quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

Alípio Freire: As forças internas de ocupação

Carta aberta a Paulo Vannuchi, Ministro, Cidadão Brasileiro, Companheiro e Amigo

Caro Paulo,

acabo de tomar conhecimento da notícia (abaixo) sobre a ameaça de pedido de demissão do ministro da Defesa Nelson Jobim, e dos seus patronos, os comandantes das Três Armas, e da negociação encaminhada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

A indignidade e o golpismo desses setores representados pelo ministro Jobim e os três comandantes não nos surpreende. Não nos surpreende sequer a escolha dos momentos de maior desmobilização (como as festas de final de ano) para que façam suas chantagens e gerem crises: entre outras medidas, o Ato Institucional Número 5 também foi anunciado na noite de uma sexta-feira, às vésperas das festas de final de ano de 1968 (13 de dezembro).

Gostaria sinceramente de me orgulhar das nossas Forças Armadas, que nos deram homens da envergadura de João Cândido, Luiz Carlos Prestes, Apolônio de Carvalho, Henrique Dufles Teixeira Lott, Alfeu D'Alcântara Monteiro, Carlos Lamarca - para ficarmos apenas no universo dos nomes mais conhecidos publicamente, sem citar os milhares de Marco Antônio da Silva Lima, José Raimundo da Costa, Otacílio Pereira da Silva, José Mariane Alves Ferreira, Onofre Pinto e tantos outros, alguns dos quais constam da lista daqueles que foram assassinados e outros que, além de assassinados, tiveram seus cadáveres ocultados - os "desaparecidos", por ordem de seus antigos companheiros de farda.

A verdade, porém, é que a cúpula atual das nossas Armas, em sua grande maioria, pouco difere daqueles energúmenos que rasgaram a nossa Constituição com o golpe de 1964, e instalaram o Terror de Estado, para garantir os privilégios da elite econômica, o esbulho da classe trabalhadora e do nosso povo, e instituir consignas aviltantes, do tipo "O que é bom para os Estados Unidos, é bom para o Brasil". Assim, por maior que sejam a minha boa vontade e meu esforço nesse sentido, não há como nos orgulharmos de instituições comandadas por políticas desse tipo. Mas, um dia as mudaremos, também.

Sim, senhor Ministro; sim, Cidadão Paulo Vannuchi; sim meu amigo e companheiro de todas as lutas e jornadas pela democratização e aprofundamento da democracia em nosso país: esses senhores de hoje são os mesmos de sempre. São aqueles mesmos que, com base na truculenta Doutrina de Segurança Nacional forjada no War College de Washington no imediato pós Guerra, forjaram a Lei de Segurança Nacional – LSN, que vigorou durante a ditadura, até ser derrubada pelas nossas jornadas democráticas da segunda metade dos anos 1970 e início dos 1980.
A mesma torpe e sinistra LSN que o senhor ministro da Defesa Nelson Jobim tenta hoje restaurar, a mando dos seus superiores (os comandantes das Três Armas), a serviço dos interesses que em 1964 empolgaram grande parte da cúpula militar de então. Uma Doutrina e uma Lei de Segurança Nacional que transforma a nossa classe trabalhadora, nosso povo e todos os democratas e homens e mulheres de bem deste País, em "inimigos internos", e achincalha nosso Exército, Marinha e Aeronáutica, conferindo-lhes o papel de polícias, de forças repressivas contra os nossos melhores cidadãos e cidadãs. Uma Doutrina e Lei de Segurança Nacional que transformam, enfim, nossas Forças Armadas, em Forças de Ocupação Interna, para a defesa dos interesses dos grandes centros econômicos internacionais, retirando-lhes e invertendo, assim, o papel mais digno, honrado e decente que deveriam cumprir: o de defensores da nossa soberania, e fiadores da nossa Constituição.

A impostura que eles e seus representados têm utilizado, é a questão do "revanchismo", cada vez que falamos responsabilização judicial e punição nos termos das leis da Nossa República, que devem ser aperfeiçoadas nesse sentido. E isto, ainda que, a rigor, sequer necessitemos mudanças na atual Lei da Anistia, para levarmos aos nossos tribunais de hoje, os celerados de antanho. A leitura e argumentos do professor e jurista Fábio Konder Comparato sobre o texto da Lei de Anistia em vigor, especialmente no que diz respeito aos "crimes conexos", são suficientes para levarmos em frente os processos - e esses generais, brigadeiros e almirantes que ora se insubordinam, sabem disto.

E sabem também que "revanchismo" seria pretender que os acusados (diretos ou indiretos) de crimes de tortura fossem seqüestrados, levados para cárceres clandestinos onde permaneceriam desaparecidos durante o tempo que melhor aprouvesse aos seus seqüestradores; onde seriam interrogados sob as mais aviltantes torturas; e, depois, aqueles que sobrevivessem aos meses de incomunicabilidade e sevícias, que sobrevivessem ao chamado "terror dos porões", fossem submetidos à farsa burlesca do julgamento nos tribunais de guerra.
Esses senhores sabem muito bem que não nos propomos a isto a que fomos submetidos; que não nos propomos a qualquer terror que lembre, sequer aparentemente, os métodos por eles utilizados, e que agora tentam acobertar. Sabem muito bem que somos homens e mulheres formados em outros princípios, e que jamais nos utilizaríamos de qualquer dos seus métodos, ou com eles seríamos coniventes. O que pretendemos pura e simplesmente é apenas responsabilização judicial e punição nos termos das leis da nossa República, dos responsáveis diretos pelas torturas e de seus mandantes, garantindo-lhes todo o direito de assistência jurídica e de defesa.

Exercer e/ou aperfeiçoar os mecanismos legais que constituem a República, é praticar a democracia - pois, para nós, a democracia é o exercício permanente de direitos isonômicos, e não um palavreado ambíguo e balofo, um florilégio para ornamentar discursos autoritários de lobos travestidos de cordeiros, como as recentes chantagens de pedido de demissão e criação de uma crise militar, num momento em que os chamados movimentos e organizações da sociedade civil estão desmobilizados, o Congresso Nacional e demais esferas legislativas em recesso e, no que diz respeito ao Judiciário, o País está à mercê do arbítrio pessoal de um trânsfuga que ocupará a Presidência do Supremo Tribunal Federal até o próximo dia 31 de dezembro, o doutor Gilmar Mendes.
Obviamente, num quadro como o descrito acima, o armistício foi a saída imediata possível – até por que, uma guerra não se perde e não se ganha numa única batalha. Além disto, nenhuma vitória (bem como nenhuma derrota) é definitiva. O certo é que nessa medição de forças experimentada – cujo desfecho esperado pelo ministro Jobim e seus patrões, seria a queda do ministro da Secretaria Especial de Direitos Humanos – Paulo Vannuchi, tal não aconteceu e, se depender dos setores democráticos e mais bem informados do nosso povo, ao contrário do que pretendem os três comandantes militares (os homens fortes do Ministério da Defesa), quem poderá cair será o próprio senhor Nelson Jobim – o que entendemos, seria um grande avanço para a nossa ainda frágil democracia.

E não se trata de triunfalismo, ou efeito retórico: apesar da desmobilização de final de ano, lançado há apenas duas semanas, o Manifesto Contra Anistia a Torturadores, da Associação Juízes para a Democracia e dirigido  aos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) e ao Procurador Geral da República e que circula na internet, já reuniu cerca de 10 mil assinaturas. Iremos reforçá-lo.

Sem dúvida, o respaldo do senhor Jobim – além dos tanques e baionetas, que encarnam apenas o braço armado de um conjunto de interesses econômicos e eleitorais – são aquelas mesmas forças que tramaram e organizaram há cerca de dois anos a crise dos aeroportos,  cuja culminância foi um dos maiores desastres aéreos dos últimos tempos, com mais de duas centenas de mortos, no aeroporto de Congonhas. Mas, que importância têm vidas humanas para ambições políticas, econômicas e pessoais de homens como o doutor Jobim e seus pares? O importante para eles é que toda a armação tramada resultou na queda do então ministro da Defesa, senhor Valdir Pires, e na ascensão do senhor Nelson Jobim.

Apenas para refrescar as nossas memórias, lembramos que, a primeira visita feita em São Paulo pelo ministro Jobim, depois de se deixar fotografar fantasiado de bombeiro entre os escombros do avião acidentado, foi ao seu amigo de longa data, o governador José Serra.

Entre outros, os interesses eleitoreiros da crise inaugurada neste 22 de dezembro de 2009 são tão óbvios, que nem merecem que os analisemos – sobretudo depois das sucessivas investidas neste sentido, ao longo deste ano (2009). Sobre o que eles prometem para o próximo ano, basta acessarmos "Reparação" – três minutos do trailer oficial do documentário longa-metragem que a direita lançará em 2010. Verdadeiro primor: o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, lado a lado com outros coristas da dimensão do jornalista Demétrio Magnoli e do acadêmico Marco Antônio Villa – sim, amigo Vannuchi, uma verdadeira quadrilha naturalista (talvez não tão naturalista...).

Mas, continuaremos as nossas batalhas – que não começaram ontem, nem acabarão amanhã. E temos ainda toda energia necessária para as enfrentar e vencer. A mesma energia que nos garantiu poder chegar aos dias de hoje, de cabeça erguida, podendo olhar nos olhos de qualquer cidadão, pois jamais fomos reféns de quem quer que fosse, menos ainda, de canalhas.

A esse respeito, é muito interessante lermos e relermos cuidadosamente o depoimento (ver no pé desta mensagem) do coronel e torturador Carlos Alberto Brilhante Ustra, que comandou o DOI-COD e que está sendo processado por familiares de algumas das suas vítimas: uma obra prima de ameaças e chantagens contra seus superiores hierárquicos nos tempos da ditadura. Lá estão todos os nomes. É como se o senhor Ustra dissesse: “Não senhores, não cairei sozinho. Tratem de livrar a minha barra, pois, do contrário, arrasto todos comigo”. Imagine, caro ministro Vannuchi, o pânico desses quatro senhores que ameaçaram criar uma crise militar... como se dizia em gíria de cadeia, “o maior sapo-seco”, “uma p... sugesta!”.

Pois é, meu Companheiro Vannucchi, seguimos mais uma vez juntos, e até o fim, nesta nova trincheira onde, mais uma vez ainda, o que está em jogo é a classe trabalhadora, o povo e todos os/as democratas e homens e mulheres de bem deste País.

Com o mais forte e fraternal abraço,

ao Ministro, ao Cidadão Brasileiro, ao Companheiro e ao Amigo,

de
Alipio Freire

Fonte: Vi o Mundo / Luiz Carlos Azenha

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Financial Times inclui presidente Lula entre os 50 nomes que moldaram a década

Por ser o líder mais popular da história brasileira, o presidente Lula foi escolhido pelo jornal britânico Financial Times como uma das 50 personalidades que ajudaram a moldar a última década. Segundo a publicação, "sob seu comando, o Brasil finalmente começou a confirmar seu enorme potencial e muitos, incluindo o Fundo Monetário Internacional (FMI), estimam que seja a quinta maior economia do mundo antes de 2020, trazendo mudança duradoura para a ordem mundial".

Outras publicações internacionais também prestaram homenagem ao presidente brasileiro este ano. O jornal espanhol El Pais o elegeu Personalidade do Ano e o jornal francês Le Monde o escolheu como Homem do Ano.

A lista inclui políticos, empresários, esportistas e artistas, entre os quais o presidente americano Barack Obama e o seu antecessor, George W. Bush; o primeiro-ministro russo Vladimir Putin; o presidente chinês Hu Jintao; o líder da Al Qaeda Osama Bin Laden; o criador do Facebook Mark Zuckerberg, o artista Damien Hirst, o biólogo Richard Dawkins e o fundador da Apple Steve Jobs.

Confira o artigo e a lista completa:
http://www.ft.com/cms/s/0/32e550e8-efd4-11de-833d-00144feab49a.html

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quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

Saúde: Intoxicação caseira

Agência FAPESP – Se comer fora de casa pode ser arriscado, preparar o próprio alimento também não garante isenção de contaminações. A Secretaria de Saúde do Estado de São Paulo levantou que 27% dos casos de intoxicação alimentar, registrados entre 1998 e 2008, foram gerados por ingestão de alimentos preparados nas residências.

Nesse período, a Secretaria computou 76,8 mil casos de doenças transmitidas por água e alimentos (DTA). A grande maioria deles – 72,5 mil – são casos de diarreia aguda causada por bactéria, principalmente a Salmonella, responsável por 7 mil deles.

No entanto, de acordo com o órgão, o dado que mais chamou a atenção foi o alto número de intoxicações ocorridas nas residências, que superou as provocadas por alimentos ingeridos em estabelecimentos comerciais ligados à área de alimentação como restaurantes, bares e padarias, que respondem por 24% do total.

