terça-feira, 11 de maio de 2010

SÓ PARA LEMBRAR

Por Nélio Azevedo

Pegando um gancho no texto do Laerte Braga, gostaria de dizer que para algumas pessoas, esses dados são uma triste lembrança; para outras, uma surpresa, já que isso não foi amplamente divulgado.

Saiba que o senhor sociólogo-rei FHC, que governou o país por uma década, antes de vender as empresas telefônicas, investiu 21 bilhões de reais no setor, em dois anos e meio. Vendeu tudo por uma entrada de 8,8 bilhões de reais ou menos – porque financiou metade da “entrada” para grupos brasileiros. Como alguns desistiram ou não pagaram, o BNDES virou sócio das teles.

Na venda do Banerj, o “comprador” pagou apenas 330 milhões de reais e o governo do Rio tomou, antes, um empréstimo dez vezes maior, 3,3 bilhões de reais para pagar direitos trabalhistas.

Os outros bancos estaduais não foram diferentes na venda, Agrimisa, Credireal, Bemge, Bamerindus e tantos outros foram saneados – gastaram bilhões para saldar os passivos trabalhistas – e vendidos a preço de banana para os grandes bancos.

Na privatização da rodovia dos Bandeirantes, a empreiteira que ganhou o leilão recebeu 220 milhões de pedágio por ano desde que assinou o contrato – e até abril de 1999 não começara a construção da nova pista.

A Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) foi comprada por 1,05 bilhão de reais, dos quais 1,01 bilhão em “moedas podres” – vendidas aos “compradores” pelo próprio BNDES, financiadas em 12 anos, no final das contas ela desembolsou apenas 38 milhões de reais. Até a Light recebeu um empréstimo de 730 milhões de reais no ano de 1998. E, para aumentar os lucros dos futuros “compradores”, o governo engoliu dívidas bilionárias, demitiu funcionários, investiu maciçamente e até aumentou tarifas e preços antes da privatização.

O caso mais escandaloso de “investimentos para enriquecer os compradores” foi o do sistema Telebrás. Em 1996, o governo duplicou os investimentos nas teles, alcançando 7,5 bilhões de reais, chegou aos 8,5 bilhões em 1997 e investiu mais 5 bilhões no primeiro semestre de 1998, totalizando, portanto, 21 bilhões de reais de investimentos em dois anos e meio. Uma das conseqüências dessa gastança foi o “ajuste fiscal” que o governo foi obrigado a fazer no fim de 1997. Os setores que mais sofreram cortes no orçamento da união foram a saúde e a educação, sem contar que todas as verbas para o Nordeste quase desapareceram. Mesmo com a projeção feita pelo falecido ministro Sérgio Motta, de que a privatização das teles renderia algo perto de 35 bilhões de reais, não chegou a 11,3 bilhões e recebeu de imediato só 5,4 bilhões.

As privatizações não contribuíram para reduzir o rombo e as dívidas do Tesouro – totalmente atolado em 1999, com o pagamento de juros na casa astronômica dos 130 bilhões de reais. Uma dívida impagável que equivalia na época ao orçamento da União – excluindo-se a Previdência. Esse conjunto macabro deveria trazer ao país uma forte entrada de dólares, o que não aconteceu e para completar o sinistro quadro, permitiu às empresas privatizadas aumentar em muito a remessa de lucros para o exterior. O aparelhamento das teles forçou as importações para além de 11 milhões de reais, contra um total de 3 bilhões exportados, criando um déficit na balança de 8 bilhões de reais.

Para suprir o rombo na economia do país, o governo não tinha mais as estatais para suprir os cofres, ele lançou mãos de tudo que pôde, FGTS; FAT; PIS-Pasep; criando uma dívida com os trabalhadores desse país de mais de 60 bilhões de reais. Tudo somado, contas bem feitas mostrariam que as privatizações não reduziram o rombo do governo. Ao contrário, elas contribuíram para para aumentá-lo e aquele governo admitiu isso com todas as letras. Na carta de intenções que o ministro Malan (malandramente) entregou ao FMI. Mas, só contou pra eles.

Não vou me estender mais nem falar na Petrobrás; nem na Vale; nem na Fepasa onde o governo privatizou dinheiro em caixa; mas, o povo brasileiro tem que se lembrar ou saber o que realmente se passou nesse país para que não aconteça novamente depois das eleições que teremos para Presidente da República, de qual governo nós queremos que uma continuidade. Esse que está aí ou o que passou como um vendaval que entregou nossas estatais de mãos-beijadas?

Fontes:
BNDES – “Privatização na indústria de telecomunicações, antecedentes e lições para o caso brasileiro, de Florinda Antelo Pastoriza”.

Brasil Privatizado – de Aloysio Biondi - 1999

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