de quem a vive como um ideal. 

Democracia inclui o direito de opinar sobre os temas de interesse coletivo. No debate democrático se constroem posições de consensos ou se mantém o dissenso, mas todos/as têm o direito de falar. O Papa, assim como o Rabino, a Mãe de Santo, o Pastor, o Monge Budista e todos/as representantes religiosos devem ser ouvidos e tratados com igual importância. Falar, orientar seus fiéis ou quadros religiosos, não significa tornar-se impositivo, e infringir a lei para disseminar suas idéias, desde que essas orientações dirijam-se unicamente aos fiéis daquela igreja. Mesmo assim, há que respeitar a liberdade de consciência de cada cidadão/ã que deve votar a partir de suas próprias convicções. A escolha cidadã não pode ser tutelada. O bispo de Guarulhos, D. Luiz Bergonzini infringiu os princípios democráticos, a laicidade do Estado ao divulgar os 2 milhões de panfletos contra a candidata do atual governo. Tentou interferir diretamente na consciência eleitoral da população católica. No Brasil há mais de cem anos, vivemos um regime de separação entre igreja e Estado, isso deve ser respeitado. Será que o bispo D. Luiz Bergonzini agiu de forma democrática? O Papa entende que isto é democracia? 

Há questões que correspondem tão somente aos/às cidadãos/ãs de um país. Eleição é uma delas. Trata-se de um princípio tão fundamental e "sagrado" da democracia que organismos como a ONU enviam seus representantes para que zelem pela retidão de processos eleitorais em países fragilizados do ponto de vista da democracia. Como pode então um chefe de outro Estado, que também é chefe religioso de uma igreja interferir em processos políticos do nosso país? Trata-se de um caso de desrespeito total à laicidade do Estado! 

O Papa também fala da promoção do bem comum. Quais são os critérios e valores utilizados para definir o "bem comum"? Diminuir o índice de mortalidade materna provocado por abortos clandestinos e inseguros não faz parte do "bem comum"? 

Nós, Católicas pelo Direito de Decidir - parte desta Igreja formada pelo povo de Deus- vimos a público manifestar nossa divergência com a orientação papal. Afirmamos nossa fé, e entendemos que ser católico/a é ser fiel à própria consciência, um chefe religioso não pode interferir na liberdade de consciência. Esse é um princípio básico do Cristianismo. Jesus também falou aos homens do templo, não se conformou com os hábitos e vícios da hierarquia judaica e é a Ele, que nós seguimos.

Fonte: Bob Fernandes / Terra Magazine 
 

Continue lendo >>

quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Carta Maior: Folha de S. Paulo vive de rabo preso com o passado

Qual pode ser o interesse da empresa Folha de São Paulo em colocar suas mãos no prontuário de Dilma Roussef, guardado no Supremo Tribunal Militar? Boa coisa não é. A Folha, que deu carros para o DOI-CODI (Operação Bandeirante) armar ciladas e para transportar presos políticos para longas sessões de torturas não tem boas intenções. Essa empresa já publicou uma “ficha da Dilma” forjada pelos torturadores abrigados e escondidos em sites e blogs de difamação e insulto à democracia. Será que tem mais dessas “fichas da Dilma” para apresentar em seu currículo político? O artigo é de Ivan Seixas.
Sempre suspeita, Folha vive de rabo preso com o passado.

Qual pode ser o interesse da empresa Folha de São Paulo em colocar suas mãos no prontuário de Dilma Roussef, guardado no Supremo Tribunal Militar? Boa coisa não é.

A Folha, que deu carros para o DOI-CODI (Operação Bandeirante) armar ciladas e para transportar presos políticos para longas sessões de torturas não tem boas intenções. Ela financiou e se beneficiou com a ditadura e acha que aquilo tudo foi uma “ditabranda”.

Como acreditar em algo que parta dessa empresa que cedeu um de seus jornais para o mesmo DOI-CODI usar como panfleto em defesa de seus assassinatos?

Essa empresa e essa família foi protegida pelo DOPS, que colocou o Delegado Roberto Ward como seu segurança particular, quando a esquerda queimou carros de entrega de jornais (aqueles carros que armavam ciladas e transportavam presos para torturas) como alerta de que a colaboração com os assassinos do DOI-CODI havia sido detectado. Seus interesses nunca foram os da sociedade brasileira.

E agora essa empresa, que nunca pediu desculpas pelo trabalho sujo que prestou aos torturadores, faz um cavalo de batalha para ter o “direito” de colocar suas mãos na ficha da candidata Dilma Roussef, às vésperas da votação do segundo turno da eleição presidencial. Nunca apoiou a abertura dos arquivos da repressão militar e agora fala em liberdade de imprensa? Muito suspeito.

Essa empresa já publicou uma “ficha da Dilma” forjada pelos torturadores abrigados e escondidos em sites e blogs de difamação e insulto à democracia. Será que tem mais dessas “fichas da Dilma” para apresentar em seu currículo político?

Ou talvez, produzirá alguma matéria com “a intenção de planejar o sequestro” de alguma figura do passado ainda atuante como fez com a suposta intenção de sequestro de Delfim Neto. Esse é seu estilo. Pegar uma possibilidade e transformá-la em matéria sensacionalista. Sempre a serviço de alguma manobra não explicitada.

O Supremo Tribunal Militar mantém sua posição republicana de não beneficiar ardis eleitorais em benefício ou em detrimento de quem quer que seja. A empresa Folha de São Paulo não comunga de ideais democráticos e republicanos quando insiste abertura seletiva da “ficha da Dilma”. Claro que há segundas intenções nessa manobra oportunista. Pode ser “apenas” vender jornais, mas pode ser algo mais sujo. Como ceder carros para torturadores, ceder um de seus jornais para esses mesmos carrascos, divulgar documentos forjados, defender a ditadura como se fosse ditabranda ou …

Irremediavelmente, a empresa dos Frias está de rabo preso com seu passado sórdido. A gente até que tenta ajudar na atualização da empresa, mas ela não quer.

(*) Integrante da Comissão de Familiares de Mortos e Desaparecidos Políticos, filho de Joaquim Alencar de Seixas, militante do Movimento Revolucionário Tiradentes (MRT) morto em 17/04/1971. Ivan Seixas foi preso pela Operação Bandeirantes, em São Paulo, em abril de 1971, aos 16 anos de idade, junto com seu pai, o metalúrgico Joaquim Seixas. Os dois foram torturados na Oban. Ivan é jornalista e coordenador do primeiro forum de presos e perseguidos políticos de SP.


Fonte: Agência Carta Maior

Continue lendo >>

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Quatro dias de fúria midiática – forjando a bala de prata

A fúria midiática foi surpreendida por pesquisas mostrando prejuízo para José Serra depois do factóide da suposta “agressão petista” que teria sofrido em comício na zona Oeste do Rio. Pelo visto, o aumento da vantagem de Dilma Rousseff detectado pelos institutos Datafolha, Ibope, Sensus e Vox Populi se deveu à descrença popular na encenação do tucano e na “prova”, forjada pela Globo, de uma segunda “agressão” naquele evento, ou ao aborto de Mônica Serra.

Outro factóide que pôs a fúria midiática em stand by no início da semana foi matéria publicada pela Folha de São Paulo ontem, que mostra que há muito mais de racionalidade nessa fúria – ou em parte daqueles que ela move – do que poderia supor a nossa vã filosofia. Surpreendentemente, a matéria foi sobre o imperscrutável governo paulista, com as suas montanhas de escândalos eternamente encobertos inclusive pelo jornal que surpreendeu.

Se a Folha quisesse mesmo investigar as escandalosas obras do metrô paulistano, obras que tiveram agora, surpreendentemente, uma de suas concorrências viciadas denunciada pelo diário mais chapa-branca paulista, teria que se manter no assunto por meses.

Surpreendentemente, o assunto ainda está em pauta ao menos no jornal que fez a primeira  denúncia que afeta Serra negativamente que a imprensa de São Paulo publicou em muitos meses, em contraposição às denúncias diárias que faz ao governo Lula há quase oito anos ininterruptos. Mais fácil do que crer em uma súbita conversão ao jornalismo por parte do jornal paulista, portanto, é supor que nesse mato tem coelho.

Da última vez que a Folha divulgou algum fato mais negativo para tucanos foi no fim de 2009, quando, depois de 18 anos, noticiou o filho secreto do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso com uma jornalista da Globo, fato que simboliza a promiscuidade entre tucanos e mídia como nenhum outro. E essa divulgação serviu para justificar um ataque hediondo que Lula recebeu daquele jornal, que colocou um desafeto do presidente para lhe fazer uma das acusações mais imundas que já lhe foram feitas, a do “menino do MEP

Não parece exagero ou teoria conspiratória, portanto, prever que a divulgação sobre uma das muitas maracutaias que todos sabem que ocorre no governo paulista tenha tido como objetivo justificar o disparo da verdadeira bala de prata que está sendo forjada para tentar ajudar Serra a derrotar Dilma, pois, apesar de a mídia ter repercutido muito discreta e sobriamente o escândalo do metrô de São Paulo, o que denunciar contra Dilma será martelado até que as urnas sejam desligadas no próximo domingo.

A verdadeira bala de prata a ser disparada contra Dilma nesta eleição talvez seja o produto da ação do jornal paulista na Justiça Militar que tenta extrair de lá os arquivos da ditadura sobre Dilma, nos quais obviamente ela foi acusada de toda sorte de crimes para justificar as sevícias e o encarceramento que sofreu aos 19 anos de idade.

Ou talvez esteja no conteúdo do excelente trabalho investigativo que o repórter da Rede Record Rodrigo Vianna vem fazendo nestas eleições e que deu conta de que estaria sendo preparado um ato de violência por sequazes da campanha de Serra vestindo camisetas do PT, na linha do que este blog também supôs recentemente.

Ou, finalmente, talvez seja algum ataque mais pessoal a Dilma, sem relação com a sua militância na ditadura ou com algum suposto ilícito, mais na linha da moralidade, como demonstraram os boatos sobre aborto ou lesbianismo.