Creches, escolas, asilos e outros locais representaram 39% das intoxicações alimentares e em 10% dos casos não houve registros do local de contaminação. A Secretaria Estadual da Saúde divulgou uma série de dicas para o preparo de alimentos em casa, como atenção especial aos utensílios de madeira, não utilizar a mesma faca em alimentos diferentes sem lavá-la antes, entre outros divulgados no site: http://www.saude.sp.gov.br/content/stethuspuj.mmp
 

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sábado, 26 de dezembro de 2009

CARISMA DE LULA: Um fator de risco

Por Lúcio Flávio Pinto em 24/12/2009 

Reproduzido do Jornal Pessoal nº 455, 2ª quinzena/dezembro 2009


Um oficial do serviço secreto do exército dos Estados Unidos perguntou a Albert Speer, preso em 1945 à espera do julgamento dos criminosos de guerra nazistas pelo Tribunal de Nuremberg, dentre os quais era o mais destacado, o que devia fazer para progredir na vida e ser útil ao seu país. "Explore o seu carisma", recomendou o arquiteto-chefe de Adolf Hitler. Era o conselho mais poderoso que ele podia dar. O carisma salvaria o próprio Speer de ser enforcado junto com os outros 10 principais representantes do III Reich presos pelos Aliados, alguns dos quais com um currículo menos negativo do que o próprio ministro. Ele foi o responsável pelo funcionamento da terrível máquina de guerra do nazismo, que matou dezenas de milhões de pessoas.

Durante 12 anos, Albert Speer foi o auxiliar mais próximo de Hitler, executando todas as suas ordens, exceto a final: destruir tudo que ficasse atrás da retirada das já derrotadas tropas alemãs, na mais selvagem das políticas de terra arrasada de todos os tempos. No que pôde, Speer não cumpriu a determinação. Foi além: disse pessoalmente ao Führer que, dessa vez, não faria a sua vontade. Hitler, seus assessores e o III Reich passariam, mas a Alemanha devia continuar. Surpreendentemente, o maior dos ditadores da história não mandou executar o auxiliar insubmisso, como teria feito a qualquer outro, incluindo Herman Göering, o marechal do Reich, o segundo na linha sucessória propriamente militar (ou paramilitar).

Pelo contrário: Speer é que chegou a conceber um plano para liquidar Hitler e sua equipe mais íntima, já refugiada no bunker ao lado da chancelaria, em Berlim, onde o Führer passaria seus dias derradeiros e se suicidaria, quando as tropas russas já ocupavam a capital. Ao depor em Nuremberg, Speer disse que um detalhe, que impossibilitava a liberação de gás para o interior da casamata, o impediu de matar Hitler antes que ele completasse a destruição do país. Se o III Reich não ia mais durar um milênio, Hitler queria levar tudo que pudesse consigo para o inferno, sem o sentido alegórico da expressão.

Olhar sobre o subúrbio

Nunca se conseguiu provar ou desmentir essa hipótese. Foi em torno dela, como fato concreto conhecido apenas por ele próprio, que Speer construiu sua brilhante tese de defesa: de que foi leal a Hitler, mesmo em seus paroxismos de loucura, enquanto ele foi leal à Alemanha; quando o exercício poder pelo Führer se tornou estritamente pessoal, e assumiu um caráter paranóico, Speer manteve lealdade apenas à Alemanha.

Mero oportunismo? Não exatamente, já que ele foi ao bunker comunicar a Hitler que decidira se dissociar. E, surpreendentemente, saiu de lá incólume. Estava são e salvo ao ser localizado pelas tropas aliadas, às quais se entregou pacificamente. A partir daí, desmontou o esquema de defesa concebido e liderado por Göring, que, derrotado, conseguiu se suicidar horas antes da execução.

Speer cumpriu os 20 anos da sentença na prisão de Spandau, preparando o novo enredo que desenvolveria a partir da liberação, não só pela postura pública que assumiu, sempre tranqüilo e aparentemente sincero, como através de dois livros, que causaram enorme impacto mundial, se tornando best-sellers e lhe permitindo encerrar sua biografia, em 1981, com a imagem de um renascido, que se purificou purgando sua culpa. A imagem correspondia ao que estava por trás dela? Uns acham que sim, outros garantem que não. O mistério, porém, é maior do que as duas convicções antitéticas. Foi a obra prima intelectual de Speer, tenha sido ele sincero ou não. É um dos casos mais incríveis de utilização do carisma, que, em certa medida, superou outro exemplo ainda mais notável, o do próprio chefe. Adolf Hitler teve que se suicidar. Speer morreu "de velho", em casa, e redimido.

Sempre que penso em carisma, a história do arquiteto do nazismo me vem à memória como um paradigma, um tipo ideal, na visão das ciências sociais, ou um arquétipo, segundo a psicanálise mítica de Jung. Luiz Inácio Lula da Silva tem um poderoso carisma e sabe manejá-lo tão bem quanto Speer, embora nesse paralelismo seja necessário descer alguns degraus intelectuais ao passar do alemão para o brasileiro (ou subir, se a escala é de valores morais e éticos). Quem se aproxima mais de Lula parece sentir por ele um fascínio que pessoas inteligentes e talentosas sentiam por Hitler ou Speer. Por isso ficaram ao lado deles, seguindo suas ordens mesmo quando não concordavam com seus fins. Como puderam ser tão leais, obedientes e submissos a uma pessoa que, por diversos critérios, exceto o do carisma, lhes era inferior?

Muitas confiavam no acerto das decisões do chefe. A Alemanha crescia, retomava sua pujança, voltara a ser poderosa. Não era por causa das diretrizes estabelecidas pelo Führer? Não era por sua clarividência e talento pessoal? Não quero fazer qualquer tipo de paralelismo entre Hitler e Lula, pessoas completamente diferentes. O que os aproxima é apenas a força dos seus carismas, o maior – e de longe – dos seus atributos. O Brasil não está crescendo como nunca? Uma longa caminhada pelos subúrbios de Belém, como as que faço semanalmente, é uma resposta afirmativa. A presença do poder público, através das obras de infraestrutura, não é tão marcante quanto a participação das pessoas. Elas constroem casas, reformam as que já têm, acrescentam-lhes novas dependências, adquirem um ou mais carros, vê-se que estão se vestindo melhor e aparentam um ar de satisfação.

Conversa franca

Parte do dinheiro para custear esses investimentos vem dos salários e da renda que estão recebendo. Há mais riqueza em circulação no país. Está sobrando quantitativamente mais para aqueles que costumavam ser excluídos da repartição. Mas está havendo também mais acumulação relativa. Podem-se ver os efeitos da repartição tanto nos subúrbios quanto na área rural, onde é sensível a multiplicação provocada pelo salário mínimo, com crescimento real, e pelas bolsas compensatórias.

Mas também é ostensivo o crescimento na parte de cima da pirâmide social, que está menos delgada do que antes do Plano Real I (o maior enriquecimento da elite) e se alargou um tanto mais com o Real II (o redistributivismo de curto fôlego do lulismo). Em compensação, os contrastes se tornaram tão brutais que passaram a funcionar como estímulo para um banditismo de pilhagem e conquista, em constante expansão pelo poder de atração que exerce sobre os jovens, aproximando-os do reduto do alto consumo da elite, topograficamente situada ao alcance de sua delinqüência. O caos criminal seria o preço a pagar pelo crescimento acelerado do país como um todo, num modelo que, por sua própria natureza, gera desequilíbrio e conflito.

É assim que o Brasil se tornará potência mundial, na trilha dos países que chegaram ao topo sem eliminar suas chagas sociais, como os Estados Unidos, cevado no consumismo e minado pela violência generalizada? Não deve passar pela cabeça de Lula um lulismo milenar, mas ele está trabalhando de tal forma o seu carisma para ser tão duradouro quanto Getúlio Vargas, o maior ditador – com e sem voto – da república. O carisma que Getúlio trabalhou foi o de ser o pai dos pobres (e do país). A legitimidade de Lula é ainda maior: ele é o próprio pobre, que assumiu a paternidade da história a partir do momento em que ficou com o controle dos principais cordões do poder (e do discurso prolífico, sem compromisso com a razão e a história). Esse projeto pode não ter horizonte milenar, mas não se esgota em dois mandados sucessivos pelo voto. Na verdade, nem se limita ao voto.

Empreitada de tal envergadura está além dos talentos pessoais de Lula, por mais prodigiosos que eles nos sejam apregoados (e o são de fato). Uma cena da intimidade do poder, felizmente documentada através da imagem (graças à onipresença das câmeras, multiplicadas à elefantíase pela existência dos aparelhos celulares), revela a engrenagem dessa máquina de mitificação sobre o carisma de Lula. Uma equipe de Moreira Salles filma uma reunião da cúpula do PT para a primeira campanha presidencial de Lula. A conversa é franca e íntima. De repente, o plenipotenciário José Dirceu se dá conta da câmera e pergunta quem são aquelas pessoas. Gilberto Carvalho, eterno secretário particular de Lula, o tranqüiliza: "é gente nossa".

Confidência do presidente

Com um senso de superioridade próprio daqueles que sabem o que podem (e quanto), Dirceu desdenha a segurança do companheiro. Lembra que uma equipe amiga como aquela registrou as infelizes expressões de Lula sobre a masculinidade do eleitor de Pelotas, no Rio Grande do Sul, causando estragos na horta eleitoral gaúcha. Dado o alarma por aquele que sabe o que sabe, Lula passa rapidamente ao fundo, como um trânsfuga, um meteoro, para sair de cena, livrando-se do risco iminente do desgaste. Para não deixar pistas, uma das suas mais usadas habilidades. Não o teria feito sem o alerta experiente de José Dirceu. Dirceu era – e é – o mais sabido, mas não seria o que foi – e continua a ser à sombra – sem o carisma de Lula, o elemento mais importante desse projeto de poder em curso.

As insuficiências, lacunas e contradições desse projeto são visíveis para aqueles com o mínimo de meios para ver por trás das aparências e superficialidades. Há mais renda para todos, mas grande parcela da capacidade de compra e investimento não resulta de poupança real, mas de endividamento. A sangria do crédito foi atenuada pelo corte dos juros extorsivos, de agiotagem pura, mas não foi estancada. Avança sobre a geração de riquezas no país, grande parte das quais seguem para o exterior e não serão renovadas, como os minérios e seus derivados.

A parte que fica é mais significativa do que em qualquer outro momento da história do Brasil, mas muito dessa estrutura de riqueza que fica tem base frágil ou fantasiosa. O nosso ainda não é um desenvolvimento sustentado, como se diz nas bulas do poder. Talvez nunca venha a ser. Pode ser que estejamos desperdiçando a melhor oportunidade que a história nos proporcionou, desviando nossa atenção para o fenômeno carismático de Lula, que agora é trabalhado como se fosse a estrela a guiar os navegantes sem bússola (ou GPS) no escuro da noite sem outra estrela. O que parece ser um destino onírico pode vir a se revelar um buraco negro.

A nomenklatura, em parceria com o establishment, está criando um herói nacional. E nos fazendo esquecer a advertência de Galileu pela boca de Bertolt Brecht: infeliz do país que precisa de heróis. Suficientemente bem informado para captar esse quadro, César Benjamin, que é dono da Editora Contraponto (do Rio de Janeiro) e professor da Fundação Getúlio Vargas, quis mostrar a nudez do rei. Num artigo publicado pela Folha de S. Paulo, fez referência – pela primeira vez – a uma confidência de Lula, que teria admitido assédio a um homem com quem dividia a prisão em São Paulo, em 1981. Sem mulher o então metalúrgico não conseguia passar. Encarou o prisioneiro ao lado e tentou forçar uma relação.

Material poluído

Fiquei chocado com o artigo de César Benjamin. A súbita introdução do episódio escatológico quebrou a seqüência do texto com uma sujeira descabida, sem encontrar um mínimo de coerência para estar ali. Ainda que fosse verdade, o episódio não devia ter-se tornado público porque o autor da revelação chocante não teria como prová-la. Nem o jornal devia ter acolhido a indiscrição nem o responsável por ela devia tê-la tornada pública. Falava-se de ninguém menos do que o presidente da república. A solenidade do cargo e a biografia de Lula impunham acatamento e pudor, no mínimo (embora, às vezes, lhe falte esta última virtude).

Mas entende-se a raiz dessa atitude estabanada e irrefletida de César Benjamin, um intelectual respeitado por suas qualidades e um militante político com história. Ele queria proclamar sua indignação contra os amplos movimentos de um culto à personalidade como nunca houve no país, indo de um filme por encomenda à montagem de um circuito para propagá-lo por todo Brasil, inspirado em antecedentes terríveis, como os de Stálin, Hitler e Fidel Castro.

Com acerto, César constata: "Desconheço que uma operação desse tipo e dessa abrangência tenha sido feita em qualquer época, em qualquer país, por qualquer governante. Ela sinaliza um salto de qualidade em um perigoso processo em curso: a concentração pessoal do poder, a calculada construção do culto à personalidade e a degradação da política em mitologia e espetáculo. Em outros contextos históricos isso deu em fascismo". Alarmado, "Cesinha" decidiu fazer o que o povo chama de jogar farinha no ventilador – ou coisa pior. Mas um poeta de cordel também alerta aquele que cospe para cima: o cuspe lhe voltará na cara.

