Artista se veste de Geisy e faz performance na Uniban
C., de 25 anos, estava morando na Europa quando soube do caso e veio ao Brasil protestar
O campus da Uniban em São Bernardo do Campo (aquele onde a estudante Geisy Arruda foi hostilizada pelos colegas por vestir um curto vestido rosa), foi alvo de uma performance de protesto na última quinta-feira (26). O responsável é o artista plástico C., de 25 anos, que além de permanecer anônimo, pediu para ser identificado como alguém “revoltado com a educação no Brasil”. Ele tomou conhecimento do caso quando estava em Berlim, onde vive e estuda, e aproveitou a vinda ao País para protestar.
A manifestação ocorreu na quinta-feira (26), durante o intervalo das aulas do período noturno. Segundo o artista as reações foram as mais diversas. Houve desde alunos que o procuraram para dizer que se tratava de uma atitude válida, até um grupo de rapazes que, à distância, ameaçava “arrancar o brinco daquela franga”. O relato é de um parceiro do intervencionista, que captava o áudio do ambiente. A proposta é transformar o ato num videoarte contra a educação. “A câmera reprimiu esses efeitos”, diz C.
Ainda segundo relatos, a maior parte dos alunos não entendeu do que se tratava e ficou na dúvida se era piada ou protesto. Além de deboche, assobios e risos contidos, pode-se ouvir alguns gritos de “puta”, como no dia em que Geisy foi hostilizada. “Mas dá para ver como eles amansaram depois da mídia ter tratado os alunos como animais”, afirma o artista.
A proposta de C. é sensibilizar os estudantes para um debate que, segundo avalia, não existiu. “O que importa é discutir por que, no ambiente acadêmico, onde a liberdade é apresentada, as pessoas são intolerantes”. Segundo ele, isso é fruto da falta de um ensino superior público de qualidade no País. O que, somado a uma demanda maior por parte da nova classe média brasileira, favorece a mercantilização do estudo.
O fim do protesto teve um quê de prosaico. O videoartista e a equipe de apoio foram interpelados pelo segurança que, amigavelmente, os convidou a se retirarem do campus. Eles foram informados de que era proibido filmar sem autorização. Eles se foram, de forma pacífica. O artista não precisou nem de jaleco branco, nem de escolta policial.
Fonte: Revista Época / São Paulo
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