Só há uma certeza em todas as cabeças, seja de tucano, de petista ou da torcida do Corinthians: alguma armação contra Dilma a direita midiática está preparando, e é tão virulenta que foi necessário finalmente fazer alguma denúncia a Serra para Justificar o que será feito contra a adversária dele. É uma certeza oriunda da observação de oito anos de rancor midiático, ora convertido em fúria.

Fonte: Blog Cidadania.com

Continue lendo >>

27 de outubro de 1945

Há exatos 65 anos, em 27 de outubro de 1945, no interior de Pernambuco nascia um homem que mudaria a história de um país que chegou destroçado aos primórdios do século XXI. Luiz Inácio da Silva, que mais tarde teria o hipocorístico “Lula” acrescido ao nome, chega à data de hoje nas asas de uma trajetória de vida na qual poucos acreditariam se o nosso presidente não tivesse se tornado o brasileiro mais famoso da história, ao lado de Pelé.

Este blogueiro não hesita em confessar a sua admiração por esse homem. E nem tanto por sua impressionante trajetória, mas por um feito que ele logrou perpetuar na história e que muitos outros poderiam ter logrado, bastando que, como fez o filho mais ilustre de Garunhuns (ou de Caetés), tivessem simplesmente governado para todos.

O feito de sair da tragédia social em que foi gerado para se tornar presidente da República é emocionante, é impressionante, mas nem se compara ao desprendimento de Lula de ter sofrido tudo o que sofreu nas mãos da alucinada elite brasileira quando teria sido tão mais fácil governar para poucos e sair do poder exaltado pela mídia como aconteceu – e continua acontecendo – com Fernando Henrique Cardoso.

Por essa abnegação, nutro por Lula um respeito e um carinho que lamentavelmente jamais pude expressar ao próprio e que certamente jamais poderei, pois há muitos em seu entorno mais merecedores de tal honraria, além de a fila dos candidatos comuns como eu mesmo a tal outorga ser tão extensa que, para concedê-la a todos, nosso presidente teria que viver várias vidas.

Hoje é o aniversário de Lula, do ser humano vivo que mais admiro. Quero tanto presenteá-lo, mas não saberia o que dar a um homem para quem a vida deu tudo depois de privá-lo de tanto em seus primeiros anos. Então decidi escrever um texto que ele jamais lerá, mas que ficará imortalizado na internet para que um dia, num futuro distante, os estudiosos de nossa época saibam o quanto aquele lendário líder político foi amado por seu povo.

Parabéns, presidente Lula. Muitas felicidades e muitos anos de vida a V. Excia. São os votos de Eduardo Guimarães e família.

Fonte: Blog Cidadania.com

Continue lendo >>

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Ofertório eleitoral (Editorial da Folha de São Paulo)

Como está sendo distribuído em várias cidades um folheto com propaganda política do candidato do PSDB José Serra, onde ele faz promessas mirabolantes, tais como Salário Mínimo de 600 reais; 10% de aumento para aposentados; moradia para favelados; ampliar o Bolsa Família e economia forte com mais emprego, achamos oportuno publicar o editorial de hoje da Folha, também repercurtido no Blog do Noblat, ambos declaradamente favoráveis a Serra mas, nem por isso, deixaram de negar o óbvio.

“O candidato do PSDB à Presidência da República, José Serra, nunca comungou com os tucanos ortodoxos que conduziam a economia no governo FHC. 

Na campanha de 2002, porém, jurou sobre o cânone de responsabilidade fiscal do cardinalato do Plano Real, em nome da continuidade. Agora, pela mesma razão, mostra-se pronto a abjurar o credo com ímpetos de iconoclasta. 


Multiplicam-se as promessas de aspecto populista na campanha tucana. O Bolsa Família se estenderia a mais 15 milhões de famílias (hoje são 13 milhões) e contemplaria idosos e mais vulneráveis com um 13º benefício mensal. 


O salário mínimo subirá para R$ 600 já no ano que vem. Pensões e aposentadorias do INSS terão aumento de 10%. 


A motivação eleitoral parece óbvia. Serra enfrenta o desafio de concorrer com a candidata petista, Dilma Rousseff, ungida pela popularidade inédita de um presidente que, em oito anos, de fato logrou transferir renda para as camadas mais pobres e incluir milhões no mercado. Além disso, a candidata não faz por menos: promete simplesmente erradicar a miséria do país. 


O tucano optou por apresentar-se como continuador e amplificador pragmático das políticas sociais do lulismo. Pouco importa de onde sairá o dinheiro. São R$ 46,2 bilhões adicionais já em 2011, como demonstrou ontem reportagem nesta Folha: R$ 17,1 bilhões para o mínimo, R$ 15,4 bilhões para aposentadorias e R$ 13,7 bilhões para Bolsa Família. 


Ora, isso representa uma vez e meia tudo o que a União investiu em infraestrutura -estradas, portos, aeroportos e outras obras do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento)- em 2009. Ou, em outros números, 2,5% do orçamento federal para este ano. 


Trata-se de comprometer fatias crescentes da receita com medidas que podem retirar capacidade de investimento do Estado e pressionar as finanças públicas. Não é o que se espera de um político como Serra, que em sua vida pública tem se comprometido com o desenvolvimento e a responsabilidade fiscal.”


Fonte: Blog do Noblat

Continue lendo >>

terça-feira, 19 de outubro de 2010

Jornalista mostra que promessas de Serra são impraticáveis e contraditórias

André Siqueira, sub-editor de Economia da Carta Capital, fez as contas e mostra que Serra não tem como cumprir as promessas de elevar o salário mínimo para 600 reais, instituir 13° para o Bolsa Família e reajustar em 10% as aposentadorias. Ele teria que rasgar a cartilha de gestão pública do PSDB e nem assim conseguiria. Mesmo fazendo um corte drástico de 30% nos gastos federais, Serra só conseguiria metade do dinheiro necessário para cumprir suas promessas.“E ele continua a criticar o endividamento público. Ao mesmo tempo em que promete elevar gastos sociais, ampliar investimentos e cortar impostos. Como, José?”, indaga Siqueira.
O jornalista André Siqueira, sub-editor de Economia da revista Carta Capital, decidiu fazer algumas contas e demonstrou objetivamente que o candidato à presidência da República do PSDB, José Serra, não tem como cumprir uma série de promessas que vem fazendo na campanha eleitoral. Em primeiro lugar, Serra teria que rasgar a cartilha de gestão pública de seu partido, que critica os gastos públicos do governo Lula. E nem assim o tucano conseguiria elevar o salário mínimo para 600 reais, instituir um 13° pagamento para o Bolsa Família ou reajustar em 10% as aposentadorias. “É de causar espanto a falta de olhar crítico da mídia para as promessas do candidato José Serra, impraticáveis diante dos paradigmas de gestão tucanos”, escreve Siqueira. Trata-se de um devaneio do candidato, acrescenta.

Vamos aos números analisados por André Siqueira:

“Consta no Orçamento de 2011 a proposta de elevar o salário mínimo para 538,14 reais. Serra propõe desembolsar 61,86 reais a mais por assalariado, para atingir os 600 reais. Apenas essa promessa de campanha custaria, portanto, 12,3 bilhões de reais. O montante é próximo ao orçamento total do programa Bolsa Família, atualmente em 13,7 bilhões de reais. Aliás, criar uma parcela a mais para o programa acrescentaria 1,14 bilhão de reais ao cálculo – em valores correntes. Finalmente, há o reajuste dos benefícios da Seguridade Social. Nesse caso, apelo ao cálculo do economista do Ipea, Marcelo Caetano, que avaliou em 6,2 bilhões de reais o esforço adicional exigido pelo presente oferecido pelo tucano aos aposentados e pensionistas”.

No total, assinala o jornalista da Carta Capital, as promessas de Serra custariam cerca de 19,6 bilhões de reais aos cofres públicos. André Siqueira consultou, então, o especialista em contas públicas, Amir Khair, ex-secretário de Finanças de São Paulo, para indagar sobre a viabilidade das promessas de Serra, que batem de frente, sempre é bom lembrar, com as críticas que o próprio candidato e seu partido fazem ao que consideram ser “excesso de gastos” do governo Lula. Em primeiro lugar, Khair lembra que o gasto federal corresponde a uma parcela de 43% dos desembolsos totais do setor público. O restante fica a cargo das prefeituras e estados. Em segundo, assinala, cerca de 80% do orçamento federal está legalmente engessado com salários e outras obrigações constitucionais.

Considerando a pouca margem de manobra que resta ao Executivo, Khair imagina que um “choque de gestão”, - a receita preferida do PSDB – permitiria um corte de aproximadamente 30%. Seria um “sacrifício extraordinário”, diz o economista, e equivaleria a 2,58% do gasto público nacional, algo em torno de 9,9 bilhões de reais. Ou seja, mesmo se fizesse isso, Serra estaria conseguindo apenas a metade dos recursos necessários para cumprir suas promessas de aumentar o salário mínimo para 600 reais, de reajustar em 10% as aposentadorias e de conceder um 13° pagamento ao Bolsa Família. “E ele continua a criticar o endividamento público. Ao mesmo tempo em que promete elevar gastos sociais, ampliar investimentos e cortar impostos. Como, José?”, indaga o jornalista.


Fotos: Blog do Kayser (http://blogdokayser.blogspot.com)

Fonte: Agência Carta Maior 
 

Continue lendo >>

domingo, 17 de outubro de 2010

Candidatura Serra é retrocesso, dizem professores universitários

"Sob o governo Serra, a Universidade de São Paulo foi invadida por policiais armados com metralhadoras, atirando bombas de gás lacrimogêneo. Em seu primeiro ato como governador, assinou decretos que revogavam a relativa autonomia financeira e administrativa das Universidades estaduais paulistas. Os salários dos professores da USP, Unicamp e Unesp vêm sendo sistematicamente achatados, mesmo com os recordes na arrecadação de impostos. Numa inversão da situação vigente nas últimas décadas, eles se encontram hoje em patamares menores que a remuneração dos docentes das Universidades federais", diz manifesto assinado por professores universitários.