Há tanto cuspe sendo atirado para o alto, como efeito das imoralidades correntes no Brasil, que as vítimas se tornam aleatórias e o país, contaminado por esse material poluído, pode perder a sua melhor oportunidade de fazer história. Por acreditar em heróis – e por não haver heróis.

Fonte: Observatório da Imprensa

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sexta-feira, 25 de dezembro de 2009

Com Lula, Salário Mínimo chega a quase 300 dólares

Por Douglas Yamagata




















Nos últimos 8 anos, o Governo Lula mais que dobrou o Salário Mínimo, passando de R$ 200 para R$ 510,00 (aumento de 255%).

Em abril de 2003, o Salário Mínimo correspondia a U$ 77, dólares. Em janeiro de 2010, o Salário Mínimo poderá chegar a quase US$ 300 - caso o valor dólar mantenha-se nos mesmos patamares de novembro de 2009 (US$1 = R$ 1,729).

No governo FHC, o valor do Salário Mínimo nunca ultrapassou os US$ 120 dólares, sendo que o máximo conseguido foi de US$ 113 em maio de 1998. Neste período, o Salário Mínimo em dólares decresceu, sendo que em 1995 um Salário Mínimo valia US$ 112,23 dólares, e em abril de 2002 valia US$ 86,28.

Já no governo Lula, o Salário Mínimo é superior à US$ 200, desde março de 2008. O Salário Mínimo em dólares foi crescendo gradativamente, saltando de US$ 77,04 em 2003, para US$ 294,97 em janeiro de 2010.

Fonte: Blog do Douglas Yamagata, com informações do Banco Central do Brasil e Ministério do Trabalho


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quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

Lula é o homem do ano para o jornal francês Le Monde

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi escolhido o "homem do ano" pela redação do jornal francês Le Monde porque, segundo a publicação, "aos olhos de todos encarna o renascimento de um gigante".

"Embandeirado dos países emergentes, mas também do mundo em desenvolvimento do qual se sente solidário, o presidente brasileiro, de 64 anos, colocou decididamente seu país em uma dinâmica de desenvolvimento", afirma a revista semanal do Le Monde na edição desta quinta-feira.

"O presidente brasileiro, que no fim de 2010 deixará a presidência sem ter tentado modificar a Constituição para concorrer a um terceiro mandato, soube continuar sendo um democrata, lutando contra a pobreza sem ignorar os motores de um crescimento mais respeitoso dos equilíbrios naturais", acrescenta.

"Presidente do Brasil desde 1º de janeiro de 2003, ao fim de dois mandatos terá dado uma nova imagem a América Latina", afirma a revista ao explicar a escolha de Lula como "personalidade do ano 2009".

"A consagração de Lula acompanha a renovação do Brasil", afirma a reportagem assinada por Jean Pierre Langellier, correspondente do jornal no Rio de Janeiro.

"Carismático, de sorriso fácil e jovial, Lula, nascido em 27 de outubro de 1945 no estado de Pernambuco, ex-torneiro mecânico e sindicalista, transformou o Brasil em ator essencial do cenário internacional".

"Diplomacia, comércio, energia, clima, imigração, espaço, droga: tudo lhe interessa e diz respeito", afirma o artigo, acompanhado por fotografias de Lula no Brasil e no exterior, incluindo uma ao lado do presidente americano.

Lula foi o primeiro presidente da América Latina recebido por Barack Obama na Casa Branca.

Líder dentro do G20, aspirante a uma cadeira permanente no Conselho de Segurança da ONU e primeiro sócio comercial da China são algumas conquistas na política externa, lembra o jornal francês.

"Longe ficou a época em que o sindicatista Lula com gorro proletário e microfone na mão gritava: 'Fora FMI'. Hoje não é mais o FMI que ajuda o Brasil, e sim o contrário", acrescenta.

Mas o balanço também revela um "lado obscuro".

Lula reduziu a pobreza e milhões de brasileiros passaram à classe média, "mas o Brasil continua sendo um dos países mais desiguais do mundo (...) didivido entre um sul rico e dinâmico e um norte arcaico e deserdado".

E entre os temas pendentes são citados uma educação primária e secundária "medíocres", um sistema de saúde "deficiente", uma burocracia "pesada", a polícia "ineficaz" e uma justiça "preguiçosa".

O jornal espanhol El País declarou há algumas semanas Lula como a "personalidade do ano" e a revista britânica The Economist dedicou um número especial ao Brasil, com uma capa mais que eloquente: o Cristo Redentor, uma das imagens emblemáticas do Rio de Janeiro, decolando como um foguete rumo ao espaço.

Fonte: AFP

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quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

O embate entre o governo Lula e a rede Globo




O embate entre Lula e a Globo poderia ser resumido como uma disputa pela verossimilhança, um bem escasso no mercado noticioso brasileiro. Ao participar quase que diariamente de atos ou eventos públicos, o presidente dialoga de forma direta com a população, estabelecendo um contrato de confiança que contrasta com a obstinação dos meios dominantes em montar um discurso noticioso divorciado dos fatos que, às vezes, beira a ficção. O artigo é de Dario Pignotti, publicado originalmente no Le Monde Diplomatique (Edição Cone Sul e Espanha).

No início da década de 1980, centenas de milhares de brasileiros cantaram em coro “O povo não é bobo, abaixo a rede Globo!”, quando a corporação na qual se apoiou a ditadura militar censurou as mobilizações populares contra o regime militar, utilizando fotonovelas e futebol para tentar anestesiar a opinião pública. Hoje, um segmento crescente do público brasileiro expressa seu descontentamento frente o grupo midiático hegemônico. Medições de audiência e investigações acadêmicas detectaram um dado, em certa medida inédito, sobre as relações de produção e consumo de informação: a credibilidade da rede Globo, inquestionável durante décadas, começa a dar sinais de erosão.

Contudo, é possível perceber uma diferença substantiva entre a indignação atual e o descontentamento daqueles que repudiavam a Globo durante as mobilizações de três décadas atrás em defesa das eleições diretas (1). Em 1985, José Sarney, primeiro presidente civil desde o golpe de Estado de 1964, obstruiu qualquer pretensão de iniciativa reformista relativa à estrutura de propriedade midiática e ao direito à informação, em cumplicidade com a família Marinho – proprietária da Globo, da qual, aliás, era sócio. O atual chefe de Estado, Luiz Inácio Lula da Silva, parece disposto a iniciar a ainda pendente transição em direção à democracia na área da comunicação.

No início de 2009, no Fórum Social Mundial realizado na cidade de Belém, Lula convocou uma Conferência Nacional de Comunicação. A partir daí, mais de 10 mil pessoas discutiram em assembléias realizadas em todo o país os rumos da comunicação e definiram propostas para levar para a Conferência, realizada de 14 a 17 de dezembro, em Brasília. “É a primeira vez que o governo, a sociedade civil e os empresários discutem a comunicação; isso, por si só, já é uma derrota para a Globo e sua política de manter esse tema na penumbra (...) O presidente Lula demonstrou estar determinado a instalar na sociedade um debate sobre a democratização das comunicações; creio que isso terá um efeito pedagógico e poderá converter-se em um dos temas da campanha” (de 2010), assinala Joaquim Palhares, diretor da Carta Maior e delegado na Conferência.

O embate entre Lula e a Globo poderia ser resumido como uma disputa pela verossimilhança, um bem escasso no mercado noticioso brasileiro. Ao participar quase que diariamente de atos ou eventos públicos, o presidente dialoga de forma direta com a população, estabelecendo um contrato de confiança que contrasta com a obstinação dos meios dominantes em montar um discurso noticioso divorciado dos fatos que, às vezes, beira a ficção.

Lula configura um “fenômeno comunicacional singular; o povo acredita nele, não só porque fala a linguagem da gente simples, mas porque as pessoas mais carentes foram beneficiadas com seus programas sociais; isso é concreto, o Bolsa Família atende a 45 milhões de brasileiros que não prestam muita atenção ao que diz a Globo”, observa a professora Zélia Leal Adghirni, doutora em Comunicação e coordenadora do programa de investigação sobre Jornalismo e Sociedade da Universidade de Brasília.

“Por que Lula ganhou duas vezes as eleições (2002 e 2006), uma delas contra a manifesta vontade da Globo? Por que Lula tem uma popularidade de 80%?”, pergunta Adghirni (2), para quem “as teorias de comunicação clássica que estudamos na universidade não são aplicadas ao fenômeno Lula. Desde a teoria da ‘agulha hipodérmica’ até a da ‘agenda setting’, dizia-se que os meios formam a opinião ou pautam o temário do público, mas com Lula isso não ocorre: os meios de comunicação estão perdendo o monopólio da palavra”.

Por outro lado, como se sabe, a construção de consensos sociais não se galvaniza só com mensagens racionais ou versões críveis da realidade, também é necessário trabalhar no imaginário das massas, um território no qual a Globo segue sendo praticamente imbatível. A empresa do clã Marinho controla o patrimônio simbólico brasileiro: é a principal produtora de novelas e detém os direitos de transmissão das principais partidas de futebol e do carnaval carioca (3).

Frente à gigantesca indústria de entretenimento da Globo, o governo é praticamente impotente. Não obstante, a imagem do presidente-operário provavelmente ganhará contornos míticos em 2010, com o lançamento do longa-metragem Lula, o filho do Brasil, que será exibido no circuito comercial e em um outro alternativo (sindicatos e igrejas). O produtor Luis Carlos Barreto prevê que cerca de 20 milhões de pessoas assistirão à história do ex-torneiro mecânico que se tornou presidente, o que seria a maior bilheteria da história no país.

O balanço provisório da política de comunicação de Lula indica que esta tem sido errática. Em seu primeiro mandato (2203-2007), impulsionou a criação de um Conselho de Ética informativa, iniciativa que arquivou diante da reação empresarial. Após essa tentativa fracassada, o governo não voltou a incomodar as “cinco famílias” proprietárias da grande imprensa local, até o final de sua primeira gestão.

Em seu segundo governo – iniciado em 1° de janeiro de 2007, Lula nomeou Hélio Costa como ministro das Comunicações, um ex-jornalista da Globo que atua como representante oficioso da empresa no ministério. Mas enquanto a designação de Costa enviava um sinal conciliador aos grupos privados, Lula seguia uma linha de ação paralela.

Em março de 2008, o Senado, com a oposição cerrada do PSDB, do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, aprovou o projeto do Executivo para a criação da Empresa Brasileira de Comunicações, um conglomerado público de meios que inclui a interessante TV Brasil, para a qual, em 2010, o Estado destinará cerca de 250 milhões de dólares. O generoso orçamento e a defesa da nova televisão pública feita pelos parlamentares do Partido dos Trabalhadores (PT) indicavam que Lula havia decidido enfrentar a direita política e midiática. Ao mesmo tempo em que media forças com a Globo – ainda que não de forma aberta -, Lula aproximou posições com as empresas de telefonia (interessadas em participar do mercado de conteúdos e disputar terreno com a Globo) e algumas televisões privadas, como a TV Record -de propriedade de uma igreja evangélica (4).

A estratégia foi tomando contornos mais firmes no final do mês de outubro quando Lula defendeu, durante uma cerimônia de inauguração dos novos estúdios da Record no Rio de Janeiro, o fim do ‘pensamento único’ capitaneado por alguns formadores de opinião (em óbvia alusão à Globo) e a construção de um modelo mais plural. Dias mais tarde, o mesmo Lula afirmava: “Quanto mais canais de TV e quanto mais debate político houver, mais democracia teremos (...) e menos monopólio na comunicação” (5).

Com um discurso monolítico e repleto de ressonâncias ideológicas próprias da Doutrina de Segurança Nacional (como associar qualquer objeção à liberdade de imprensa empresarial com ocultas maquinações “sovietizantes”), o grupo Globo lançou uma ofensiva, por meios de seus diversos veículos gráficos e eletrônicos, contra a incipiente tentativa do governo de estimular o debate sobre a atual ordem informativa, que alguns definem como um “latifúndio” eletrônico.

O primeiro passo neste sentido, assinala Joaquim Palhares, foi “esvaziar e boicotar a Conferência Nacional de Comunicação, retirando-se dela, dando um soco na mesa e saindo impestivamente para tentar deslegitimá-la”, movimento seguido por outros grupos midiáticos. O segundo movimento consistiu em articular um discurso institucional para fazer um cerco sanitário contra o contágio de iniciativas adotadas por governos sulamericanos como os da Argentina, Equador e Venezuela, orientadas na direção de uma reformulação do cenário midiático.

A Associação Brasileira de Rádio e Televisão (ABERT) e a Associação Nacional de Jornais (ANJ) “temem que o que ocorreu na Argentina se repita no Brasil; eles vêem essa lei como uma ameaça e começaram a manifestar sua solidariedade com a imprensa da Argentina”, afirma Zélia Leal Adghirni. O receio expresso pelas entidades representativas dos grandes conglomerados midiáticos é o seguinte: se o descontentamento regional contra a concentração informática ganha força junto à opinião pública brasileira, poderia romper-se a cadeia de inércia e conformismo que já dura décadas e, quem sabe, iniciar-se um gradual – nunca abrupto – processo de democratização.

