domingo, 16 de maio de 2010

UAI! AÉCIO É NEVES DA CUNHA OU É KFOURY?

Aécio                                             Kfouri

Por Laerte Braga

Bem informado em matéria de trampolinagens tucanas, parte da coligação que apoia José Arruda Serra, o jornal THE GLOBE, em sua edição brasileira, O GLOBO, anuncia que o ex-governador Minas Aécio Neves da Cunha está inclinado a ceder às pressões do tucanato paulista e acabar sendo o vice de Arruda Serra.

Há cerca de dois meses, mais ou menos, o então governador de São Paulo Arruda Serra encomendou ao jornalista Juca Kfoury, um dos seus boys na mídia, algo que pudesse tirar Aécio Neves da Cunha do páreo na disputa presidencial. É que Aécio estava começando a seduzir as bases tucanas e defendia a tese de uma prévia entre os filiados do PSDB para a indicação do candidato.

Dileto servidor de Arruda Serra, parceiro de Arruda Serra nos jogos do Palmeiras, o jornalista Juca Kfoury executou o “serviço” às raias da perfeição. Em nota em sua coluna num dos jornais da grande e podre mídia brasileira, deu conta que o ex-governador de Minas, em visível estado de “alteração”, havia dado um tapa em sua namorada, num evento no Rio de Janeiro. E para fazer jus aos mimos de Arruda Serra foi mais além.

Disse que os brasileiros deveriam pensar bem antes de escolher seus candidatos para evitar a repetição de fatos como os acontecidos com a eleição de Fernando Collor de Mello em 1989.

Insinuação mais clara, mais contundente sobre o suposto uso de drogas pelo ex-governador mineiro não poderia ter aparecido na mídia que essa feita por Kfoury.

Sabedor do caráter de Arruda Serra, quer dizer nenhum, da absoluta falta de escrúpulos do governador paulista e do que viria a seguir, seja via Juca Kfoury ou outros prepostos, matadores a serviço de Arruda Serra, Aécio tirou o time de campo e anunciou que não iria disputar a convenção do seu partido, que seria candidato ao Senado e num discurso na grande BH, na inauguração do centro administrativo do estado, com Arruda Serra presente, disse alto e bom som para o paulista (vaiado desde a sua chegada a Minas) que “o meu primeiro compromisso é com Minas e com os mineiros”.

Aécio Neves da Cunha é neto do ex-presidente Tancredo de Almeida Neves, cresceu ao lado do avô e filho de Aécio da Cunha, ainda vivo, deputado por vários mandatos pelo antigo Partido Republicano, o do ex-presidente Artur Bernardes.

Mas precisa explicar a Minas Gerais qual é esse “primeiro compromisso com Minas e os mineiros”. Se é manter-se Neves da Cunha, ou virar Arruda Serra, de joelhos diante de FHC que o chamou de “moleque”, quando percebeu que o mineiro estava atrapalhando Arruda Serra e poderia, lógico, atrapalhar os “negócios” que Arruda Serra representa e dos quais FHC é patrono. O tal virado paulista.

Se o compromisso foi firmado com cuspe e retórica de político menor ou se é um negócio com selo de sobrenome?

Aécio, até agora Neves da Cunha, deve ser eleito senador por Minas Gerais com cerca de 70% dos votos segundo indicam as pesquisas e pode arrastar o ex-presidente Itamar Franco de volta ao Senado, na segunda vaga.

Com a conhecida rejeição ao ex-ministro e senador Hélio Costa (larga sempre à frente e no final manca, perde), tem chances de eleger o governador do estado, o atual chefe do executivo, o professor Anastasia, como o próprio Aécio o chama.

Nas análises do grupo de Aécio, ainda Neves da Cunha, a tarefa é simples. Basta levar as eleições para o segundo turno que Hélio Costa se enrola, se lasca, perde como perdeu duas. Ou ganha no primeiro, ou não ganha (as chances são maiores agora por conta do apoio do presidente Lula).

Como um dos pontos que serviu para que o grupo chegasse a essa conclusão, está a eleição de 2006 do atual senador Eliseu Resende. O candidato, que sozinho não ganha para síndico de prédio, estava atrás em todas as pesquisas, bem atrás e numa semana correndo Minas com o ex-ministro da ditadura, construtor propineiro da ponte Rio-Niterói, Aécio levou-o ao Senado, onde dormita em sua ineficiência absoluta.

Se isso foi possível, Eliseu não fala e anda ao mesmo tempo, eleger Anastasia que fala e anda ao mesmo tempo é um técnico competente dentro daquilo que se propõe a fazer (fazer errado é outra história, mas é competente até na corrupção) não é tão difícil assim.

Servir a cabeça em bandeja de prata para um político corrupto e sem escrúpulos como José Arruda Serra aí é outra história.

Deixa de ser Aécio Neves da Cunha, vira Aécio Kfoury, pratica suicídio político, vai terminar seus dias como Marco Maciel, uma dessas múmias que por não abrir a boca para nada dá a impressão de significar ou saber alguma coisa (quando foi ministro de Sarney e depois de Collor, Maciel teve que sair correndo tamanhas as besteiras que fez, descobriram que o silêncio era para esconder além da venalidade, a burrice).

O compromisso com Minas e os mineiros vai para o espaço, acaba sendo balela de retórica, atrela o estado aos interesses FIESP/DASLU, viramos colônia do esquema, da mesma forma que Arruda Serra vai nos transformar, se eleito (cada vez mais difícil) em colônia dos EUA.

Aécio, que continua sendo até segunda ordem Neves da Cunha, corre o risco de jogar por terra todo o prestígio construído em Minas, mesmo que a custa de um governo de fantasia.

Na hora agá vira cavalo paraguaio, sem qualquer ofensa aos paraguaios.

THE GLOBE não iria publicar a notícia assim tirada ao léu. A edição brasileira do jornal, O GLOBO, ou está armando para o mineiro, ou está pressionando tipo Juca Kfoury, ou seja chantagem pura a mando de Arruda Serra, ou o pior, o ex-governador de Minas Gerais acaba de trocar de nome.

Deixa de ser Aécio Neves da Cunha e vira Aécio Kfoury. Cãozinho amestrado de José Arruda Serra. Nesse caso vai ter que ir a Sampa e beijar as mãos de FHC (que era detestado por seu avô Tancredo. Considerava FHC um falso profeta).

E vai passar os próximos quatro anos sem mandato. Ou dois, pode ser que queria ser vereador ou prefeito em BH.

A eventual troca de nomes do ex-governador de Minas não tem nada a ver com a política antiga chamada café com leite. É cair de quatro mesmo se acontecer.

E nem é bom falar que vice em campanha é aquele negócio de agüentar o inaguentável. Tipo assim, entrevista no programa da Ana Maria Beltrão com palpites da Lúcia Hipólito. Ou uma receita para a Ana Maria Braga, coisas do gênero.

No máximo uma entrevista com Miriam Leitão, atualmente em baixa com o chefe Arruda Serra (tomou uma bronca pública por ter feito uma pergunta fora do script).

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