Um grupo de professores universitários lançou um manifesto em defesa da educação pública. O documento denuncia o que representaram os anos FHC para o ensino superior e o que José Serra fez com a educação pública de São Paulo, no curto período em que governou o Estado. A íntegra do manifesto é a seguinte:

Nós, professores universitários, consideramos um retrocesso as propostas e os métodos políticos da candidatura Serra. Seu histórico como governante preocupa todos que acreditam que os rumos do sistema educacional e a defesa de princípios democráticos são vitais ao futuro do país.

Sob seu governo, a Universidade de São Paulo foi invadida por policiais armados com metralhadoras, atirando bombas de gás lacrimogêneo. Em seu primeiro ato como governador, assinou decretos que revogavam a relativa autonomia financeira e administrativa das Universidades estaduais paulistas. Os salários dos professores da USP, Unicamp e Unesp vêm sendo sistematicamente achatados, mesmo com os recordes na arrecadação de impostos. Numa inversão da situação vigente nas últimas décadas, eles se encontram hoje em patamares menores que a remuneração dos docentes das Universidades federais.

Esse “choque de gestão” é ainda mais drástico no âmbito do ensino fundamental e médio, convergindo para uma política de sucateamento da Rede Pública. São Paulo foi o único Estado que não apresentou, desde 2007, crescimento no exame do Ideb, índice que avalia o aprendizado desses dois níveis educacionais.

Os salários da Rede Pública no Estado mais rico da federação são menores que os de Tocantins, Roraima, Rio de Janeiro, Mato Grosso, Espírito Santo, Acre, entre outros. Somada aos contratos precários e às condições aviltantes de trabalho, a baixa remuneração tende a expelir desse sistema educacional os professores qualificados e a desestimular quem decide se manter na Rede Pública. Diante das reivindicações por melhores condições de trabalho, Serra costuma afirmar que não passam de manifestação de interesses corporativos e sindicais, de “tró-ló-ló” de grupos políticos que querem desestabilizá-lo. Assim, além de evitar a discussão acerca do conteúdo das reivindicações, desqualifica movimentos organizados da sociedade civil, quando não os recebe com cassetetes.

Serra escolheu como Secretário da Educação Paulo Renato, ministro nos oito anos do governo FHC. Neste período, nenhuma Escola Técnica Federal foi construída e as existentes arruinaram-se. As universidades públicas federais foram sucateadas ao ponto em que faltou dinheiro até mesmo para pagar as contas de luz, como foi o caso na UFRJ. A proibição de novas contratações gerou um déficit de 7.000 professores. Em contrapartida, sua gestão incentivou a proliferação sem critérios de universidades privadas. Já na Secretaria da Educação de São Paulo, Paulo Renato transferiu, via terceirização, para grandes empresas educacionais privadas a organização dos currículos escolares, o fornecimento de material didático e a formação continuada de professores. O Brasil não pode correr o risco de ter seu sistema educacional dirigido por interesses econômicos privados.

No comando do governo federal, o PSDB inaugurou o cargo de “engavetador geral da república”. Em São Paulo, nos últimos anos, barrou mais de setenta pedidos de CPIs, abafando casos notórios de corrupção que estão sendo julgados em tribunais internacionais. Sua campanha promove uma deseducação política ao imitar práticas da extrema direita norte-americana em que uma orquestração de boatos dissemina dogmas religiosos. A celebração bonapartista de sua pessoa, em detrimento das forças políticas, só encontra paralelo na campanha de 1989, de Fernando Collor.


(Endereço para assinar o manifesto)

Fonte: Agência Carta Maior

Continue lendo >>

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

“Monica Serra já fez um aborto e sou solidária à sua dor”, afirma ex-aluna da mulher de presidenciável

13/10/2010 12:39,  Por Redação, do Rio de Janeiro e São Paulo
Monica Serra
O desempenho do presidenciável tucano, José Serra, no debate do último domingo pela TV Bandeirantes, foi a gota d’água para uma eleitora brasileira. O silêncio do candidato diante da reclamação formulada pela adversária, Dilma Rousseff (PT) – de que fora acusada pela mulher dele, a ex-bailarina e psicoterapeuta Sylvia Monica Allende Serra, de “matar criancinhas” –, causou indignação em Sheila Canevacci Ribeiro, a ponto de levá-la até sua página em uma rede social, onde escreveu um desabafo que tende a abalar o argumento do postulante ao Palácio do Planalto acerca do tema que divide o país, no segundo turno das eleições. A coreógrafa Sheila Ribeiro relata, em um depoimento emocionado, que a ex-professora do Instituto de Artes da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) Monica Serra relatou às alunas da turma de 1992, em sala de aula, que foi levada a fazer um aborto “no quarto mês de gravidez”.

Em entrevista exclusiva ao Correio do Brasil, na noite desta segunda-feira, Sheila deixa claro que não era partidária de Dilma ou de Serra no primeiro turno: “Votei no Plínio (de Arruda Sampaio)”, declara. Da mesma forma, esclarece ser apenas uma eleitora, com cidadania brasileira e canadense, que repudiou o ambiente de hipocrisia conduzido pelo candidato da aliança de direita, ao criminalizar um procedimento cirúrgico a que milhões de brasileiras são levadas a realizar em algum momento da vida. Sheila, durante a entrevista, lembra que no Canadá este é um serviço prestado em clínicas e hospitais do Estado, como forma de evitar a morte das mulheres que precisam recorrer à medida “drástica e contundente”, como fez questão de frisar.

No texto, intitulado “Respeitemos a dor de Mônica Serra”, Sheila Ribeiro repete a pergunta de Dilma, que ficou sem resposta:

– Se uma mulher chega em um hospital doente, por ter feito um aborto clandestino, o Estado vai cuidar de sua saúde ou vai mandar prendê-la?

Leia o texto, na íntegra:

Respeitemos a dor de Mônica Serra

“Meu nome é Sheila Ribeiro e trabalho como artista no Brasil. Sou bailarina e ex-estudante da Unicamp onde fui aluna de Mônica Serra.
“Aqui venho deixar a minha indignação no posicionamento escorregadio de José Serra, que no debate de ontem (domingo), fazia perguntas com o intuito de fazer sua campanha na réplica, não dialogando em nenhum momento com a candidata Dilma Roussef.
“Achei impressionante que o candidato Serra evita tocar no assunto da descriminalização do aborto, evitando assim falar de saúde pública e de respeitar tantas mulheres, começando pela sua própria mulher. Sim, Mônica Serra já fez um aborto e sou solidária à sua dor.
“Com todo respeito que devo a essa minha professora, gostaria de revelar publicamente que muitas de nossas aulas foram regadas a discussões sobre o aborto, sobre o seu aborto traumático. Mônica Serra fez um aborto. Na época da ditadura, grávida de quatro meses, Mônica Serra decidiu abortar, pois que seu marido estava exilado e todos vivíamos uma situação instável. Aqui está a prova de que o aborto é uma situação terrível, triste, para a mulher e para o casal, e por isso não deve ser crime, pois tantas são as situações complexas que levam uma mulher a passar por essa situação difícil. Ninguém gosta de fazer um aborto, assim como o casal Serra imagino não ter gostado. A educação sobre a contracepção deve ser máxima para que evitemos essa dor para a mulher e para o Estado.
“Assim, repito a pergunta corajosa de minha presidente, Dilma Roussef, que enfrenta a saúde pública cara a cara com ela: se uma mulher chega em um hospital doente, por ter feito um aborto clandestino, o Estado vai cuidar de sua saúde ou vai mandar prendê-la?
“Nesse sentido, devemos prender Mônica Serra caso seu marido seja eleito presidente?
“Pelo Brasil solidário e transparente que quero, sem ameaças, sem desmerecimento da fala do outro, com diálogo e pelo respeito à dor calada de Mônica Serra, “VOTO DILMA”, registra, em letras maiúsculas, no texto publicado em sua página no Facebook, nesta segunda-feira, às 10h24.

Reflexão

Diante da imediata repercussão de suas palavras, Sheila acrescentou em sua página um comentário no qual afirma ser favorável “à privacidade das pessoas”.
“Inclusive da minha. Quando uma pessoa é um personagem público, ela representa muitas coisas. Escrevi uma reflexão, depois de assistir a um debate televisivo onde a figura simbólica de Mõnica Serra surgiu. Ali uma incongruência: a pessoa que lutou na ditadura e que foi vítima de repressão como mulher (com evento trágico naquele caso, pois que nem sempre o aborto é trágico quando é legalizado e normalizado) versus a mulher que luta contra a descriminalização do aborto com as frases clássicas do “estão matando as criancinhas”. Quem a Mônica Serra estaria escolhendo ser enquanto pessoa simbólica? Se é que tem escolha – foi minha pergunta.
“Muitas pessoas públicas servem-se de suas histórias como bandeiras pelos direitos humanos ou, ainda, ficam quietas quando não querem usá-las. Por isso escrevi ‘respeitemos a dor’. Para mim é: respeitemos que muita gente já lutou pra que o voto existisse e que para que cada um pudesse votar, inclusive nulo; muita monica-serra-pessoa já sofreu no Brasil e em outros países na repressão para que outras mulheres pudessem escolher o que fazer com seus corpos e muitas monicas-serras simbólicas já impediram que o aborto fosse descriminalizado.
“Muitas pessoas já foram lapidadas em praça pública por adultério e muitas outras lutaram pra que a sexualidade de cada um seja algo de direito. A minha questão é: uma pessoa que é lapidada em praça pública não faz campanha pela lapidação, então respeitemos sua dor, algo está errado. Se uma pessoa pública conta em público que foi lapidada, que foi vítima, que foi torturada, que sofreu, por motivos de repressão, esse assunto deve ser respeitadíssimo.
“Vinte por cento da população fazem abortos e esses 20% tem o direito absoluto de ter sua privacidade, no entanto quando decidem mostrar-se publicamente não entendo que estes assimilem-se ao repressor”, acrescentou a ex-aluna de Monica Serra, que teria relatado a experiência, traumática, às alunas da turma de 1992.