O inverso também se aplica: se o Brasil, liderado por Lula, finalmente assumir como suas as teses do direito à informação e à democracia comunicacional, é certo que essa corrente de opinião, atualmente dispersa na América Sul, poderá adquirir uma vertebração e uma legitimidade de proporções continentais.

NOTAS

(1) Esse objetivo finalmente foi frustrado pelo regime, socorrido pela Globo, que montou um simulacro eleitoral proibindo o voto direto, graças ao qual os generais deixaram o poder sem sobressaltos nem investigações sobre violações de direitos humanos.

(2) A respeito da vitória de Lula nas eleições de 2006, ler Bernardo Kucinski, “O antilulismo na campanha de 2006 e suas raízes”, in. Venício Lima (compilador), “A mídia nas eleições de 2006”, Perseu Abramo, São Paulo, 2007.

(3) Em 1989, o então candidato à presidência Lula foi objeto de um golpe midiático, perpetrado pela Globo que, para impedir sua vitória, fabricou a candidatura de Fernando Collor de Mello, que deixaria o mandato em 1992, cercado de escândalos de corrupção. Dario Pignotii, “Globo: o partido mais poderoso do Brasil”, Le Monde Diplomatique, edição Cone Sul, Buenos Aires, setembro de 2007.

(4) Nos últimos anos, a TV Record, que pertence a neopetencostal Igreja Universal do Reino de Deus, arrebatou parte da audiência cativa da TV Globo, contra a qual iniciou uma guerra de denúncias. A Record veiculou um programa especial sobre a Globo, onde repassou seus vínculos com a ditadura. Por sua parte, a Globo denunciou calotes cometidos pela Record que, segundo investigações judiciais, estaria desviando dinheiro do dízimo dos fiéis.

(5) Luiz Inácio Lula da Silva, declarações na inauguração da nova sede do canal Rede TV, em Osasco, área metropolitana de São Paulo, 13/11/2009.

(*) Jornalista, Brasília, Doutor em Comunicação pela Universidade de São Paulo

Le Monde Diplomatique, edição Cone Sul.


Tradução: Katarina Peixoto

Fotos: Agência Brasil

Fonte: Observatório da Imprensa


 

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segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

Lula: propostas da Confecom podem ser transformadas em lei

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou nesta segunda-feira (21/12) que algumas das propostas aprovadas pela 1ª Conferência Nacional de Comunicação (Confecom) serão transformadas em projetos de lei. Em sua opinião, o encontro foi “excepcional” e “tomou as decisões corretas”.

“O que importa é que se estabeleceram algumas diretrizes nas propostas aprovadas, que algumas serão transformadas em projetos de lei”, afirmou, em entrevista ao “Café com o Presidente”.

Lula afirmou que irá “trabalhar no Congresso Nacional” para aprovar um “marco regulatório condizente com as necessidades das telecomunicações no Brasil e no mundo”.

“E com a necessidade de democratizar, cada vez mais, os meios de comunicação no Brasil”, disse.

A Confecom aconteceu na última semana e aprovou propostas polêmicas, como a criação do Conselho Nacional de Jornalismo, visto pelas entidades patronais como uma tentativa de cerceamento da liberdade de expressão.

Portal Comunique-se

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Dallari: Extradição inconstitucional

Dalmo Dallari*, no Jornal do Brasil

RIO - No Estado democrático de direito, como é o Brasil, a Constituição é o conjunto normativo superior, que rege todos os atos jurídicos que forem praticados por qualquer autoridade ou qualquer órgão público brasileiro. Isso tem aplicação tanto para atos que sejam praticados e produzam efeitos no âmbito nacional, quanto os atos de qualquer natureza praticados num foro internacional ou para produzirem efeitos além das fronteiras nacionais.

A Constituição brasileira é superior aos acordos e tratados que forem celebrados por qualquer membro do governo brasileiro, pois nenhuma autoridade pode celebrar validamente um acordo ou assinar um tratado que seja contrário a alguma disposição da Constituição brasileira.

É oportuno lembrar e ressaltar a superioridade da Constituição brasileira, neste momento em que membros do governo italiano e alguns brasileiros a eles submissos pretendem que ao decidir sobre o pedido de extradição do italiano Cesare Battisti o tratado de extradição assinado pelos governos do Brasil e da Itália prevaleça sobre a Constituição brasileira.

Essa tentativa de fazer prevalecer a vontade do governo italiano sobre a vontade do povo brasileiro, consagrada na Constituição, já foi externada e repelida várias vezes e agora tomou novo alento porque o ministro Eros Grau, dando maior precisão ao voto proferido no julgamento do pedido de extradição de Battisti, esclareceu o que quis dizer quando falou em decisão discricionária do presidente.

Externando o que, para as pessoas bem informadas e de boa-fé, era óbvio, disse agora o eminente ministro que jamais teve a intenção de afirmar que o presidente da República poderá decidir arbitrariamente, mas deverá fundar-se na Constituição.

Assim, pois, o ministro Eros Grau não modificou o seu voto, mas apenas explicitou o óbvio: na decisão sobre o pedido de extradição, que é de sua competência privativa, como diz a Constituição e foi reafirmado pelo Supremo Tribunal Federal, o presidente da República deverá ter em conta o que determina a Constituição brasileira.

O exame de todos os elementos jurídicos envolvidos nas circunstâncias de fato e nos processos judiciais relativos ao caso Battisti e ao pedido de sua extradição leva necessariamente à conclusão de que o pedido de extradição não poderá ser atendido pelo governo brasileiro, devendo, portanto, ser recusado pelo presidente da República, pela existência de claros obstáculos constitucionais ao atendimento do pedido.

Com efeito, está expresso nos autos do processo em que Cesare Battisti foi condenado na Itália que ele foi acusado de ter praticado atos que configuram, ao mesmo tempo, “homicídio e subversão”. Não se diz, no processo, que esses crimes foram praticados autonomamente, mas, ao contrário disso, afirma-se que os mesmos atos configuraram os dois crimes.

Ora, se os atos foram praticados na Itália e as autoridades italianas os qualificaram como crime político, a eventual opinião divergente dos tribunais brasileiros não tem força jurídica para modificar a qualificação dada pela Justiça italiana.

Deixando de lado, neste momento, o fato de que jamais se comprovou que Battisti tenha, efetivamente, cometido qualquer homicídio e que a acusação baseou-se exclusivamente numa delação premiada, o dado essencial é que as próprias autoridades italianas afirmam o caráter político das ações de que Battisti foi acusado, pois subversão é crime político, na Itália e no Brasil.

Ora, a Constituição brasileira diz expressamente, no artigo 5º, inciso LII, que “não será concedida extradição de estrangeiro por crime político ou de opinião”. Só isso já torna inconstitucional a extradição de Cesare Battisti. Outro obstáculo constitucional intransponível é o fato de que a Constituição brasileira, pelo mesmo artigo 5º, no inciso XLVII, dispõe que “não haverá pena de caráter perpétuo”. Ora, o tribunal italiano que julgou Battisti condenou-o à pena de prisão perpétua.

Essa decisão transitou em julgado, e o governo italiano não tem competência jurídica para alterá-la, para impor uma pena mais branda, como vem sendo sugerido por membros daquele governo. A Constituição da Itália consagra a separação dos Poderes e assim como o presidente da República do Brasil está obrigado a obedecer a Constituição brasileira o mesmo se aplica ao governo da Itália, em relação à Constituição italiana.

Em conclusão, no desempenho de sua atribuição constitucional privativa o presidente Lula deverá decidir sobre o pedido de extradição de Cesare Battisti. E respeitando as disposições da Constituição brasileira, como é seu dever, deverá negar o atendimento do pedido, pela existência de impedimento constitucional.

*Dalmo Dallari é professor e jurista.

Fonte: Blog Vi o Mundo / Luiz Carlos Azenha

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domingo, 20 de dezembro de 2009

LONGE DOS HOLOFOTES (E DAS ALGEMAS) – SERRA E ARRUDA EM COPENHAGUE

por LAERTE BRAGA

É visível o esforço que o governador de Minas Aécio Pirlimpimpim Neves está fazendo para dissimular o ódio (ódio sim) ao governador de São Paulo José Jânio Serra. As notícias de explosões de raiva em ambientes palacianos ultrapassaram esses ambientes. Aécio foi posto, literalmente, na parede por Serra. Ou desistia de disputar a indicação presidencial com Serra, ou notas “jornalísticas” dos muitos Juca Kfoury que existem por aí iriam mostrar a dependência do governador mineiro em relação à cocaína.

Minas inteira sabe disso e o Mineirão cantou isso em coro num jogo Brasil e Argentina em meados do ano que passado. O que menos importa neste momento é se Aécio como disse o Mineirão “cheira mais que Maradona”. O que mais importa, neste momento, é o caráter chantagista de um dos políticos mais perversos e perigosos de toda a história recente do País, José Jânio Serra.

Corrupto, autoritário, paga o preço que for preciso, qualquer preço, para ser o próximo presidente da República. Não tem um pingo de escrúpulos, ou respeito por qualquer coisa que seja, por quem quer seja, que não ele próprio.

Do jeito dos grandes chefes mafiosos José Serra embarcou para Copenhague com a senadora do DEM Kátia Abreu e um único objetivo real. O de enquadrar o governador de Brasília José Roberto Arruda, uma espécie de pulga que havia se atrevido a chantageá-lo, como fez ele Serra com Aécio. Arruda mandou avisar a Serra que se continuasse a sistemática campanha para o seu impedimento, principalmente no JORNAL NACIONAL, cairia, mas levaria todo mundo com ele.

Copenhague foi o centro das atenções do mundo nessa semana que termina. Serra não tinha, nem tem o que dizer a Copenhague, ao mundo ou ao Brasil e aos brasileiros. É um FHC que não dissimula raiva e atira pelas costas sem a menor preocupação de remorso, nem sabe o que é isso.

Foi lá para exibir-se e liquidar a fatura Arruda. Kátia Abreu, senadora que responde a processos por corrupção, é do DEM, partido de Arruda, foi como pistoleira para o acerto de contas, devida e antecipadamente paga.

Sem saída, pelo menos até que se descubra o que de fato aconteceu em Copenhague e deve ter acontecido um acerto, Arruda é ladrão de galinhas perto de Serra, o governador de São Paulo adicionou um “extra” ao JORNAL NACIONAL (já está comprado desde que começou, há quarenta anos) e acertou pequenos extras com outras empresas, pequenas empresas, para deixar o assunto Arruda morrer. Não interessa a ele nem que se fale tanto no caso e nem que o governador caia atirando.

O acerto com Arruda em Copenhague é para que ele caia e não atire. Leve uma compensação qualquer, para ficar quieto. Dinheiro não falta. Essa gente representa o que há de pior no País (a elites paulista FIESP/DASLU), o latifúndio, os banqueiros, os interesses dos Estados Unidos na Amazônia, no pré-sal e em instalar bases militares no nosso País. Não se trata de mala propriamente dita, mas de imensos baús repletos de dólares para comprar o que for preciso e eliminar obstáculos à chegada do mafioso tucano à presidência da República.

Se Arruda resolver ou resolveu dar uma de herói, azar dele. Vai ser jogado às feras, devorado em seu próprio partido e sair de mãos abanando, quer dizer, só com o que já levou.

O próximo passo de Serra é tentar mostrar a Aécio, através de terceiros, que é um bom negócio ser senador e pode até, quem sabe, virar vice do algoz e esperar um pouco mais. Vice e nada nesse caso é a mesma coisa. Se Aécio vai engolir isso ou não é outra história. Aécio é do tipo também que não tem nem princípios e muito menos condições de decidir assuntos dessa relevância já que vive em Alfa. Quem escolhe a gravata dele é a irmã, não há necessidade de perguntar no twitter como faz o venal William Bonner se alguém quer bom dia.

O risco de Serra é Aécio fazer corpo mole em Minas, deixar a coisa rolar livre e Minas é o segundo colégio eleitoral do Brasil, decisivo para as pretensões criminosas de José Jânio Serra. Mas como há muitos interesses cruzados, muito dinheiro em jogo e tucano vive disso, trapaça, corrupção, chantagem, Aécio é só um cadáver político insepulto.

Virou um Eduardo Azeredo da vida.

De quebra ainda carrega um mala sem alça, Itamar Franco. Pode vir a ser a saída do governador para enfrentar o ministro Hélio Costa, uma espécie de vingança contra Serra e contra a GLOBO, já que o Costa (que ganhou a convenção do PMDB em Minas) é ministro da GLOBO.

É o que chamam de jogo político, de manobras. É só um monte de fatos repugnantes que mostram o estado pútrido do chamado institucional. Gilmar Mendes presidindo o que chamam de Corte Suprema (há ministros dignos). Temer (doublé de tucano/PMDB com laivos petistas e o resultado disso é quero o meu) que já foi encurralado por Serra em pequenas denúncias que podem virar grandes manchetes escandalosas de jornais e redes de tevê compradas pelo tucano (GLOBO, BANDEIRANTES, VEJA, FOLHA DE SÃO PAULO, etc).

