terça-feira, 23 de novembro de 2010

Os “Porquês” do Robson

Por Nélio Azevedo

Na cerimônia de posse do novo presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), o mineiro Robson de Andrade fez um discurso repleto de “porquês”, sendo que alguns não tinham razão de ser, outros, sim; são porquês que estão aí há muito tempo e, nenhum governante conseguiu ou não quis respondê-los.

O jornalista Teodomiro Braga, do Jornal O Tempo, achou que o Presidente Lula, presente à cerimônia, deveria tê-lo respondido, eu acho que uma resposta ao querelante seria o suficiente: - por que eu deveria respondê-las, se nenhum outro presidente desde 1889 nunca foi sequer perguntado sobre estes incômodos porquês?

Estranhamente, ele, o Presidente empossado, Sr. Robson de Andrade, homem de competência inquestionável, já que foi indicado e escolhido por unanimidade, quebrando um ciclo de mais de 15 anos de hegemonia nordestina, pertence e representa uma classe que nos deu alguns presidentes, muitos governadores, dezenas de ministros e seus pares, os grandes, pequenos e médios empresários desse país, são os maiores financiadores de campanhas políticas há décadas. Será por que eles que estiveram sempre ao lado de todos os mandatários eleitos e aclamados na nossa República nunca tiveram nenhuma iniciativa em apresentar projetos que proporcionassem as mudanças pedidas por ele? Por que será que nenhum partido da oposição ou situação nunca apresentou um projeto de reforma tributária?

Todas essas questões apresentadas pelo Sr. Robson já estão aí há tempos, nunca um governante desse país se propôs a fazer mudanças que contrariassem os donos do capital.Querer agora que justamente o Presidente em fim de mandato dê uma canetada e mude toda nossa realidade social-política-econômica da noite para o dia.

Muito se fala em mudanças na política tributária e, lembro-me como se fosse hoje de uma fala do ex-Presidente FHC, diante dos problemas da falta de recursos provocada pela privatização, de que era preciso aumentar a base de arrecadação, quando o que deveria ser feito era impedir a sonegação, já que ele admitia publicamente que se houvesse uma justiça quanto ao pagamento dos tributos, os contribuintes poderiam pagar a metade do que pagavam, tamanha era a sonegação (algo em torno de 50%).

Nessa época, eu recebi uma revista da Federação Paulista da Indústria que lamentava a fuga de 73 empresas do ABCD paulista para outras regiões do país, atrás de benesses governamentais ou de alívio da carga tributária nessa guerra fiscal empreendida pelos estados em busca de compensações pelo que impunha a lei.
Deveriam perguntar aos governantes passados porque o BNDES fechou suas portas aos empresários brasileiros e as escancarou para os grandes grupos estrangeiros durante o processo de privatização.

Da mesma forma que os produtores agrícolas sempre lamberam as botas dos governos que os pisava por falta de uma política agrícola ou de um planejamento de produção, transporte, preço e abastecimento e, principalmente por uma falta de justiça no acesso à terra, os empresários brasileiros reclamam dos governantes e os sustenta desde que o Brasil era uma colônia.  A maioria dos empresários brasileiros morria de medo do Lula chegar à presidência, diziam que se mudariam com empresa e tudo até para o Paraguay, numa clara declaração de que o Brasil só é bom para eles ganharem dinheiro, obterem lucro e vantagens. Veio o Lula e o país se tornou a quinta maior potência econômica do mundo, mas, os empresários continuam insatisfeitos e o tal congresso nacional não fala em reforma política ou tibutária.

O que será, que será?  

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