Exílio e ditadura

Sheila diz ainda, em seu depoimento, que “muitas pessoas querem ‘explicações” para o fato de ela declarar, publicamente, o que a ex-professora disse às suas alunas na Unicamp.
“Eu sou apenas uma pessoa, uma mulher, uma cidadã que viu um debate e que se assustou, se indignou e colocou seu ponto de vista na internet. Ao ver Dilma dizendo que Mônica falou algo sobre ‘matar criancinhas’, duvidei.
“Duvidei porque fui sua aluna e compartilhei do que ela contou, publicamente (que havia feito um aborto), em sala de aula. Eu me disse que uma pessoa que divide sua dor sobre o aborto, sobre o exílio e sobre a ditadura, não diria nunca uma atrocidade dessas, mesmo sendo da oposição. Essa afirmação de ‘criancinhas assassinadas’ é do nível do ‘comunista come criancinha’. A Mônica Serra é mais classe do que isso (e, aliás, gosto muito dela, apesar do Serra não ser meu candidato).
“Por isso, deixei claro o meu posicionamento que o aborto não pode ser considerado um crime – como não é na Itália, na França e em outros países. Nesse sentido não quero ser usada como uma ‘denunciadora de um ‘delito’. Ao contrário, estou relembrando na internet, aos meus amigos de FB (Facebook), que o aborto é uma questão complexa que envolve a todos e que, como nos países decentes, não pode ser considerado um crime – mas deve ser enfrentado como assunto de saúde.
“O Brasil tem muitos assuntos a serem tratados, vamos tratá-los com o carinho e com a delicadeza que merece.
“Agora volto ao meu trabalho”, conclui Sheila o seu relato na página da rede social.

Sem resposta

Diante da afirmativa da ex-aluna de Sylvia Monica Serra, o Correio do Brasil procurou pelo candidato, no Twitter, às 23h57:
“@joseserra_ Sr. candidato Serra. Recebemos a informação de que Dnª Monica Serra teria feito um aborto. O sr. tem como repercutir isso?”
Da mesma forma, foi encaminhado um e-mail à assessoria de imprensa e, posteriormente, um contato telefônico com o comitê de Serra, em São Paulo. Até o fechamento desta matéria, às 1239h desta quarta-feira, porém, não houve qualquer resposta à pergunta. O candidato, a exemplo do debate com a candidata petista, novamente optou pelo silêncio.

Fonte: Correio do Brasil

Continue lendo >>

Católicos e evangélicos declaram voto em Dilma Rousseff

"Consideramos que, para o projeto de um Brasil justo e igualitário, a eleição de Dilma para presidente da República representará um passo maior do que a eventualidade de uma vitória do Serra, que, segundo nossa análise, nos levaria a recuar em várias conquistas populares e efetivos ganhos sócio-culturais e econômicos que se destacam na melhoria de vida da população brasileira", diz manifesto assinado por cristãos católicos e evangélicos. Documento também denuncia campanha de boatos e mentiras que circulam pela internet.
“Se nos calarmos, até as pedras gritarão!”(Lc 19, 40)

Manifesto de Cristãos e cristãs evangélicos/as e católicos/as em favor da vida e da vida em Abundância!

Somos homens e mulheres, ministros, ministras, agentes de pastoral, teólogos/as, padres, pastores e pastoras, intelectuais e militantes sociais, membros de diferentes Igrejas cristãs, movidos/as pela fidelidade à verdade, vimos a público declarar:

1. Nestes dias, circulam pela internet, pela imprensa e dentro de algumas de nossas igrejas, manifestações de líderes cristãos que, em nome da fé, pedem ao povo que não vote em Dilma Rousseff sob o pretexto de que ela seria favorável ao aborto, ao casamento gay e a outras medidas tidas como “contrárias à moral”.

A própria candidata negou a veracidade destas afirmações e, ao contrário, se reuniu com lideranças das Igrejas em um diálogo positivo e aberto. Apesar disso, estes boatos e mentiras continuam sendo espalhados. Diante destas posturas autoritárias e mentirosas, disfarçadas sob o uso da boa moral e da fé, nos sentimos obrigados a atualizar a palavra de Jesus, afirmando, agora, diante de todo o Brasil: “se nos calarmos, até as pedras gritarão!” (Lc 19, 40).

2. Não aceitamos que se use da fé para condenar alguma candidatura. Por isso, fazemos esta declaração como cristãos, ligando nossa fé à vida concreta, a partir de uma análise social e política da realidade e não apenas por motivos religiosos ou doutrinais. Em nome do nosso compromisso com o povo brasileiro, declaramos publicamente o nosso voto em Dilma Rousseff e as razões que nos levam a tomar esta atitude:

3. Consideramos que, para o projeto de um Brasil justo e igualitário, a eleição de Dilma para presidente da República representará um passo maior do que a eventualidade de uma vitória do Serra, que, segundo nossa análise, nos levaria a recuar em várias conquistas populares e efetivos ganhos sócio-culturais e econômicos que se destacam na melhoria de vida da população brasileira.

4. Consideramos que o direito à Vida seja a mais profunda e bela das manifestações das pessoas que acreditam em Deus, pois somos à sua Imagem e Semelhança. Portanto, defender a vida é oferecer condições de saúde, educação, moradia, terra, trabalho, lazer, cultura e dignidade para todas as pessoas, particularmente as que mais precisam. Por isso, um governo justo oferece sua opção preferencial às pessoas empobrecidas, injustiçadas, perseguidas e caluniadas, conforme a proclamação de Jesus na montanha (Cf. Mt 5, 1- 12).

5. Acreditamos que o projeto divino para este mundo foi anunciado através das palavras e ações de Jesus Cristo. Este projeto não se esgota em nenhum regime de governo e não se reduz apenas a uma melhor organização social e política da sociedade. Entretanto, quando oramos “venha o teu reino”, cremos que ele virá, não apenas de forma espiritualista e restrito aos corações, mas, principalmente na transformação das estruturas sociais e políticas deste mundo.

6. Sabemos que as grandes transformações da sociedade se darão principalmente através das conquistas sociais, políticas e ecológicas, feitas pelo povo organizado e não apenas pelo beneplácito de um governante mais aberto/a ou mais sensível ao povo. Temos críticas a alguns aspectos e algumas políticas do governo atual que Dilma promete continuar. Motivo do voto alternativo de muitos companheiros e companheiras Entretanto, por experiência, constatamos: não é a mesma coisa ter no governo uma pessoa que respeite os movimentos populares e dialogue com os segmentos mais pobres da sociedade, ou ter alguém que, diante de uma manifestação popular, mande a polícia reprimir. Neste sentido, tanto no governo federal, como nos estados, as gestões tucanas têm se caracterizado sempre pela arrogância do seu apego às políticas neoliberais e pela insensibilidade para com as grandes questões sociais do povo mais empobrecido.

7. Sabemos de pessoas que se dizem religiosas, e que cometem atrocidades contra crianças, por isso, ter um candidato religioso não é necessariamente parâmetro para se ter um governante justo, por isso, não nos interessa se tal candidato/a é religioso ou não. Como Jesus, cremos que o importante não é tanto dizer “Senhor, Senhor”, mas realizar a vontade de Deus, ou seja, o projeto divino. Esperamos que Dilma continue a feliz política externa do presidente Lula, principalmente no projeto da nossa fundamental integração com os países irmãos da América Latina e na solidariedade aos países africanos, com os quais o Brasil tem uma grande dívida moral e uma longa história em comum. A integração com os movimentos populares emergentes em vários países do continente nos levará a caminharmos para novos e decisivos passos de justiça, igualdade social e cuidado com a natureza, em todas as suas dimensões. Entendemos que um país com sustentabilidade e desenvolvimento humano – como Marina Silva defende – só pode ser construído resgatando já a enorme dívida social com o seu povo mais empobrecido. No momento atual, Dilma Rousseff representa este projeto que, mesmo com obstáculos, foi iniciado nos oito anos de mandato do presidente Lula. É isto que está em jogo neste segundo turno das eleições de 2010.

Com esta esperança e a decisão de lutarmos por isso, nos subscrevemos:

Dom Thomas Balduino, bispo emérito de Goiás velho, e presidente honorário da CPT nacional.
Dom Pedro Casaldáliga, bispo emérito da Prelazia de São Feliz do Araguaia-MT.
Dom Demetrio Valentini, bispo de Jales-SP e presidente da Cáritas nacional.
Dom Luiz Eccel – Bispo de Caçador-SC
Dom Antonio Possamai, bispo emérito da Rondônia.
Dom Sebastião Lima Duarte, bispo de Viana- Maranhão.
Dom Xavier Gilles, bispo emérito de Viana- Maranhão.
Padre Paulo Gabriel, agente de pastoral da Prelazia de São Feliz do Araguaia /MT
Jether Ramalho, líder ecumênico, Rio de Janeiro.
Marcelo Barros, monge beneditino, teólogo
Professor Candido Mendes, cientista político e reitor
Luiz Alberto Gómez de Souza, cientista político, professor
Zé Vicente, cantador popular. Ceará
Chico César. Cantador popular. Paraíba/são paulo
Revdo Roberto Zwetch, Igreja IELCB e professor de teologia em São Leopoldo.
Pastora Nancy Cardoso, metodista, Vassouras / RJ
Antonio Marcos Santos, Igreja Evangélica Assembléia de Deus – Juazeiro – Bahia
Maria Victoria Benevides, professora, da USP
Monge Joshin, Comunidade Zen Budista do Brasil, São Paulo
Antonio Cecchin, irmão marista, Porto Alegre.
Ivone Gebara, religiosa católica, teóloga e assessora de movimentos populares.
Fr. Luiz Carlos Susin – Secretário Geral do Fórum Mundial de Teologia e Libertação
Frei Betto, escritor, dominicano.
Luiza E. Tomita – Sec. Executiva EATWOT(Ecumenical Association of Third World Theologians)
Ir. Irio Luiz Conti, MSF. Presidente da Fian Internacional
Pe. João Pedro Baresi, pres. da Comissão Justiça e Paz da CRB (Conferência dos religiosos do Brasil) SP
Frei José Fernandes Alves, OP. – Coord. da Comissão Dominicana de Justiça e Paz
Pe. Oscar Beozzo, diocese de Lins.
Pe. Inácio Neutzling – jesuíta, diretor do Instituto Humanitas Unisinos
Pe. Ivo Pedro Oro, diocese de Chapecó / SC
Pe. Igor Damo, diocese de Chapecó-SC.
Irmã Pompeia Bernasconi, cônegas de Santo Agostinho
Cibele Maria Lima Rodrigues, Pesquisadora.
Pe. John Caruana, Rondônia.
Pe. Julio Gotardo, São Paulo.
Toninho Kalunga, São Paulo,
Washingtonn Luiz Viana da Cruz, Campo Largo, PR e membro do EPJ (Evangélicos Pela Justiça)
Ricardo Matense, Igreja Assembléia de Deus, Mata de São João/Bahia
Silvania Costa
Mercedez Lopes,
André Marmilicz
Raimundo Cesar Barreto Jr, Pastor Batista, Doutor em ética social
Pe. Arnildo Fritzen, Carazinho. RS.
Darciolei Volpato, RS
Frei Ildo Perondi – Londrina PR
Ir. Inês Weber, irmãs de Notre Dame.
Pe. Domingos Luiz Costa Curta, Coord. Dioc de Pastoral da Diocese de Chapecó/SC.
Pe. Luis Sartorel,
Itacir Gasparin
Célio Piovesan, Canoas.RS
Toninho Evangelista – Hortolândia/SP
Geter Borges de Sousa, Evangélicos Pela Justiça (EPJ), Brasília.
Caio César Sousa Marçal – Missionário da Igreja de Cristo – Frecheirinha/CE
Rodinei Balbinot, Rede Santa Paulina
Pe. Cleto João Stulp, diocese de Chapecó.
Odja Barros Santos – Pastora batista
Ricardo Aléssio, cristão de tradição presbiteriana, professor universitário.
Maria Luíza Aléssio, professora universitária, ex-secretária de educação do Recife
Rosa Maria Gomes
Roberto Cartaxo Machado Rios
Rute Maria Monteiro Machado Rios
Antonio Souto, Caucaia, CE
Olidio Mangolim – PR
Joselita Alves Sampaio – PR
Kleber Jorge e silva, teologia – Passo Fundo – RS
Terezinha Albuquerque
PR. Marco Aurélio Alves Vicente – EPJ – Evangélicos pela Justiça, pastor-auxiliar da Igreja Catedral da Família/Goiânia-GO
Padre Ferraro, Campinas.
Ir, Carmem Vedovatto
Ir. Letícia Pontini, discípulas, Manaus.
Padre Manoel, PR
Magali Nascimento Cunha, metodista
Stela Maris da Silva
Ir. Neusa Luiz, Abelardo Luz- SC
Lucia Ribeiro, socióloga
Marcelo Timotheo da Costa, historiador
Maria Helena Silva Timotheo da Costa
Ianete Sampaio
Ney Paiva Chavez, professora educação visual, Rio de janeiro
Antonio Carlos Fester
Ana Lucia Alves, Brasília
Ivo Forotti, Cebs – Canoas – RS
Agnaldo da Silva Vieira – Pastor Batista. Igreja Batista da Esperança – Rio de Janeiro
Irmã Claudia Paixão, Rio de Janeiro
Marlene Ossami de Moura, antropóloga / Goiânia.
Ir. Maria Celina Correia Leite, Recife
Pedro Henriques de Moraes Melo – UFC/ACEG
Fernanda Seibel, Caxias do Sul.
Benedito Cunha, pesquisador popular, membro do Centro Mandacaru – Fortaleza
Pe. Lino Allegri – Pastoral do Povo da Rua de Fortaleza, CE.
Juciano de Sousa Lacerda, Prof. Doutor de Comunicação Social da UFRN
Pasqualino Toscan – Guaraciaba SC
Francisco das Chagas de Morais, Natal – RN.
Elida Araújo
Maria do Socorro Furtado Veloso – Natal, RN
Maria Letícia Ligneul Cotrim, educadora
Maria das Graças Pinto Coelho/ professora universitária/UFRN
Ismael de Souza Maciel membro do CEBI – Centro de Estudos Bíbicos Recife
Xavier Uytdenbroek, prof. aposentado da UFPE e membro da coordenação pastoral da UNICAP
Maria Mércia do Egito Souza, agente da Pastoral da Saúde Arquidiocese de Olinda e Recife
Leonardo Fernando de Barros Autran Gonçalves Advogado e Analista do INSS
Karla Juliana Souza Uytdenbroek Bacharel em Direito
Targelia de Souza Albuquerque
Maria Lúcia F de Barbosa, Professora UFPE
Débora Costa-Maciel, Profª. UPE
Maria Theresia Seewer
107. Ida Vicenzia Dias Maciel
108. Marcelo Tibaes
109. Sergio Bernardoni, diretor da CARAVIDEO- Goiânia – Goiás
110. Claudio de Oliveira Ribeiro. Pastor da Igreja Metodista em Santo André, SP.
104 . Pe. Paulo Sérgio Vaillant – Presbítero da Arquidiocese de Vitória – ES
106. Roberto Fernandes de Souza. RG 08539697-6 IFP RJ – Secretario do CEBI RJ
107. Sílvia Pompéia.
108. Pe. Maro Passerini – coordenador Past. Carcerária – CE
109. Dora Seibel – Pedagoga, caxias do sul.
110. Mosara Barbosa de Melo
111. Maria de Fátima Pimentel Lins
112. Prof. Renato Thiel, UCB-DF
114 . Alexandre Brasil Fonseca , Sociólogo, prof. da UFRJ, Ig. Presbiteriana e coordenador da Rede FALE)
115 Daniela Sanches Frozi, (Nutricionista, profa. da UERJ, Ig. Presbiteriana, conselheira do CONSEA Nacional e vice-presidente da ABUB)
116. Marcelo Ayres Camurça – Professor do Programa de Pós-Graduação em Ciência da Religião – Universidade Federal de Juiz de Fora
117. Revd. Cônego Francisco de Assis da Silva,Secretário Geral da IEAB e membro da Coordenação do Fórum Ecumênico Brasil
118. Irene Maria G.F. da Silva Telles
119. Manfredo Araújo de Oliveira
120. Agnaldo da Silva Vieira – Pedagogo e Pastor Auxiliar da Igreja Batista da Esperança-Centro do Rio de Janeiro
121. Pr. Marcos Dornel – Pastor Evangélico – Igreja Batista Nova Curuçá – SP
122. Adriano Carvalho.
123. Pe. Sérgio Campos, Fundação Redentorista de Comunicações Sociais – Paranaguá/Pr.
124. Eduardo Dutra Machado, pastor presbiteriano
125. Maria Gabriela Curubeto Godoy – médica psiquiatra – RS
126. Genoveva Prima de Freitas- Professora – Goiânia
127. M. Candida R. Diaz Bordenave
128. Ismael de Souza Maciel membro do CEBI – Centro de Estudos Bíbicos Recife
129. Xavier Uytdenbroek prof. aposentado da UFPE e membro da coordenação pastoral da UNICAP
130. Maria Mércia do Egito Souza agente da Pastoral da Saúde Arquidiocese de Olinda e Recife
131. Leonardo Fernando de Barros Autran Gonçalves Advogado e Analista do INSS
132. Karla Juliana Souza Uytdenbroek Bacharel em Direito
133. Targelia de Souza Albuquerque
134. Maria Lúcia F de Barbosa (Professora – UFPE)
135. Paulo Teixeira, parlamentar, São Paulo.
136. Alessandro Molon, parlamentar, Rio de janeiro.
137. Adjair Alves (Professor – UPE)
138. Luziano Pereira Mendes de Lima – UNEAL
139. Cláudia Maria Afonso de Castro-psicóloga- trabalhadora da Saúde-SMS Suzano-SP
140. Fátima Tavares, Coordenadora do Programa de Pos-Graduação em Antropologia FFCH/UFBA
141. Carlos Cardoso, Professor Associado do Departamento de Antropologia e Etnologia da UFBA.
142. Isabel Tooda
143. Joanildo Burity (Anglicano, cientista político, pesquisador da Fundação Joaquim Nabuco,
144. Paulo Fernando Carneiro de Andrade, Doutor em Teologia pela Pontifícia Universidade Gregoriana de Roma, Professor de Teologia PUC- Rio
145. Aristóteles Rodrigues – Psicólogo, Mestre em Ciência da Religião
146. Zwinglio Mota Dias – Professor Associado III – Universidade Federal de Juiz de Fora
147. Antonio Francisco Braga dos Santos- IFCE
148. Paulo Couto Teixeira, Mestrando em Teologia na EST/IECLB
149. Rev. Luis Omar Dominguez Espinoza
150. Anivaldo Padilha – Metodista, KOINONIA, líder ecumênico
151. Nercina Gonçalves
152. Hélio Rios, pastor presbiteriano
153. João José Silva Bordalo Coelho, Professor- RJ
154. Lucilia Ramalho. Rio de janeiro.
155. Maria Tereza Sartorio, educadora, ES
156. Maria José Sartorio, saúde, ES
157. Nilda Lucia Sartorio, secretaria de ação social, Espírito santo
158. Ângela Maria Fernandes -Curitiba 159. Lúcia Adélia Fernandes
160. Jeanne Nascimento – Advogada em São Paulo/SP
161. Frei José Alamiro, franciscano, São Paulo, SP
162. Otávio Velho, antropólogo
163. Iraci Poleti,educadora
164.Antonio Canuto
165. Maria Luisa de Carvalho Armando
166. Susana Albornoz
167. Maria Helena Arrochellas
168. Francisco Guimarães
169. Eleny Guimarães

(mandar mais adesõoes para gomezdesouza@uol.com.br )


Fonte: Agência Carta Maior

Continue lendo >>

AFINAL SOMOS OU NÃO UM ESTADO LAICO?

Por Nélio Azevedo

Desde que Thomas Hobbes e Russeaul descreveram o Estado como sendo o resultado da transferência do direito para uma ou mais pessoas, ele estava falando da sociedade política, não de uma sociedade religiosa.

O mundo deu voltas, mergulhou na escuridão de duas guerras mundiais que assolou a Europa e adjacências quando a política foi anulada, mas os homens parecem não ter aprendido muito com estas funestas experiências.