Por pior que possa parecer e por mais ofensivo que isso possa soar, ou baixo, Serra, como FHC, ou qualquer tucano, repito qualquer tucano, privatiza mãe ou terceiriza, se por trás do negócio estiver uma gratificação de pelo menos 20%.

Não é um partido, o PSDB, é uma quadrilha que traz a reboque o que há de mais atrasado na política brasileira, o DEM, antigo PFL, antigo PDS, antiga ARENA dos tempos da ditadura militar.

O golpe em Aécio, o acerto de contas com Arruda em Copenhague, as manchetes obtidas em noticiários de tevê, JORNAL NACIONAL principalmente, foi como se tivéssemos com métodos diversos, mas efeitos semelhantes (você pode achar que está morto e está vivo, e pode estar vivo, mas estar morto, caso de Aécio), foi como se tivéssemos o episódio da Noite de São Valentin, onde numa garagem, Al Capone eliminou seus concorrentes de uma só feita.

Resta saber se os brasileiros vão cair no conto do governador “eficiente” de São Paulo alagada, de obras superfaturadas, de uma elite fantasmagórica e fétida que pretende numa simples assinatura de “escritura” mudar a grafia da palavra BRASIL para BRAZIL.

Foi o que FHC começou a fazer é o que Serra quer terminar…

E foi fazer o acerto final longe dos holofotes (e das algemas), numa conferência onde se buscava uma solução, ou um caminho para salvar o planeta da devastação do “progresso” capitalista.

É o jeito deles, passam um filme bonitinho, mas são ordinários. Cínicos à perfeição.

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Adeus EUA. Boa-tarde, Brasil!

Anabella Rosemberg, Copenhague, De blog do jornal francês Libération, com tradução de Caia Fittipaldi

É verdade que, sendo eu argentina, o que aqui escrevo parecerá meio esquisito. Paciência. Acabamos de assistir, no quadro da total degringolada das negociações sobre o clima em Copenhague, ao fracasso final de uma superpotência (os EUA) e à vigorosa entrada em cena de uma nação (Brasil) que esperava impaciente para ocupar seu lugar.

Os discursos de Obama e Lula foram muito mais que discursos sobre as questões que se esperava que nossos chefes de Estado devessem resolver em Copenhague. Esses dois discursos, em minha opinião, marcarão para sempre a longa e tortuosa história do declínio do império norte-americano.

Recusar-se a negociar é o primeiro sinal de fraqueza dos “poderosos”. Hoje, Obama não deu qualquer sinal de qualquer flexibilidade possível, nos três temas que pôs sobre a mesa. E isso, depois de ter cuidadosamente evitado assumir que os EUA são os principais responsáveis históricos pela acumulação na atmosfera, de gases de efeito estufa.

Quanto a Lula... tudo é liderança, vontade, desejo, ambição. Evidentemente Lula não é perfeito – mas a questão não é essa. O que interessa é que Lula mostrou aos olhos do mundo que seu país está pronto para jogar o jogo dos grandes, na quadra principal.

Assistimos na 6ª-feira em Copenhague, já disse, ao fracasso de uma superpotência encarquilhada, curvada sobre ela mesma, afogada em instituições anacrônicas, sufocada por lobbies impressionantes, sitiada por mídias que condenam os cidadãos à ignorância e ao medo do próximo, e os fazem sufocar de medo do futuro.

É chegada a hora da potência descomplexada e abertamente ambiciosa e desejante do Presidente Lula. Lula não se assusta ante a tarefa de assumir o comando de um barco quase completamente naufragado.

Fonte: Glória Leite/ Blog Brasil, mostra a tua cara!
 

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Serra e o Exterminador do Futuro

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sábado, 19 de dezembro de 2009

Minas jamais perdoará Serra



Por José Dirceu

Com a desistência agora oficializada do governador Aécio Neves, para os tucanos e para o governador José Serra, candidato único do PSDB a presidente, surge um problema sem solução: Minas Gerais. O Estado, segundo maior eleitorado do país, pode decidir a eleição. E os mineiros não perdoarão jamais o tucanato por impedir Minas - e Aécio - de ter um candidato a presidente.

Não há como reverter esse grande prejuízo eleitoral à candidatura paulista de Serra. O resto é conversa fiada, inclusive essa de que a saída de Aécio fortalece a candidatura do deputado Ciro Gomes (PSB-CE). Não fortalece coisa nenhuma e com a desistência do mineiro, desaparece a saída várias vezes ensaiada, de Ciro ser vice de Aécio.

Como se o mineiro fosse igual ao PT e à candidatura apoiada pelo presidente Lula, a da ministra Dilma Rousseff. Passar isso à opinião pública, esse era o objetivo dos articuladores dessa jogada. Coisas da política brasileira...

Agora mais do que nunca Serra e o PSDB não têm como escapar de uma eleição plebiscitária, da campanha eleitoral centrada na comparação entre os governos Lula e FHC, e do confronto direto com Lula, declare-se ele candidato já ou em março. Estão, como se diz, "se pelando de medo". Não tem alternativa, é só esperar para ver.

Blog da Dilma

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Andréa Neves poderá coordenar campanha de Dilma em Minas

Assessor de Lula confidencia: Atitude de Aécio abrirá caminho para que sua irmã aceite convite para coordenar campanha de Dilma Rousseff

Realmente em política nada é previsível.

Ao contrário, o imprevisível é o que normalmente acontece. Principalmente em Minas Gerais.

Não por outro motivo que bem antes da data marcada (Janeiro de 2010), Aécio convocou a imprensa ao Palácio da Liberdade nessa quinta-feira (17), para comunicar que não mais concorreria a Presidência da República.

Tal fato surpreendeu até mesmo seus aliados. Porém, surpresa maior estará por vir.

Há aproximadamente uma semana em um almoço em Brasília, onde participou o diretor do Novojornal e um dos mais próximos assessores de Lula, após o diretor comprometer que só divulgaria o fato após ele ocorrer, o assessor confidenciou:

“O Serra abusou. Aécio deverá desistir de ser candidato à presidência e sua irmã comandará a campanha de Dilma em Minas”.

Evidente que tal confidência causou espanto, porém os fatos ocorridos nos últimos dias estão provando o contrário.

Nos bastidores por quase uma década, Andréa Neves entrará em cena.

Sabidamente ela é o braço direito de seu irmão. Embora “oficialmente” comande apenas a área assistencial do Governo de Minas através do Servas.

Sua entrada modificará os rumos da sucessão estadual e federal em Minas Gerais.

Na Assembléia Legislativa Mineira este fato cairá como uma bomba assim como na Câmara Federal.

Poucos sabem que Andréa tem sua origem política no PT carioca, onde foi uma das fundadoras do partido antes da eleição de seu avô Tancredo para o governo de Minas Gerais.

Segundo este mesmo assessor esta movimentação viabilizaria a eleição do Ministro Patrus Ananias e Aécio para o senado. Além da candidatura de Fernando Pimentel para governo de Minas, tendo como vice Anastasia. Hélio Costa seria o vice de Dilma.

É claro que diante deste novo quadro os diversos candidatos à vice de Anastasia terão que rever suas pretensões.

Segundo este mesmo assessor: “Esta composição praticamente atenderá a todos os seguimentos da política mineira. Viabilizando desta forma a candidatura de Dilma à presidência em Minas Gerais”.

Ao finalizar, o assessor de Lula antecipou-se até mesmo ao pronunciamento de José Alencar ao dizer: “O único complicador seria a pretensão do vice-presidente em candidatar-se ao senado, porém ele estaria disposto a não concorrer em nome da unidade política mineira”.

Andréa, procurada por Novojornal, negou tal possibilidade.

Agora é esperar para ver.

Fonte: Brasil, mostra a tua cara!, com informações do Novo Jornal - BH

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sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

"Não existe aquecimento global", diz representante da OMM na América do Sul

Por Carlos Madeiro

Especial para o UOL Ciência e Saúde

Com 40 anos de experiência em estudos do clima no planeta, o meteorologista da Universidade Federal de Alagoas Luiz Carlos Molion apresenta ao mundo o discurso inverso ao apresentado pela maioria dos climatologistas.

Representante dos países da América do Sul na Comissão de Climatologia da Organização Meteorológica Mundial (OMM), Molion assegura que o homem e suas emissões na atmosfera são incapazes de causar um aquecimento global. Ele também diz que há manipulação dos dados da temperatura terrestre e garante: a Terra vai esfriar nos próximos 22 anos.

Segundo Luiz Carlos Molion, somente o Brasil, dentre os países emergentes, dá importância à conferência da ONU.

Em entrevista ao UOL, Molion foi irônico ao ser questionado sobre uma possível ida a Copenhague: “perder meu tempo?” Segundo ele, somente o Brasil, dentre os países emergentes, dá importância à conferência da ONU. O metereologista defende que a discussão deixou de ser científica para se tornar política e econômica, e que as potências mundiais estariam preocupadas em frear a evolução dos países em desenvolvimento.

UOL: Enquanto todos os países discutem formas de reduzir a emissão de gases na atmosfera para conter o aquecimento global, o senhor afirma que a Terra está esfriando. Por quê?

Luiz Carlos Molion: Essas variações não são cíclicas, mas são repetitivas. O certo é que quem comanda o clima global não é o CO2. Pelo contrário! Ele é uma resposta. Isso já foi mostrado por vários experimentos. Se não é o CO2, o que controla o clima? O sol, que é a fonte principal de energia para todo sistema climático. E há um período de 90 anos, aproximadamente, em que ele passa de atividade máxima para mínima. Registros de atividade solar, da época de Galileu, mostram que, por exemplo, o sol esteve em baixa atividade em 1820, no final do século 19 e no inicio do século 20. Agora o sol deve repetir esse pico, passando os próximos 22, 24 anos, com baixa atividade.

UOL: Isso vai diminuir a temperatura da Terra?

Molion: Vai diminuir a radiação que chega e isso vai contribuir para diminuir a temperatura global. Mas tem outro fator interno que vai reduzir o clima global: os oceanos e a grande quantidade de calor armazenada neles. Hoje em dia, existem boias que têm a capacidade de mergulhar até 2.000 metros de profundidade e se deslocar com as correntes. Elas vão registrando temperatura, salinidade, e fazem uma amostragem. Essas boias indicam que os oceanos estão perdendo calor. Como eles constituem 71% da superfície terrestre, claro que têm um papel importante no clima da Terra. O [oceano] Pacífico representa 35% da superfície, e ele tem dado mostras de que está se resfriando desde 1999, 2000. Da última vez que ele ficou frio na região tropical foi entre 1947 e 1976. Portanto, permaneceu 30 anos resfriado.

UOL: Esse resfriamento vai se repetir, então, nos próximos anos?

Molion: Naquela época houve redução de temperatura, e houve a coincidência da segunda Guerra Mundial, quando a globalização começou pra valer. Para produzir, os países tinham que consumir mais petróleo e carvão, e as emissões de carbono se intensificaram. Mas durante 30 anos houve resfriamento e se falava até em uma nova era glacial. Depois, por coincidência, na metade de 1976 o oceano ficou quente e houve um aquecimento da temperatura global.
Surgiram então umas pessoas - algumas das que falavam da nova era glacial - que disseram que estava ocorrendo um aquecimento e que o homem era responsável por isso.

UOL: O senhor diz que o Pacífico esfriou, mas as temperaturas médias Terra estão maiores, segundo a maioria dos estudos apresentados.

Molion: Depende de como se mede.

UOL: Mede-se errado hoje?

Molion: Não é um problema de medir, em si, mas as estações estão sendo utilizadas, infelizmente, com um viés de que há aquecimento.

UOL: O senhor está afirmando que há direcionamento?

Molion: Há. Há umas seis semanas, hackers entraram nos computadores da East Anglia, na Inglaterra, que é um braço direto do IPCC [Painel Intergovernamental sobre Mudança Climática], e eles baixaram mais de mil e-mails. Alguns deles são comprometedores. Manipularam uma série para que, ao invés de mostrar um resfriamento, mostrassem um aquecimento.

UOL: Então o senhor garante existir uma manipulação?

Molion: Se você não quiser usar um termo tão forte, digamos que eles são ajustados para mostrar um aquecimento, que não é verdadeiro.

UOL: Se há tantos dados técnicos, por que essa discussão de aquecimento global? Os governos têm conhecimento disso ou eles também são enganados?

Molion: Essa é a grande dúvida. Na verdade, o aquecimento não é mais um assunto científico, embora alguns cientistas se engajem nisso. Ele passou a ser uma plataforma política e econômica. Da maneira como vejo, reduzir as emissões é reduzir a geração da energia elétrica, que é a base do desenvolvimento em qualquer lugar do mundo. Como existem países que têm a sua matriz calcada nos combustíveis fósseis, não há como diminuir a geração de energia elétrica sem reduzir a produção.

UOL: Isso traria um reflexo maior aos países ricos ou pobres?

Molion: O efeito maior seria aos países em desenvolvimento, certamente. Os desenvolvidos já têm uma estabilidade e podem reduzir marginalmente, por exemplo, melhorando o consumo dos aparelhos elétricos. Mas o aumento populacional vai exigir maior consumo. Se minha visão estiver correta, os paises fora dos trópicos vão sofrer um resfriamento global. E vão ter que consumir mais energia para não morrer de frio. E isso atinge todos os países desenvolvidos.

UOL: O senhor, então, contesta qualquer influência do homem na mudança de temperatura da Terra?

Molion: Os fluxos naturais dos oceanos, polos, vulcões e vegetação somam 200 bilhões de emissões por ano. A incerteza que temos desse número é de 40 bilhões para cima ou para baixo. O homem coloca apenas 6 bilhões, portanto a emissões humanas representam 3%. Se nessa conferência conseguirem reduzir a emissão pela metade, o que são 3 bilhões de toneladas em meio a 200 bilhões?Não vai mudar absolutamente nada no clima.

UOL: O senhor defende, então, que o Brasil não deveria assinar esse novo protocolo?

Molion: Dos quatro do bloco do BRIC (Brasil, Rússia, Índia e China), o Brasil é o único que aceita as coisas, que “abana o rabo” para essas questões. A Rússia não está nem aí, a China vai assinar por aparência. No Brasil, a maior parte das nossas emissões vem da queimadas, que significa a destruição das florestas. Tomara que nessa conferência saia alguma coisa boa para reduzir a destruição das florestas.

UOL: Mas a redução de emissões não traria nenhum benefício à humanidade?

Molion: A mídia coloca o CO2 como vilão, como um poluente, e não é. Ele é o gás da vida. Está provado que quando você dobra o CO2, a produção das plantas aumenta. Eu concordo que combustíveis fósseis sejam poluentes. Mas não por conta do CO2, e sim por causa dos outros constituintes, como o enxofre, por exemplo. Quando liberado, ele se combina com a umidade do ar e se transforma em gotícula de ácido sulfúrico e as pessoas inalam isso. Aí vêm os problemas pulmonares.

UOL: Se não há mecanismos capazes de medir a temperatura média da Terra, como o senhor prova que a temperatura está baixando?

Molion: A gente vê o resfriamento com invernos mais frios, geadas mais fortes, tardias e antecipadas. Veja o que aconteceu este ano no Canadá. Eles plantaram em abril, como sempre, e em 10 de junho houve uma geada severa que matou tudo e eles tiveram que replantar. Mas era fim da primavera, inicio de verão, e deveria ser quente. O Brasil sofre a mesma coisa. Em 1947, última vez que passamos por uma situação dessas, a frequência de geadas foi tão grande que acabou com a plantação de café no Paraná.

UOL: E quanto ao derretimento das geleiras?

Molion: Essa afirmação é fantasiosa. Na realidade, o que derrete é o gelo flutuante. E ele não aumenta o nível do mar.

UOL: Mas o mar não está avançando?

Molion: Não está. Há uma foto feita por desbravadores da Austrália em 1841 de uma marca onde estava o nível do mar, e hoje ela está no mesmo nível. Existem os lugares onde o mar avança e outros onde ele retrocede, mas não tem relação com a temperatura global.

UOL: O senhor viu algum avanço com o Protoclo de Kyoto?

Molion: Nenhum. Entre 2002 e 2008, se propunham a reduzir em 5,2% as emissões e até agora as emissões continuam aumentando. Na Europa não houve redução nenhuma. Virou discursos de políticos que querem ser amigos do ambiente e ao mesmo tempo fazer crer que países subdesenvolvidos ou emergentes vão contribuir com um aquecimento. Considero como uma atitude neocolonialista.

UOL: O que a convenção de Copenhague poderia discutir de útil para o meio ambiente?

Molion: Certamente não seriam as emissões. Carbono não controla o clima. O que poderia ser discutido seria: melhorar as condições de prever os eventos, como grandes tempestades, furacões, secas; e buscar produzir adaptações do ser humano a isso, como produções de plantas que se adaptassem ao sertão nordestino, como menor necessidade de água. E com isso, reduzir as desigualdades sociais do mundo.

UOL: O senhor se sente uma voz solitária nesse discurso contra o aquecimento global?

Molion: Aqui no Brasil há algumas, e é crescente o número de pessoas contra o aquecimento global. O que posso dizer é que sou pioneiro. Um problema é que quem não é a favor do aquecimento global sofre retaliações, têm seus projetos reprovados e seus artigos não são aceitos para publicação. E eles [governos] estão prejudicando a Nação, a sociedade, e não a minha pessoa.

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Fernando Sarney desiste de ação contra O Estado de S.Paulo

O empresário Fernando Sarney anunciou nesta sexta-feira (18/12) sua desistência da ação que movia contra o jornal O Estado de S.Paulo, por acreditar que sua decisão foi mal interpretada. Segundo ele, o propósito não era o de restringir a liberdade de expressão. Fernando encaminhou a desistência à Justiça de Brasília.

“Infelizmente este meu gesto individual de cidadão teve, independente de minha vontade, interpretação equívoca de restringir a liberdade de imprensa, o que jamais poderia ser meu objetivo”, escreveu em carta encaminhada à Associação Nacional dos Jornais (ANJ).

A ação impediu por 140 dias que o jornal publicasse informações sobre a Operação Faktor, conhecida por Boi Barrica, que investiga Fernando, filho do presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), por suposto envolvimento em lavagem de dinheiro, remessa ilegal de divisas no exterior e tráfico de influência.

O Estadão classificou o impedimento como censura e apresentou cinco recursos contra a decisão do desembargador Dácio Vieira, do Tribunal de Justiça do Distrito Federal (TJ-DF), que em julho impôs a restrição ao veículo.

Na última semana, um pedido de liminar do Estadão contra a decisão do desembargador foi julgado pelo Supremo Tribunal Federal (STF). O jornal se baseou no fim da lei de imprensa, que não permite censura prévia. O STF não acatou o pedido e não julgou o mérito da questão. A decisão foi altamente critica por várias entidades da imprensa e até mesmo por juristas.

Leia a nota:

"Nota à Imprensa

Encaminhei à Justiça de Brasília desistência da ação que movo contra o Jornal O Estado de São Paulo.

A ação foi necessária para defesa de meus direitos individuais protegidos pela Constituição e sob tutela do segredo de Justiça, reconhecidos pelo Supremo Tribunal Federal. Infelizmente este meu gesto individual de cidadão teve, independente de minha vontade, interpretação equívoca de restringir a liberdade de imprensa, o que jamais poderia ser meu objetivo. Para reafirmar esta minha convicção e jamais restar qualquer dúvida sobre ela, resolvi tomar esta atitude, considerando que a Liberdade de Imprensa é um patrimônio da democracia e que jamais tive desejo de fazer qualquer censura a seu exercício.

Fernando Sarney 


São Luis, 18 de dezembro, 2009"



Portal Comunique-se

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A confecom pisou no calo de O Globo e abalou as estruturas da Imprensa Golpista

Vejam só no que deu:

Cartas marcadas, diz O Globo em editorial

Quando duas entidades representativas do jornalismo profissional, a ANJ (Associação Nacional de Jornais) e a Abert (rádios e TVs), condicionaram a participação na Conferência Nacional de Comunicação (Confecom) à retirada do temário do encontro de qualquer proposta contrária à Constituição, e receberam uma resposta negativa, o destino da reunião estava traçado.

Encerrada ontem, a Confecom, como previsto, aprovou propostas que vão contra a liberdade de imprensa e expressão, procuram intervir nas redações e criar obstáculos à ação da iniciativa privada nos meios de comunicação. Todos projetos de vezo inconstitucional.

Há uma expressão em inglês (wishful thinking) para designar propostas, ideias desenvolvidas sem maiores compromissos com a realidade. Uma visão benevolente pode encarar a Confecom como um grande wishful thinking em que grupos de esquerda, corporações sindicais, ONGs, movimentos ditos sociais e similares desenharam o seu país ideal, na tentativa de influenciar a sociedade. É parte do jogo democrático.

A conferência ressuscitou o malfadado Conselho Federal de Jornalismo, uma entidade paraestatal sugerida no primeiro mandato de Lula, com poderes para cassar registro de profissionais, a serem julgados por algum “conselho de ética”, certamente composto por comissários, algo inspirado no livro “1984”, de George Orwell.

A ideia foi, por sensatez, afastada por Lula, assim como ele fez com a Ancinav, proposta para intervir, em nome do Estado, na produção audiovisual do país.

Ovos de serpentes como estes podem ressurgir apenas como expressão da vontade de grupos políticos organizados. Mas há na realidade atual da América Latina projetos idênticos em curso, também surgidos de conferências com tinturas democráticas, com delegados escolhidos no voto por máquinas sindicais e políticas bem azeitadas, que têm produzido resultados concretos preocupantes.

De matriz bolivariana, a Lei de Meios, aprovada pelo Congresso argentino, por pressão do casal Kirchner, e destinada a desmontar empresarialmente os grupos de comunicação mais fortes do país, também surgiu de processo semelhante.

No Equador, lei idêntica está em tramitação, e assim por diante. No Brasil, as instituições são fortes e sólidas o suficiente para defender a liberdade de imprensa e expressão, bases da democracia. Mesmo que as investidas sejam feitas sob o disfarce de “controles sociais” ou outros eufemismos.

(*) Editorial de O Globo - publicado na edição de 18/12/09

Este é um artigo com a opinião do autor e não traduz o pensamento do Comunique-se.

Fonte: Portal Comunique-se

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O destino da Confecom

Por Eduardo Guimarães

Acho ocioso este blogueiro reportar maiores detalhes da profusa produção da 1ª Conferência Nacional de Comunicação. O site da Conferência, “linkado” na lista de blogs e sites indicados pelo Cidadania, contém um cabedal de informações que artigo ou post nenhum poderá reproduzir com a mesma abrangência.

Depois de quase uma semana participando ativamente desse esforço monumental que foi construir a primeira edição da Confecom, apesar dos percalços, da organização precária do evento, dos desentendimentos, enfim, de todos os problemas, o produto extraído constitui uma verdadeira revolução nas comunicações do país.

Mesmo que algumas propostas ruins tenham sido aprovadas, acredito que a maioria delas seja de projetos revolucionários da comunicação brasileira, hoje uma das mais atrasadas do mundo.

É importante lembrar que parte do que a Confecom produziu poderá ser implantado imediatamente, por decreto do presidente da República, como no caso do revolucionário Conselho Nacional de Comunicação. Entretanto, há muita coisa – talvez a maior parte do que a Conferência produziu - que dependerá do Poder Legislativo.

Diante disso, cabe lembrar que tanto a minoria de propostas – que Lula poderá transformar em realidade por decreto – quanto a maioria delas – que o Congresso Nacional terá que votar –, podem simplesmente virar pó dependendo de quem ganhe a eleição presidencial do ano que vem.

As propostas que Lula venha a transformar em decretos poderão ser revertidas pelo novo – ou pela nova – presidente da República a ser eleito(a) no ano que vem. Já as propostas que o Congresso poderá votar em 2010 – ou não – , só se transformarão em realidade se Dilma se eleger. Se o eleito for José Serra, todo o esforço da Confecom terá sido em vão.

Na noite de quinta-feira, conversando com políticos de vários partidos num barzinho, ouvi que acham muito difícil que Lula não consiga eleger Dilma. Por uma questão de educação não citarei nomes, mas conheci um deputado do Democratas que fez campanha para Lula em 2006 e que afirma que fará de novo no ano que vem.

Mas é bom que todos saibam que a Conferência Nacional de Comunicação, por enquanto, não passa de um conjunto de boas e de más intenções. Desta forma, quem deseja que a comunicação se modernize no Brasil deve primeiro torcer para que Dilma vire presidente.

Com base em declarações que ouvi de políticos aliados seus durante a semana que finda, garanto que o governador de São Paulo vem sendo “vitaminado” pela mídia por todos estes anos para que se eleja e reverta tudo o que este governo fez no que se refere à comunicação, e para impedir que aquilo que a Confecom produziu vire realidade.

O destino da Confecom ainda é absolutamente incerto.

Blog Cidadania.com

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Para ANJ e Abert, resultado da Confecom é “preocupante”

Izabela Vasconcelos, de São Paulo

A Associação Nacional dos Jornais (ANJ) e a Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão (Abert), classificaram o resultado da 1ª Conferência Nacional de Comunicação (Confecom), como “preocupante” e um “retrocesso”. As organizações se retiraram das discussões, por discordâncias com outras instituições e movimentos, durante os preparativos para o encontro, em setembro.

Para as entidades, a proposta que mais preocupa é a criação do Conselho Federal de Jornalistas, sugestão combatida no primeiro mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, mas aprovada durante a Conferência.

“Nos retiramos porque esperávamos essas decisões que interferem no trabalho jornalístico. Isso é inconstitucional, é um retrocesso a criação de conselhos de autarquia, que visam o cerceamento da liberdade de expressão”, declarou Ricardo Pedreira, diretor executivo da ANJ.