Hoje vemos o embate sem despistes de homens que se lançam numa cruzada contra outros homens escorados numa mensagem divina ou numa promessa de um Armagedom ou apocalipse bíblico, onde quem crê se sente no direito de aniquilar os que não crêem nas mesmas crenças.

Essa disputa através do “meu deus é melhor do que o seu” tem produzido espetáculos dantescos como os atentados aos EUA, a invasão do Iraque, a barbárie disseminada pelos talibãs afegãos e o show de apedrejamento de mulheres em estádios e outras cositas más.

Nesses países a democracia passa ao largo e alguns se intitulam teocracias sem o menor pudor, onde homens são transformados em carneiros e seguem firmes para o abate, sob a ordem e domínio dos lobos que não, vestem peles de cordeiros, mas, de lobos.

Lobos religiosos e tementes a Deus.

Dando essas voltas todas, o estado se modernizou e criou o estado de direito, criou instituições e organismos que vieram corroborar as escolhas através do sufrágio universal e submeteu as religiões às leis do Estado. Isto se tornou o Estado Laico, onde as religiões oficiais deixaram de existir e as questões espirituais foram apartadas das questões da rés públicas e, seria possível, até mesmo, não ter questões espirituais como preocupação do Estado.

Entretanto, vemos tristemente, o mundo civilizado ou não mergulhar numa onda apocalíptica, às vezes, disfarçada de onda verde ou jihad, ou seja lá o nome que se queira dar.

O país tido como berço da democracia moderna, assiste hoje uma onda de fanatismo religioso que não fica atrás dos afegãos, até o nome é o mesmo, talibãs americanos; onde a xenofobia adota conotações de fé e se lançam em guerras santas dentro e fora dos EUA. Adotam-se leis que permitem constranger qualquer um que não seja louro dos olhos azuis e criam muros que envergonhariam o Muro de Berlim, nas divisas entre os EUA e o México, na Cisjordânia ocupada ilegalmente, no leste europeu ou no simples ato de banir o lenço ou xador; não importando se é uma manifestação religiosa ou cultural, a intolerância vai além de ar um chute na santa, agora o chute é na dignidade humana.

O que virá depois? Quando não tiver mais campanha política e as trincheiras da ignomínia tiverem que buscar outro campo para a batalha será que teremos mais uma edição da Caça às Bruxas? Ou os inimigos serão os umbandistas ou os ateus?

Quando assistimos boquiabertos aos rumos que o debate político tomou, eu disse debate político? Não há debate político nem de programas nem nada, só uma idiota busca da aprovação popular com autos de fé e haja velas de metro e joelhos escalavrados em promessas para os santos e padroeiros.

É extremamente duro e causa nojo ver e ouvir candidatos se desdobrando e se entortando todo para afirmar em praça pública e dentro dos templos sua inabalável fé em deus e santos, numa tentativa de última hora de angariar os votos dos dê-votos, dos puritanos de última hora, dos beatos e santos de consciências limpas e passados ilibados. Quanta castidade, meu deus. Vão acabar por convocar o Todo-poderoso para algum ministério ou secretaria, provavelmente o ministério da fé.

Haja Omeprazol, não aguento mais aquela musiqueta “Serra é do bem, Serra é do bem”. Os outros, inclusive a Marina são do mal?

 É isso que nós temos para a escolha no dia da eleição. Quero não. Agradecido! Vou esperar a próxima eleição, quem sabe se melhora o nível.

Em tempo, enquanto eu escrevia esse texto, milhares de mulheres sofreram aborto, numa razão de um a cada quinze segundos, o quê foi feito para impedir isso? Rezas? Promessas ou novenas? Greve-de-fome? Nada anão ser debater esse problema numa rodada de cerveja e conversa fiada.

Dê cá meu boné, que eu vou para Passárgada, lá sou amigo do rei e, o rei não me obriga a ir à missa.  
 

Continue lendo >>

Recordando Darcy Ribeiro: “essa gente quer vender o Brasil”

No momento em que o tema das privatizações volta ao debate público nacional, vale a pena reler o que Darcy Ribeiro falou na época sobre a venda da Companhia Vale do Rio Doce, no dia 10 de janeiro de 1997, um mês antes de morrer. "Essa gente quer vender, quer entregar o Brasil porque acha melhor. Essa gente usa o Brasil, usa a Nação, para alcançar os seus objetivos", disse Darcy Ribeiro. A Vale acabou sendo privatizada no governo FHC por insistência do então ministro do Planejamento, José Serra, conforme relatou mais tarde o próprio Fernando Henrique.
Redação - Carta Maior



A Vale do Rio Doce foi privatizada no governo de Fernando Henrique Cardoso por insistência do então ministro do Planejamento, José Serra, conforme relatou o próprio por em entrevista à revista Veja (ver o vídeo). “Eu custei muito tempo para me convencer de que era necessário privatizar a Vale. Venho de outra formação e tinha resistência a isso. Pode ser uma boa empresa, pensava. Por que privatizar? (...) O Serra foi um dos que mais lutou pela privatização da Vale. Digo isso porque tem muita gente que diz que o Serra é estatizante. Não. A Light também foi o Serra que privatizou”, diz FHC na entrevista ao jornalista Augusto Nunes.

No momento em que o tema das privatizações volta ao debate público nacional, vale a pena reler o que Darcy Ribeiro falou na época sobre a Vale, um mês antes de morrer. O discurso abaixo foi feito por Darcy Ribeiro no dia 10 de janeiro de 1997, no Rio de Janeiro, durante um ato público contra a privatização da Companhia Vale do Rio Doce realizado no auditório da Associação Brasileira de Imprensa (ABI). Naquela ocasião, Darcy Ribeiro disse a amigos: “Vou ao ato na ABI pela Vale nem que seja carregado”. Ele foi de cadeiras de rodas e falou o seguinte:

Senhores membros da mesa, queridíssimos companheiros e amigos.

Preciso contar duas coisas de verdade: não sei se é porque estou velho, sentimental - não sei por que - não posso mais ouvir o Hino Nacional sem vontade de chorar! A segunda coisa que gostaria de dizer preliminarmente, em nome dos que estão aqui e de todos os brasileiros é o seguinte: um beijo na testa de Barbosa Lima Sobrinho!

Eu não vou chegar lá! Mas é muito bonito ver um brasileiro, o mais eminente dos patriotas brasileiros, que lutou todas as lutas brasileiras desses últimos 80 anos, vê-lo vivo comemorando os seus 100 anos. Por isso quero fazer esta pequena homenagem em nome de todos os brasileiros, tanto quanto posso representá-los...

O meu discurso vem agora: Por que é que o Presidente Fernando Henrique - um presidente tão culto, tão inteligente, tão agradável - é um presidente tão ruim! É incrível que Fernando Henrique se deixe dirigir pela pior gente que há, que é o economista! Basta dizer que se você pegar três deles, dos mais eminentes e colocá-los juntos para discutir qualquer assunto - eles vão discordar entre si. Eles sempre discordam em tudo porque não têm certeza de nada...

E Fernando Henrique só lê na cartilha dos economistas do BNDEs e do Ministério da Fazenda... É incrível! Eles são bisonhos, são jovens com a cabeça feita lá fora. Eles não têm nada de patriótico, eles não têm compromisso conosco. É gente que nunca fez nada na vida e nem é provável que venha a fazer. Essa gente quer vender, quer entregar o Brasil porque acha melhor. Essa gente usa o Brasil, usa a Nação, para alcançar os seus objetivos. Por isso que é importante que existam cabeças como a de Barbosa Lima Sobrinho...

Existe no mundo empresa mais exitosa para fazer mineração, tirando o minério das minas e transportando-o para os compradores do que a Vale do Rio Doce? Existe acaso empresa no mundo com o domínio da tecnologia mais avançada e mais alta do que a Vale? Existe alguma empresa no mundo com as técnicas de reflorestamento empregadas pela Vale? Existe empresa de mineração no mundo, pública, que seja mais lucrativa do que a Vale? Existe empresa que cuide melhor de seus trabalhadores? É claro que não! É por isso que precisamos defender a Vale. E saber que se ela for privatizada logo de cara 30% de seus trabalhadores serão despedidos.

Existe por acaso empresa melhor associada a outras para a exploração de minérios? É claro que não! Se Fernando Henrique tivesse respostas positivas a estas perguntas, que há empresas melhores do que a Vale, poderíamos entender a sua posição. De que a entrega da Vale estava certa. Mas nada disso existe! Entregar a Vale pura e simplesmente para a acumulação dos banqueiros é uma coisa criminosa!

Por isso temos que aprofundar esta campanha em defesa da Vale do Rio Doce tanto quanto possível, mostrando a Fernando Henrique, de todos os modos, que a Nação não aceita esta venda. A Vale é a segunda das empresas criadas através da sagacidade intensa, da capacidade imensa de Getúlio Vargas. Getúlio fez todo esforço para trazer para o Brasil empresas privadas que quisessem produzir aço. Getúlio sabia que só com um grande parque siderúrgico o Brasil poderia dar certo. Era preciso criar a matriz da indústria brasileira. E a "mater", a mãe da indústria brasileira, foi a Companhia Siderúrgica Nacional.

Sem a CSN não existiria indústria naval, indústria de automóveis, o Brasil não teria dado todos os passos imensos que deu, para o progresso. Volta Redonda foi negociada com Roosevelt como condição para o Brasil apoiar os Aliados na guerra. Pois a CSN foi entregue a três banqueiros. Quem pode confiar que três banqueiros agirão de acordo com a Nação e com os interesses do povo brasileiro? Ninguém!

Agora a segunda empresa também negociada por Getúlio pode ser vendida. Os ingleses queriam que enquanto continuasse a Segunda Guerra, enquanto durasse a guerra, o Brasil vendesse para eles, fiado, todo o minério de ferro que pudessem absorver. Getúlio aproveitou a oportunidade e fez um acordo pensando nos interesses do Brasil. Os ingleses passaram a propriedade que tinham sobre as jazidas de ferro em Minas Gerais com a condição de que o Brasil vendesse fiado para eles. E essa foi a origem, o início da grande Vale do Rio Doce que temos hoje.

Quando a Vale se instalou existiam outras empresas que se dedicavam a mineração, como a Hanna. E a Vale cresceu. É por isso que não há nada mais incompreensível, absurdo, criminoso, de lesa-pátria, do que esta tentativa do Governo de privatizar a Vale do Rio Doce .

(*) Este texto de Darcy Ribeiro nos foi enviado por OswaldoPeres Maneschy (maneschy@urbi.com.br)


Fonte: Agência Carta Maior

Continue lendo >>

terça-feira, 12 de outubro de 2010

O mercador do pré-sal

Por Eduardo Guimarães

O uso de qualquer arma pela campanha de José Serra, que está recorrendo à difamação da adversária, Dilma Rousseff, por todos os meios, com todo tipo de acusação, o que inclui até a vida sexual dela, e o espantoso apoio que os maiores jornais, revistas e televisões estão dando à estratégia difamatória, tudo isso não acontece só pela retomada do poder.

Você nunca viu uma campanha eleitoral como esta. Mesmo Fernando Collor de Mello, em 1989, jamais chegou ao ponto de difamar Lula usando homossexualidade ou acusações de que ele matava criancinhas. A campanha de difamação movida contra Dilma é a maior que este país já viu e utilizando “acusações” que em pleno século XXI são espantosas e inéditas.

Tudo isso só para se eleger presidente?

Os livros de história contarão a verdade sobre a campanha mais insidiosa contra uma única pessoa que fora empreendida até então no país. O que leva um único homem a se tornar beneficiário e autor de um processo tão repugnante e a grande imprensa de uma nação com a visibilidade do Brasil a se acumpliciar a ele?

O Brasil de 2002 e de 2006 não valia o preço de o candidato da direita e a imprensa conservadora irem tão longe. Não valia porque não existia neste país a riqueza que atualmente é a mais cobiçada da face da Terra, tão cobiçada que fez os Estados Unidos desencadearem uma onda de guerras contra países produtores de petróleo a fim de garantirem para si o abastecimento de um produto que escasseia no mundo e sem o qual esse país invasor poderia parar, literalmente.

É o pré-sal, estúpido. A Petrobrás, sob o governo Lula, tornou-se a quarta empresa mais valiosa do mundo. Um grupo político que consiga viabilizar a entrega dos subsolo brasileiro às petrolíferas multinacionais, exatamente como o governo Fernando Henrique Cardoso fez em 1997, ganhará dinheiro que sobrará aos seus descendentes daqui a mil anos.

As reservas de petróleo encontradas na camada pré-sal do litoral brasileiro estão dentro da área marítima considerada zona econômica exclusiva de nosso país. São reservas com petróleo considerado de média a alta qualidade, segundo a escala API.

O conjunto de campos petrolíferos do pré-sal se estende do litoral dos estados do Espírito Santo até Santa Catarina, com profundidades que variam de 1000 a 2000 metros de lâmina d’água e entre quatro e seis mil metros de profundidade.

Apenas com a descoberta dos três primeiros campos do pré-sal – Tupi, Iara e Parque das Baleias – as reservas brasileiras comprovadas, que eram de 14 bilhões de barris, aumentaram para 33 bilhões de barris. Além destas, existem reservas possíveis e prováveis de 50 a 100 bilhões de barris.

Há estimativas de que o preço do barril do petróleo deve chegar até a 80 dólares no ano que vem. Se tivermos, no limite, 100 bilhões de barris de petróleo enterrados no mar que banha as nossas praias, estaremos falando de OITO TRILHÕES DE DÓLARES.

Só para se ter idéia de quanto dinheiro é, basta dizer que o PIB dos EUA em 2009 foi de 14 trilhões de dólares. Ou seja, o Brasil pode ter mais da metade do PIB americano enterrado em seu litoral. Quanto vale a comissão de quem intermediar a venda de uma riqueza desse quilate? 1, 2 ou, quem sabe, até uns estupefacientes 3%?!

Muito dinheiro, não? Quem acha que há homens que matariam a própria mãe por tanta riqueza e poder?
Quem seriam esses homens? Penso que são aqueles que desde que se confirmou a riqueza imensurável que há em nosso subsolo apressaram-se em defender a privatização do subsolo brasileiro que o governo FHC promoveu, sobretudo em 1997 quando vendeu um enorme pedaço da Petrobrás.

As operações de exploração e produção de petróleo foram conduzidas pela Petrobrás de 1954 a 1997. Depois de 40 anos de monopólio da empresa, o trabalho de exploração, produção, refino e transporte do petróleo no Brasil foi permitido a empresas estrangeiras em 1997, quando Fernando Henrique Cardoso sancionou a Lei N° 9.478, que gerou a permissão.

Não é por outra razão que o PSDB e o PFL (agora disfarçado de “democratas”) propõem o regime de concessão para exploração do pré-sal enquanto que o governo Lula defende o regime de partilha.

No regime de concessão, que os tucanos implantaram no Brasil em 1997, a multinacional ganhará aquele pedaço do subsolo brasileiro para explorar e será a dona do que ali encontrar. Já no sistema do governo Lula, de partilha, tudo que for encontrado será do povo brasileiro e a quem extrair o petróleo caberá, simplificando, uma comissão pelo trabalho.

Essa riqueza toda pode dar ao país educação e saúde públicas de alta qualidade, por exemplo. Estradas, segurança, infra-estrutura… O pré-sal é o passaporte do Brasil e do seu povo para o Primeiro Mundo. Não lhe parece bom demais para ser verdade, leitor?

Sim, como você intuiu, há um problema. Para variar, os piratas da nação, os autores da mesma privataria que, por exemplo, vendeu o subsolo brasileiro ao privatizar a Vale, agora querem vender a Petrobrás. Por isso, não existe limite para o que o PSDB, o PFL, a Globo, a Folha, a Veja e o Estadão poderão fazer para eleger José Serra.

Fonte: Blog Cidadania.com

Continue lendo >>

Pascoal on line - Notícias de Raul Soares: O manifesto dos intelectuais

Pascoal on line - Notícias de Raul Soares: O manifesto dos intelectuais

Continue lendo >>

Em Aparecida, grupo prega contra candidatos a favor do aborto

A menos de 20 dias do segundo turno, celebração da padroeira se mistura ao debate político

Os fiéis que chegam ao Santuário Nacional de Aparecida (SP), muitos deles após longa romaria, alguns de joelhos, recebem um folheto assinado pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) que orienta o eleitor a não votar em candidatos favoráveis à descriminalização do aborto, uma referência indireta à presidenciável petista, Dilma Rousseff, que esteve ontem na cidade. Nesta terça-feira, quando comemora-se o Dia de Nossa Senhora Aparecida em todo Brasil, o presidenciável tucano, José Serra, acompanhará a missa solene no Santuário Nacional.

Sem citar diretamente qualquer presidenciável, o folheto cita o artigo 5º da Constituição Federal, que defende a inviolabilidade da vida humana. "Nas próximas eleições, deem seu voto somente a candidatos ou candidatas e partidos contrários à descriminalização do aborto", diz o documento. O texto é assinado por Dom Nelson Westrupp, Dom Benedito Beni dos Santos e Dom Airton José dos Santos, todos da Comissão Representativa dos Bispos do Regional Sul 1, ligado à CNBB.

No último dia 6 de outubro, a CNBB condenou o uso eleitoral da fé critã. Em nota, a Igreja afirma que grupos religiosos dentro da instituição têm "criado dificuldades para o voto livre e consciente". Segundo a entidade, esses grupos usam o nome da CNBB para induzir erroneamente os fiéis a acreditarem que a Igreja Católica impõe veto a qualquer candidato à Presidência. Segundo a nota, a Regional Sul 1 "constrange nossa consciência cidadã, como cristãos, atos, gestos e discursos que ferem a maturidade da democracia, desrespeitam o direito de livre decisão".

Centro da polêmica que guia o segundo turno da eleição presidencial, a discussão sobre o aborto já esbarrou no passado tanto na petista Dilma Rousseff (PT) quanto no tucano José Serra (PSDB). Embora os dois lados tenham reforçado nos últimos dias o discurso religioso e as manifestações contrárias à legalização do procedimento, partidos ou governos integrados por eles já colocaram em pauta o abrandamento da lei que trata do tema.

Fonte: Último Segundo

Continue lendo >>

domingo, 10 de outubro de 2010

Ciro Gomes: Serra e FHC não podem voltar ao poder

Continue lendo >>

terça-feira, 5 de outubro de 2010

Para analistas, Dilma vence segundo turno

Analistas dos Estados Unidos que apostavam na vitória da candidata do PT à Presidência, Dilma Rousseff, no primeiro turno avaliam que a escolhida do presidente Luiz Inácio Lula da Silva conseguirá a vitória no segundo turno, mesmo que a maioria dos votos da candidata Marina Silva (PV) vá para o candidato do PSDB, José Serra. "Dilma pode ter um começo de segundo turno mais apertado, mas deve conseguir ganhar com vantagem razoável", disse Christopher Garman, diretor para América Latina do Eurasia Group, em Washington.

De acordo com o diretor, a diferença entre Dilma e o candidato do PSDB, José Serra, no segundo turno deve ser de sete a dez pontos percentuais. Serra, avalia Garman, deve herdar em torno de 70% dos votos de Marina. Segundo ele, os votos que eram da candidata do PV são importantes, mas "é exagero o papel decisivo" que se tem dado à transferência desses votos no segundo turno.

Garman acredita que o cenário próspero do País, a figura do presidente Lula e a ideia de continuidade do governo devem continuar beneficiando a campanha de Dilma. "A dinâmica do segundo turno é mais favorável para Dilma", diz ele. Robert Wood, economista-sênior para América Latina da EIU (Economist Intelligence Unit) em Nova York, concorda que a maioria dos votos de Marina deve ir para Serra, o que não deve alterar o resultado final de vitória para Dilma, mas pode enfraquecer um pouco sua imagem pessoal.