O diretor geral da Abert, Luís Roberto Antonik, além de destacar a aprovação do Conselho Federal de Jornalismo como um dos pontos negativos, enumera outros que considera críticos. “Vemos essas propostas com preocupação, a criação dos conselhos de jornalismo e comunicação e o controle social da mídia”.

Além dessas, uma das propostas de radiodifusão é ainda mais contestada por Antonik. “Fiquei estarrecido quando vi a aprovação da proposta que descriminaliza a radiodifusão ilegal e o controle de outorgas. Isso é uma ousadia, uma audácia”, critica.

Representaram o setor empresarial, a Associação Brasileira dos Radiodifusores (Abra), das quais fazem parte a Band e Rede TV!, e Associação Brasileira de Telecomunicações (Telebrasil). Além da ANJ e Abert, a Associação Brasileira de Internet (Abranet), Associação Brasileira de TVs por Assinatura (ABTA), Associação Nacional dos Editores de Revistas (Aner) e a Associação dos Jornais do Interior (Adjori) deixaram a comissão do debate, por criticarem medidas para que para elas poderiam interferir na liberdade de expressão.

A Conferência

A Confecom aconteceu entre os dias 14 e 17/12, em Brasília. Os 1684 delegados, formados pelas sociedades civil, empresarial e pelo Poder Público, aprovaram 672 propostas, dessas, 71 foram a votação, por tratarem de temas divergentes, já as 601 restantes tiveram mais de 80% de aprovação.
Com um orçamento de R$ 8,2 milhões, o encontro reuniu mais de duas mil pessoas de todo o Brasil. A Conferência foi coordenada pela Secretaria-geral da Presidência, a Secretaria de Comunicação e o Ministério das Comunicações, responsáveis pelo orçamento.

Entre as propostas mais polêmicas aprovadas, destacam-se o controle social nas empresas de radiodifusão, a criação de um código de ética para o jornalismo brasileira, conselhos nacionais de jornalismo e comunicação como órgãos fiscalizadores, mais rigor nas outorgas e concessões e diminuição do capital estrangeiro nos meios de comunicação, caindo de 30% para 10% de participação.

As propostas aprovadas não criam automaticamente leis, mas serão compiladas e encaminhadas ao Congresso Nacional e ao Poder Executivo, que analisarão o que pode virar lei ou nortear novas políticas públicas de comunicação.

Portal Comunique-se

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Lula entusiasma, Obama decepciona

"Decepciona" quem espera, ainda, alguma coisa desse estelionatário eleitoral. Tirando o Eduardo Guimarães, acho, nem a Velhinha de Taubaté espera mais nada desse fenômeno publicitário.

Impressionante como Obama conseguiu decepcionar todos, nem os republicanos estão felizes em fazer oposição a um presidente tão fraco e sem rumo. Nesse ponto o parlamentarismo é muito melhor: os democratas com maioria absoluta poderiam escolher outro(a) e nomear Obama embaixador em Honduras.

Críticos elogiam Lula e falam em "decepção" sobre Obama


LÚCIA MÜZELL, do Terra
Direto de Copenhague

Um discursou logo após o outro no plenário da Conferência do Clima de Copenhague, na Dinamarca, mas os resultados das falas dos presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Barack Obama foram diametralmente opostos nos corredores do Bella Center, onde acontece o evento. Enquanto Lula entusiasmou os poucos otimistas que ainda restam no centro de conferências, Obama foi alvo de críticas e decepcionou os que esperavam que ele pudesse mudar o rumo das negociações na reta final.

As diferenças já puderam ser vistas durante os pronunciamentos: Lula teve quatro vezes o discurso interrompido por aplausos, enquanto Obama nenhuma vez - apesar de as palavras do americano serem as mais aguardado de todo o evento. Ao final dos discursos, mais uma vez as palmas enfáticas para o brasileiro se distanciaram dos aplausos meramente protocolares dispensados ao americano.

"O Lula mandou muito bem e abriu a porta para quem sabe as negociações tomarem outro rumo", disse Paulo Adário, um dos coordenadores do Greenpeace Brasil. Adário elogiou a postura de vanguarda que o Brasil assumiu, ao oferecer contribuição financeira para o Fundo Global de Mudanças Climáticas para os países pobres. "A gente sabe que o Brasil não é mais nenhum Haiti e vínhamos cobrando isso há anos do presidente. Ele fez o que a gente esperava dele."

O coordenador da ONG Vitae Civilis, Rubens Harry Born, destacou que a fala improvisada de Lula fez toda a diferença. "Ele foi ele mesmo, falou com o coração e passou uma mensagem muito legal de comprometimento. Acho que essa postura pode ter efeitos nas negociações", afirmou Born.

O francês Fabrice Bourger, membro da delegação do seu país, achou que o país deu um exemplo "sem precedentes" e que o discurso de Lula o aproxima ainda mais dos europeus. "Foi constrangedor para os outros países. Mas, sinceramente, nós não esperávamos outra coisa de Lula", afirmou Bourger. "Ele se destaca de todos os outros líderes com essa posição aberta ao diálogo, sem perder a firmeza e a determinação."

Obama: "mico da história"

Já as palavras em relação a Obama foram bem diferentes. "Arrogante", "estúpido", "burocrático" e autor de um "mico histórico" são apenas algumas das definições empregadas nos corredores da COP-15.

"Uma parte, foi de palavras da boca para a fora (como a frase de que "não se pode mais perder tempo" para salvar planeta). E a outra, um verdadeiro absurdo. Foi um mico histórico", disse Born. Para o coordenador da Vitae Civilis, Obama só reforçou o discurso intransigente que os Estados Unidos vinham defendendo na Cúpula do Clima e não trouxe nenhuma novidade. E ainda usou como desculpa para a falta de ação um argumento que todos os países democráticos poderiam utilizar, se quisessem: o de que não pode fazer nada sem a aprovação prévia do Congresso de seu país.

Adário, do Greenpeace, foi ainda mais duro. "A postura do Obama naquele púlpito foi socialmente arrogante e politicamente estúpida. Não está nem perto de assumir a posição de liderança que as pessoas esperavam dele", afirmou, destacando que as três condições impostas pelo americano para que assine um acordo - transparência, verificação das ações e metas de redução baixas - devem manter as negociações travadas.

Também a ausência de especificações sobre quanto os Estados Unidos estarão dispostos a contribuir para fundo internacional de financiamento decepcionaram. Obama garantiu apenas que o país vai entrar com recursos, mas não detalhou nem quanto, nem quando. Bourger, negociador francês, preferiu não se estender nos comentários, mas não escondeu a decepção. "Acho que os esforços da Europa não foram suficientes para mudar nem um milímetro da posição americana.

Blog O Esquerdopata

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Invasões Americanas no Mundo

Por



Interessante lista que recebi por e-mail listando todas as invasões estadunidentes em países estrangeiros ao longo de sua história. Contei cerca de 90 operações - nem é preciso discutir a legalidade da maioria delas - contra Estados Soberanos.

Em todas o claro Destino Manifesto e a tentativa de levar democracia aos países do mundo. A democracia dos EUA, a única que importa, a que prega a submissão de todos ao Império.

INVASÕES AMERICANAS NO MUNDO

Organizado por Alberto da Silva Jones (professor da UFSC):

Entre as várias INVASÕES das forças armadas dos Estados Unidos fizeram nos séculos XIX, XX e XXI, podemos citar:

1846 - 1848 - MÉXICO - Por causa da anexação, pelos EUA, da República do Texas

1890 - ARGENTINA - Tropas americanas desembarcam em Buenos Aires para defender interesses econômicos americanos.

1891 - CHILE - Fuzileiros Navais esmagam forças rebeldes nacionalistas.

1891 - HAITI - Tropas americanas debelam a revolta de operários negros na ilha de Navassa, reclamada pelos EUA.

1893 - HAWAI - Marinha enviada para suprimir o reinado independente anexar o Hawaí aos EUA.

1894 - NICARÁGUA - Tropas ocupam Bluefields, cidade do mar do Caribe, durante um mês.

1894 - 1895 - CHINA - Marinha, Exército e Fuzileiros desembarcam no país durante a guerra sino-japonesa.

1894 - 1896 - CORÉIA - Tropas permanecem em Seul durante a guerra.

1895 - PANAMÁ - Tropas desembarcam no porto de Corinto, província Colombiana.

1898 - 1900 - CHINA - Tropas dos Estados Unidos ocupam a China durante a Rebelião Boxer.

1898 - 1910 - FILIPINAS - As Filipinas lutam pela independência do país, dominado pelos EUA (Massacres realizados por tropas americanas em Balangica, Samar, Filipinas - 27/09/1901 e Bud Bagsak, Sulu, Filipinas

11/15/1913) - 600.000 filipinos mortos.

1898 - 1902 - CUBA - Tropas sitiaram Cuba durante a guerra hispano-americana.

1898 - Presente - PORTO RICO - Tropas sitiaram Porto Rico na guerra hispano-americana, hoje 'Estado Livre Associado' dos Estados Unidos.

1898 - ILHA DE GUAM - Marinha americana desembarca na ilha e a mantêm como base naval até hoje.

1898 - ESPANHA - Guerra Hispano-Americana - Desencadeada pela misteriosa explosão do encouraçado Maine, em 15 de fevereiro, na Baía de Havana. Esta guerra marca o surgimento dos EUA como potência capitalista e militar mundial.

1898 - NICARÁGUA - Fuzileiros Navais invadem o porto de San Juan del Sur.

1899 - ILHA DE SAMOA - Tropas desembarcam e invadem a Ilha em conseqüência de conflito pela sucessão do trono de Samoa.

1899 - NICARÁGUA - Tropas desembarcam no porto de Bluefields e invadem a Nicarágua (2ª vez).

1901 - 1914 - PANAMÁ - Marinha apóia a revolução quando o Panamá reclamou independência da Colômbia; tropas americanas ocupam o canal em 1901, quando teve início sua construção.

1903 - HONDURAS - Fuzileiros Navais americanos desembarcam em Honduras e intervêm na revolução do povo hondurenho.

1903 - 1904 - REPÚBLICA DOMINICANA - Tropas norte americanas atacaram e invadiram o território dominicano para proteger interesses do capital americano durante a revolução.

1904 - 1905 - CORÉIA - Fuzileiros Navais dos Estados Unidos desembarcaram no território coreano durante a guerra russo-japonesa.

1906 - 1909 - CUBA -Tropas dos Estados Unidos invadem Cuba e lutam contra o povo cubano durante período de eleições.

1907 - NICARÁGUA - Tropas americanas invadem e impõem a criação de um protetorado, sobre o território livre da Nicarágua.

1907 - HONDURAS - Fuzileiros Navais americanos desembarcam e ocupam Honduras durante a guerra de Honduras com a Nicarágua.

1908 - PANAMÁ - Fuzileiros Navais dos Estados Unidos invadem o Panamá durante período de eleições.

1910 - NICARÁGUA - Fuzileiros navais norte americanos desembarcam e invadem pela 3ª vez Bluefields e Corinto, na Nicarágua.

1911 - HONDURAS - Tropas americanas enviadas para proteger interesses americanos durante a guerra civil, invadem Honduras.

1911 - 1941 - CHINA - Forças do exército e marinha dos Estados Unidos invadem mais uma vez a China durante período de lutas internas repetidas.

1912 - CUBA - Tropas americanas invadem Cuba com a desculpa de proteger interesses americanos em Havana.

1912 - PANAMÁ - Fuzileiros navais americanos invadem novamente o Panamá e ocupam o país durante eleições presidenciais.

1912 - HONDURAS - Tropas norte americanas mais uma vez invadem Honduras para proteger interesses do capital americano.

1912 - 1933 - NICARÁGUA - Tropas dos Estados Unidos com a desculpa de combaterem guerrilheiros invadem e ocupam o país durante 20 anos.

1913 - MÉXICO - Fuzileiros da Marinha americana invadem o México com a desculpa de evacuar cidadãos americanos durante a revolução.

1913 - MÉXICO - Durante a Revolução mexicana, os Estados Unidos bloqueiam as fronteiras mexicanas em apoio aos revolucionários.

1914 - 1918 - PRIMEIRA GUERRA MUNDIAL - Os EUA entram no conflito em 6 de abril de 1917 declarando guerra à Alemanha. As perdas americanas chegaram a 114 mil homens.

1914 - REPÚBLICA DOMINICANA - Fuzileiros navais da Marinha dos Estados invadem o solo dominicano e interferem na revolução do povo dominicano em Santo Domingo.

1914 - 1918 - MÉXICO - Marinha e exército dos Estados Unidos invadem o território mexicano e interferem na luta contra nacionalistas.

1915 - 1934 - HAITI- Tropas americanas desembarcam no Haiti, em 28 de julho, e transformam o país numa colônia americana, permanecendo lá durante 19 anos.

1916 - 1924 - REPÚBLICA DOMINICANA - Os EUA invadem e estabelecem um governo militar na República Dominicana, em 29 de novembro, ocupando o país durante oito anos.

1917 - 1933 - CUBA - Tropas americanas desembarcam em Cuba, e transformam o país num protetorado econômico americano, permanecendo essa ocupação por 16 anos.