Por outro lado, Wood reconhece que Dilma encontrará cenário mais positivo no Senado do que encontrou o próprio Lula no primeiro mandato. A soma das bancadas dos partidos que apoiam o governo Lula e a candidata petista chega a 43 dos eleitos. Com a contagem dos senadores que continuam com seus mandatos até 2015, esse número sobe para 57. Nessa conta estão senadores do PTB, partido que oficialmente está com o adversário José Serra (PSDB), mas que formam a base de Lula no Senado, e do PP, legenda que não formalizou coligação, mas que, no entanto, não faz oposição ao governo.

Wood, no entanto, observa que Dilma terá de fortalecer a imagem pessoal especialmente nos dois primeiros anos de governo, tendo em vista que não possui nem o carisma nem o histórico de Lula. Na estratégia do segundo turno, Wood não vê uma preocupação em esmiuçar programas de governo.

Segundo ele, isso não foi feito no primeiro turno e não deve ser feito agora. "Nos debates, os candidatos falaram muito genericamente sobre os programas de governo e não vejo Dilma e Serra entrando em muitos detalhes no segundo turno", afirmou.

Berço petista - Apesar de terminar a corrida eleitoral em primeiro lugar na cidade de São Bernardo - berço do PT e local onde o presidente Luiz Inácio Lula da Silva começou a carreira política, como sindicalista -, a candidata petista Dilma Rousseff não alcançou 50% dos votos válidos. Na contagem geral dos votos em São Bernardo, a petista teve 46% contra 32% do tucano José Serra e 19% de Marina Silva (PV), coincidentemente, o mesmo percentual de votos que os três presidenciáveis tiveram em todo o País.

Fonte: Diário do Grande ABC

Continue lendo >>

A pedido da Folha, Justiça manda tirar Falha de S.Paulo do ar

O site "Falha de S.Paulo", que satirizava os erros de cobertura da Folha de S.Paulo, foi obrigado por uma liminar da Justiça a suspender as suas atividades na internet, em ação movida pelo jornal.

A decisão liminar da 29ª Vara Cível de São Paulo, em 30 setembro, se deu por "uso indevido da marca", e os donos do site estão sujeitos à multa diária de R$ 1 mil se voltarem a usar a denominação ou suas derivações.

Os criadores do site, os irmãos Lino e Mario Ito Bocchini, garantem que a decisão da "Folha" de processar a "Falha" foi motivada pelas críticas brincalhonas aos erros do jornal, como o anúncio da morte do senador Romeu Tuma em 24 de setembro.

Os irmãos a classificam como censura e um atentado à liberdade de imprensa. As críticas que faziam à Folha, segundo eles, não eram mais duras do que as dos programas CQC e Casseta&Planeta ou as escritas pelo jornalista José Simão na própria Folha.

Censura

"Chega a ser cômico: o mesmo jornal que faz dezenas de editoriais acusando o governo de censura e bradando indignado por 'liberdade de expressão' comete esse ato violento de censura", criticam.
Eles avaliam q ue foi um ato covarde e de chocante hipocrisia contra o site, que permaneceu apenas duas semanas no ar: "O maior jornal do país movimentou um enorme escritório de advocacia e o Poder Judiciário contra um pequeno site independente."

Também criticam a Folha por "falta de humor, de esportividade e de respeito à democracia", destacam que "todos merecem liberdade de imprensa, menos quem não é da sua turma" e "parabenizam" o jornalão porque "a censura imposta por vocês será cumprida".

Fonte: Sindicato dos Jornalistas do Município do Rio de Janeiro

Continue lendo >>

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Gilmar Mendes será denunciado na ONU por telefonema de Serra


Para as entidades que subscrevem a denúncia, o caso apresenta indícios claros de interferência política nas decisões do Supremo. "Um juiz da mais alta Corte do País não pode receber telefonemas de uma das partes interessadas no meio do julgamento. Pediremos que as Nações Unidas avaliem o caso e cobrem providências do governo brasileiro, para que se faça uma investigação criteriosa dos fatos, inclusive com a quebra judicial do sigilo telefônico se for o caso", afirma a advogada Andressa Caldas, diretora da Justiça Global.
Da revista Carta Capital

O suposto telefonema do presidenciável José Serra (PSDB) ao ministro Gilmar Mendes, durante uma audiência no Supremo Tribunal Federal (STF), levou a ONG Justiça Global e uma série de outras organizações de direitos humanos a encaminhar uma denúncia para as Nações Unidas, devido às suspeitas de falta de independência do magistrado. A ligação telefônica, segundo reportagem da Folha de S.Paulo, teria ocorrido na quarta-feira 29, durante o julgamento de recurso do PT contra a obrigatoriedade de o eleitor portar dois documentos no dia da votação.

O recurso já havia sido acolhido por sete dos atuais dez ministros da Corte (Eros Grau se aposentou e ainda não foi substituído) quando Mendes decidiu pedir vistas do processo. No dia seguinte, votou contra a requisição petista. De toda maneira, a votação terminou em oito votos favoráveis e dois contra. E, agora, o eleitor pode se apresentar no pleito com qualquer documento de identificação oficial com foto. Vitória do PT, que temia que os eleitores de baixa renda e escolaridade deixassem de votar em função da exigência de dois documentos.

Para as entidades que subscrevem a denúncia, o caso apresenta indícios claros de interferência política nas decisões do Supremo. "Um juiz da mais alta Corte do País não pode receber telefonemas de uma das partes interessadas no meio do julgamento. Pediremos que as Nações Unidas avaliem o caso e cobrem providências do governo brasileiro, para que se faça uma investigação criteriosa dos fatos, inclusive com a quebra judicial do sigilo telefônico se for o caso", afirma a advogada Andressa Caldas, diretora da Justiça Global.

De acordo com ela, o documento deverá ser encaminhado na tarde desta sexta-feira à brasileira Gabriela Carina de Albuquerque da Silva, relatora especial da ONU sobre a independência de juízes e advogados, e ao Alto Comissariado das Nações Unidas. "Normalmente, encaminhamos esse tipo de denúncia apenas à relatoria da ONU, mas como a titular do cargo é brasileira talvez ela se sinta impedida de avaliar o caso". Razões para isso não faltam, afinal Gabriela foi assessora de Mendes na época em que ele era presidente do Conselho Nacional de Justiça (CNJ).

Andressa ressalta ainda que o ministro Gilmar Mendes, ex-advogado geral da União no governo Fernando Henrique Cardoso, foi acusado outras vezes de atuar de forma parcial no Supremo. "Em diversos casos, o magistrado se pronunciou antes de avaliar os autos do processo e emitiu opiniões contestáveis, por exemplo, ao criminalizar a atuação de movimentos sociais, como o MST", afirma a advogada. "É por isso que está tomando corpo um movimento pelo impeachment de Mendes. Não temos posição firmada a esse respeito, mas consideramos que esse caso do suposto telefonema de Serra ao ministro, durante o julgamento de um recurso apresentado pelo partido de sua principal oponente nas eleições, deve ser criteriosamente investigado. E, caso se comprove a falta de autonomia, o magistrado precisa ser punido".

Entre as entidades que subscrevem a denúncia, estão a Rede Nacional de Advogados Populares (Renap), o instituto Ibase e a ONG Terra de Direitos. Além de reportar o caso do telefonema de Serra, o documento enumera outros deslizes do ministro e expõe sua estreita relação com políticos ligados ao PSDB.

Fonte: Agência Carta Maior

Continue lendo >>

sábado, 2 de outubro de 2010

Profissão Repórter

José Luiz Teixeira*
Gilmar Mendes, segundo a Folha de S. Paulo, teria recebido ligação de José Serra antes do julgamento da obrigatoriedade de dois documentos para votar

Os repórteres Moacyr Lopes Júnior e Cátia Seabra, da "Folha de S.Paulo", podem ter contribuído, na última quinta-feira, para derrubar o segundo turno das eleições presidenciais brasileiras com uma simples nota jornalística.

Ao noticiar o telefonema de José Serra ao ministro Gilmar Mendes, do STF, podem ter abortado um eventual plano de postergar o julgamento sobre a obrigatoriedade de apresentação de dois documentos na hora do voto.

Em tese, caso o STF não derrubasse esse item da legislação, a abstenção entre os eleitores de menor escolaridade poderia tirar da candidata do Governo os dois ou três por cento necessários, segundo os institutos de pesquisa, para ganhar já no primeiro turno.

Ironia do destino: Moacyr e Cátia teriam prejudicado o candidato que Lula e José Dirceu acusam de ser apoiado pela "Folha".

Além de alimentar as mais complexas teorias da conspiração, o pequeno grande fato demonstra a importância dos repórteres na linha editorial dos jornais.

Por mais que o dono de um veículo de comunicação possa apoiar este ou aquele candidato, ele não tem o poder de monitorar todo o noticiário a ser publicado.

Quem levanta e escreve a notícia é o repórter; e ele a acompanha como quem cuida de um animal de estimação, ou até mesmo de um filho, desde a redação até sua publicação no dia seguinte.

Ainda que sejam verdadeiras as acusações de Lula e de José Dirceu de que a "Folha" apóia o candidato do PSDB, seus diretores não poderiam censurar a notícia da suposta conversa com Gilmar Mendes.

Aos poderosos, portanto, não basta conquistar para suas causas os donos dos jornais, rádios e TV; se quiserem ficar bem na fita, não podem desprezar os repórteres.

Até porque, se forem inimigos do peão do jornalismo, esse chato que geralmente está iniciando na profissão e tem mania de denunciar as mazelas de todo mundo, podem ficar marcados.

Gilmar Mendes, por exemplo, foi figura fundamental para acabar com o diploma de jornalismo, desagradando grande parte do reportariado nacional que penou quatro anos na faculdade para ganhar uma profissão.

Como ocorreu na última quarta-feira, haverá sempre um repórter de olho nele.

*José Luiz Teixeira é jornalista. Formado pela Faculdade Cásper Líbero, trabalhou em diversos órgãos de imprensa, entre os quais as rádios Gazeta, Tupi e BBC de Londres, e os jornais O Globo, Folha de S.Paulo e Folha da Tarde.
Fonte: Portal Terra

Continue lendo >>

  ©Template by Dicas Blogger.

TOPO