1918 - 1922 - RÚSSIA - Marinha e tropas americanas enviadas para combater a revolução Bolchevista. O Exército realizou cinco desembarques, sendo derrotado pelos russos em todos eles.

1919 - HONDURAS - Fuzileiros norte americanos desembarcam e invadem mais uma vez o país durante eleições, colocando no poder um governo a seu serviço.

1918 - IUGOSLÁVIA - Tropas dos Estados Unidos invadem a Iugoslávia e intervêm ao lado da Itália contra os sérvios na Dalmácia.

1920 - GUATEMALA - Tropas americanas invadem e ocupam o país durante greve operária do povo da Guatemala.

1922 - TURQUIA - Tropas norte americanas invadem e combatem nacionalistas turcos em Smirna.

1922 - 1927 - CHINA - Marinha e Exército americano mais uma vez invadem a China durante revolta nacionalista.

1924 - 1925 - HONDURAS - Tropas dos Estados Unidos desembarcam e invadem Honduras duas vezes durante eleição nacional.

1925 - PANAMÁ - Tropas americanas invadem o Panamá para debelar greve geral dos trabalhadores panamenhos.

1927 - 1934 - CHINA - Mil fuzileiros americanos desembarcam na China durante a guerra civil local e permanecem durante sete anos, ocupando o território chinês.

1932 - EL SALVADOR - Navios de Guerra dos Estados Unidos são deslocados durante a revolução das Forças do Movimento de Libertação Nacional - FMLN -

comandadas por Marti.

1939 - 1945 - SEGUNDA GUERRA MUNDIAL - Os EUA declaram guerra ao Japão em 8 de dezembro de 1941 e depois a Alemanha e Itália, invadindo o Norte da África, a Ásia e a Europa, culminando com o lançamento das bombas atômicas sobre as cidades desmilitarizadas de Iroshima e Nagasaki.

1946 - IRÃ - Marinha americana ameaça usar artefatos nucleares contra tropas soviéticas caso as mesmas não abandonem a fronteira norte do Irã.

1946 - IUGOSLÁVIA - Presença da marinha americana ameaçando invadir a zona costeira da Iugoslávia em resposta a um avião espião dos Estados Unidos abatido pelos soviéticos.

1947 - 1949 - GRÉCIA - Operação de invasão de Comandos dos EUA garantem vitória da extrema direita nas "eleições" do povo grego.

1947 - VENEZUELA - Em um acordo feito com militares locais, os EUA invadem e derrubam o presidente eleito Rómulo Gallegos, como castigo por ter aumentado o preço do petróleo exportado, colocando um ditador no poder.

1948 - 1949 - CHINA - Fuzileiros americanos invadem pela ultima vez o território chinês para evacuar cidadãos americanos antes da vitória comunista.

1950 - PORTO RICO - Comandos militares dos Estados Unidos ajudam a esmagar a revolução pela independência de Porto Rico, em Ponce.

1951 - 1953 - CORÉIA - Início do conflito entre a República Democrática da Coréia (Norte) e República da Coréia (Sul), na qual cerca de 3 milhões de pessoas morreram. Os Estados Unidos são um dos principais

protagonistas da invasão usando como pano de fundo a recém criada Nações Unidas, ao lado dos sul-coreanos. A guerra termina em julho de 1953 sem vencedores e com dois estados polarizados: comunistas ao norte e um governo pró-americano no sul. Os EUA perderam 33 mil homens e mantém até hoje base militar e aero-naval na Coréia do Sul.

1954 - GUATEMALA - Comandos americanos, sob controle da CIA, derrubam o presidente Arbenz, democraticamente eleito, e impõem uma ditadura militar no país. Jacobo Arbenz havia nacionalizado a empresa United Fruit e impulsionado a Reforma Agrária.

1956 - EGITO - O presidente Nasser nacionaliza o canal de Suez. Tropas americanas se envolvem durante os combates no Canal de Suez sustentados pela Sexta Frota dos EUA. As forças egípcias obrigam a coalizão franco-israelense-britânica, a retirar-se do canal.

1958 - LÍBANO - Forças da Marinha americana invadem apóiam o exército de ocupação do Líbano durante sua guerra civil.

1958 - PANAMÁ - Tropas dos Estados Unidos invadem e combatem manifestantes nacionalistas panamenhos.

1961 - 1975 - VIETNÃ. Aliados ao sul-vietnamitas, o governo americano invade o Vietnã e tenta impedir, sem sucesso, a formação de um estado comunista, unindo o sul e o norte do país. Inicialmente a participação americana se restringe a ajuda econômica e militar (conselheiros e material bélico). Em agosto de 1964, o congresso americano autoriza o presidente a lançar os EUA em guerra. Os Estados Unidos deixam de ser simples consultores do exército do Vietnã do Sul e entram num conflito traumático,

que afetaria toda a política militar dali para frente. A morte de quase 60 mil jovens americanos e a humilhação imposta pela derrota do Sul em 1975, dois anos depois da retirada dos Estados Unidos, moldou a estratégia futura de evitar guerras que impusessem um custo muito alto de vidas americanas e nas quais houvesse inimigos difíceis de derrotar de forma convencional, como os vietcongues e suas táticas de guerrilhas.

1962 - LAOS - Militares americanos invadem e ocupam o Laos durante guerra civil contra guerrilhas do Pathet Lao.

1964 - PANAMÁ - Militares americanos invadiram mais uma vez o Panamá e mataram 20 estudantes, ao reprimirem a manifestação em que os jovens queriam trocar, na zona do canal, a bandeira americana pela bandeira e seu país.

1965 - 1966 - REPÚBLICA DOMINICANA - Trinta mil fuzileiros e pára-quedistas norte americanos desembarcaram na capital do país São Domingo para impedir a nacionalistas panamenhos de chegarem ao poder. A CIA conduz Joaquín Balaguer à presidência, consumando um golpe de estado que depôs o presidente eleito Juan Bosch. O país já fora ocupado pelos americanos de 1916 a 1924.

1966 - 1967 - GUATEMALA - Boinas Verdes e marines americanos invadem o país para combater movimento revolucionário contrario aos interesses econômicos do capital americano.

1969 - 1975 - CAMBOJA - Militares americanos enviados depois que a Guerra do Vietnã invadem e ocupam o Camboja.

1971 - 1975 - LAOS - EUA dirigem a invasão sul-vietnamita bombardeando o território do vizinho Laos, justificando que o país apoiava o povo vietnamita em sua luta contra a invasão americana.

1975 - CAMBOJA - 28 marines americanos são mortos na tentativa de resgatar a tripulação do petroleiro estadunidense Mayaquez.

1980 - IRÃ - Na inauguração do estado islâmico formado pelo Aiatolá Khomeini, estudantes que haviam participado da Revolução Islâmica do Irã ocuparam a embaixada americana em Teerã e fizeram 60 reféns. O governo americano preparou uma operação militar surpresa para executar o resgate, frustrada por tempestades de areia e falhas em equipamentos. Em meio à frustrada operação, oito militares americanos morreram no choque entre um helicóptero e um avião. Os reféns só seriam libertados um ano depois do seqüestro, o que enfraqueceu o então presidente Jimmy Carter e elegeu Ronald Reagan, que conseguiu aprovar o maior orçamento militar em época de paz até então.*

1982 - 1984 - LÍBANO - Os Estados Unidos invadiram o Líbano e se envolveram nos conflitos do Líbano logo após a invasão do país por Israel - e acabaram envolvidos na guerra civil que dividiu o país. Em 1980, os americanos supervisionaram a retirada da Organização pela Libertação da Palestina de Beirute. Na segunda intervenção, 1.800 soldados integraram uma força conjunta de vários países, que deveriam restaurar a ordem após o massacre de refugiados palestinos por libaneses aliados a Israel. O custo para os americanos foi a morte 241 fuzileiros navais, quando os libaneses explodiram um carro bomba perto de um quartel das forças americanas.

1983 - 1984 - ILHA DE GRANADA - Após um bloqueio econômico de quatro anos a CIA coordena esforços que resultam no assassinato do 1º Ministro Maurice Bishop. Seguindo a política de intervenção externa de Ronald Reagan, os Estados Unidos invadiram a ilha caribenha de Granada alegando prestar proteção a 600 estudantes americanos que estavam no país, as tropas eliminaram a influência de Cuba e da União Soviética sobre a política da ilha.

1983 - 1989 - HONDURAS - Tropas americanas enviadas para construir bases em regiões próximas à fronteira, invadem o Honduras

1986 - BOLÍVIA - Exército americano invade o território boliviano na justificativa de auxiliar tropas bolivianas em incursões nas áreas de cocaína.

1989 - ILHAS VIRGENS - Tropas americanas desembarcam e invadem as ilhas durante revolta do povo do país contra o governo pró-americano.

1989 - PANAMÁ - Batizada de Operação Causa Justa, a intervenção americana no Panamá foi provavelmente a maior batida policial de todos os tempos: 27 mil soldados ocuparam a ilha para prender o presidente panamenho, Manuel Noriega, antigo ditador aliado do governo americano. Os Estados Unidos justificaram a operação como sendo fundamental para proteger o Canal do Panamá, defender 35 mil americanos que viviam no país, promover a democracia e interromper o tráfico de drogas, que teria em Noriega seu líder na América Central. O ex-presidente cumpre prisão perpétua nos Estados Unidos.

1990 - LIBÉRIA - Tropas americanas invadem a Libéria justificando a evacuação de estrangeiros durante guerra civil.

1990 - 1991 - IRAQUE - Após a invasão do Iraque ao Kuwait, em 2 de agosto de 1990, os Estados Unidos com o apoio de seus aliados da Otan, decidem impor um embargo econômico ao país, seguido de uma coalizão anti-Iraque (reunindo além dos países europeus membros da Otan, o Egito e outros países árabes) que ganhou o título de "Operação Tempestade no Deserto". As hostilidades começaram em 16 de janeiro de 1991, um dia depois do fim do prazo dado ao Iraque para retirar tropas do Kuwait. Para expulsar as forças iraquianas do Kuwait, o então presidente George Bush destacou mais de 500 mil soldados americanos para a Guerra do Golfo.

1990 - 1991 - ARÁBIA** SAUDITA - Tropas americanas destacadas para ocupar a Arábia Saudita que era base militar na guerra contra Iraque.

1992 - 1994 - SOMÁLIA - Tropas americanas, num total de 25 mil soldados, invadem a Somália como parte de uma missão da ONU para distribuir mantimentos para a população esfomeada. Em dezembro, forças militares norte-americanas (comando Delta e Rangers) chegam a Somália para intervir numa guerra entre as facções do então presidente Ali Mahdi Muhammad e tropas do general rebelde Farah Aidib. Sofrem uma fragorosa derrota militar nas ruas da capital do país.

1993 - IRAQUE -No início do governo Clinton, é lançado um ataque contra instalações militares iraquianas, em retaliação a um suposto atentado, não concretizado, contra o ex-presidente Bush, em visita ao Kuwait.

1994 - 1999 - HAITI - Enviadas pelo presidente Bill Clinton, tropas americanas ocuparam o Haiti na justificativa de devolver o poder ao presidente eleito Jean-Betrand Aristide, derrubado por um golpe, mas o

que a operação visava era evitar que o conflito interno provocasse uma onda de refugiados haitianos nos Estados Unidos.

1996 - 1997 - ZAIRE (EX REPÚBLICA DO CONGO) - Fuzileiros Navais americanos são enviados para invadir a área dos campos de refugiados Hutus onde a revolução congolesa ?Marines evacuam civis? iniciou.

1997 - LIBÉRIA - Tropas dos Estados Unidos invadem a Libéria justificando a necessidade de evacuar estrangeiros durante guerra civil sob fogo dos rebeldes.

1997 - ALBÂNIA - Tropas americanas invadem a Albânia para evacuarem estrangeiros.

2000 - COLÔMBIA - Marines e "assessores especiais" dos EUA iniciam o Plano Colômbia, que inclui o bombardeamento da floresta com um fungo transgênico fusarium axyporum (o "gás verde").

2001 - AFEGANISTÃO - Os EUA bombardeiam várias cidades afegãs, em resposta ao ataque terrorista ao World Trade Center em 11 de setembro de 2001. Invadem depois o Afeganistão onde estão até hoje.

2003 - IRAQUE - Sob a alegação de Saddam Hussein esconder armas de destruição e financiar terroristas, os EUA iniciam intensos ataques ao Iraque. É batizada pelos EUA de "Operação Liberdade do Iraque" e por Saddam de "A Última Batalha", a guerra começa com o apoio apenas da Grã-Bretanha, sem o endosso da ONU e sob protestos de manifestantes e de governos no mundo inteiro. As forças invasoras americanas até hoje estão no território iraquiano, onde a violência aumentou mais do que nunca.

Na América Latina, África e Ásia, os Estados Unidos invadiam países ou para depor governos democraticamente eleitos pelo povo, ou para dar apoio a ditaduras criadas e montadas pelos Estados Unidos, tudo em nome da "democracia" (deles).

Fonte:  Blog do Tsavkko 

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